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Skechers GobionicTrail
Há uns anos atrás acreditava que as únicas inovações dos tênis de corrida seriam trocar as cores, porém para minha sorte, percebi que depois do livro “Nascidos para correr” o movimento de “simplificar” os tênis tomou muito mais forma e isso só vem me surpreendendo.
Recebi da Skechers, marca americana de calçados, o modelo da linha Gobionic Trail. Já testei e deixo aqui minha opinião.
O que me chamou atenção ao tirar da caixa:
- É bem leve para um tênis de trilha;
- O solado e fôrma mais largos, o que faz ter mais área de contato e distribuir melhor o peso;
- 2 em 1, é possível correr com a palmilha e ter 4mm de drop ou também sem ela para ter drop 0mm. (drop é a diferença de altura entre o calcanhar e o ante pé);
- O solado favorece a pisada com o meio do pé, ou pé inteiro, não existe a parte côncava no meio da sola e isso ainda favorece a aderência;
- Os cravos tem ranhuras multidirecionais.
O que me deixou preocupado:
- Se tivesse mais cravos aumentaria a durabilidade da sola.
Ao correr:
Corri numa trilha por 3 horas logo na estreia, não é preciso amaciar, passei por chão batido, pedras soltas e lama. Me senti muito bem com ele e a todo instante fazia comparações com meu outro tênis de trilha, mais reforçado, pensando nas características que me fazem gostar dele, e não senti diferenças consideráveis, a não ser pela leveza, 227gr. que se torna um ponto muito positivo numa prova longa. Não peguei chuva nem passei por mata fechada ou areia neste teste. Esses primeiros 30km me encantaram! O solado mostrou um pequeno sinal de desgaste nas ranhuras, mas ainda é cedo para falar sobre durabilidade, depois de uma ou duas centenas de kms volto a escrever sobre ele.
Para quem pretende começar a mudar a técnica e passar a aterrizar usando o meio e a frente do pé, esse é uma boa pedida e vale entrar na lista de comparações.
Nunca havia usado um tênis dessa marca, a primeira impressão foi ótima e usá-lo nas trilhas melhor ainda! Certamente usaria em provas importantes no meu calendário, por ser leve, confortável para meu pé, ter drop baixo mas não ter a sola dura, ser bonito e trilheiro.
Depois dos 100km de corrida:
Minha única decepção foi o rápido desgaste da sola, ela ainda vai durar, mas com 100km queria que ainda estivesse com cara de nova, tá certo que usei em trilhas difíceis, mas ele continua muito confortável no meu pé por ter a fôrma larga e sem deformações. Usei nas seguintes provas até agora:
- 80km Fiambala Desert Trail – Argentina 05/2014 (Leia o texto) corrida toda por areia, esse é o melhor terreno para esse modelo, por ter grande área de contato com o solo não te deixa afundar demais e perder energia.
- 30km Kailash Trail Run – MG 03/2014 (Leia o texto) corrida mais técnica que já fiz, duríssima, e o tênis se saiu bem.
Depois dos 300km de corrida: Está por vir…
Enzo Amato
K42 Bombinhas
5° Vila do Farol K42 Bombinhas
Números oficiais
Total de 1000 atletas, sendo:
- 953 brasileiros
- 47 estrangeiros ( Argentina, Chile, França, Itália, Peru, Uruguai)
Estados representados
- 340 Paraná
- 234 São Paulo
- 165 Santa Catarina
- 80 Rio de Janeiro
- 54 Rio Grande do Sul
- 80 divididos entre (Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Piauí).
Tenho certeza que será uma grande festa regado a muito desafio físico e lindas paisagens. Veja o site da prova!
Aguarde as novidades, vou gravar e contar como foi.
Enzo Amato.
Corridas em trilha ainda para 2013
Algumas provas em trilha para quem ainda tem calendário livre para o segundo semestre de 2013.
K42 Bombinhas – SC – 17 de agosto 2013. 12 e 42km Considerada a mais bela e desafiadora maratona brasileira.
Mountain Do Canela – RS – 14 de setembro 2013. 9 e 18km.
Patagonian International Marathon – Puerto Natales – Chile – 28 de setembro 2013. 10, 21, 42 e 63km.
Mountain Do Campos do Jordão – SP – 26 de outubro 2013. 4, 9 e 18km.
Endurance Challenge Argentina – Bariloche – 09 de novembro 2013. 10, 21, 50 e 80km.
Corridas em trilha
Há muito tempo fui fisgado pelo diferente mundo das corridas em trilha, são provas únicas onde apenas um ponto em comum as definem, o contato com a natureza. No início dos anos 2000 participei da maratona trilheira em Ribeirão Pires, cidade do grande ABC, era uma prova de 42km, que depois passou para 35, 26km até virar meia maratona, com 21km, deixando a prova mais abrangente para novos corredores. Não sei se a prova ainda existe, mas lembro bem da sensação de interação com a natureza e de que tudo era bem diferente das provas de asfalto que eu conhecia, como ritmo variável, sons, cansaço, umidade, lama… tudo era diferente do que eu entendia como corrida. De um tempo pra cá muitas provas de trilha surgiram, ou passaram a ser mais divulgadas pelos meios, as organizações estão cada vez mais especializadas em oferecer boas experiências, mesmo que isso seja sinônimo de dificultar cada vez mais os percursos, mas enfim.
Deixo algumas provas que já fiz dentro da minha curta experiência nessa vertente da corrida que só cresce.
El Cruce. Da Argentina ao Chile em 3 dias, totalizando 100km com trechos demarcados para cada dia. Você só precisa estar treinado, a organização é perfeita e o preço alto da inscrição vale cada centavo. Já inclui alimentação e barraca. Fiz em 2010 e o percurso muda a cada ano.
Ultra Maratón de los Andes no Chile. Parte do circuito Endurance Challenge, tem 10, 21, 50 e 80km. Em 2010 fiz a maior distância que larga do subúrbio de Santiago e logo entra na trilha, a organização muito boa, preço justo e facilidade nos voos etc…
Mountain Do Costão do Santinho. Era revezamento e passou a ser individual em 2013, com 8, 22 e 42km, percurso variado, ora rápido ora travado, destaque para a organização que pensa em tudo.
Mountain Do Atacama. Organização surpreendente, mesmo longe de casa os caras mandam bem demais e a experiência de correr no deserto do Atacama, seja você iniciante ou não, é demais, outro mundo. 6, 23 ou 42km. Em 2013 foi a segunda edição da prova que atinge o limite de inscritos bem cedo.
Desafio Praias e Trilhas. Foi minha primeira prova realmente longa, em 2005 eu e cerca de 100 corredores fizemos 84km em dois dias atravessando Florianópolis do sul até o norte da ilha sempre por praias ou trilhas, visual incrível. Atualmente a prova é realizada a cada 2 anos e conta pontos para a Ultra Trail du Mont Blanc.
K42 Bombinhas – SC – 17 de agosto 2013. 12 e 42km Considerada a mais bela e desafiadora maratona brasileira.
Patagonian International Marathon – Puerto Natales – Chile – em setembro. 10, 21, 42 e 63km. Um dos lugares mais bonitos do mundo, corrida dentro do parque nacional Torres del Paine com paisagens de tirar o fôlego.
Endurance Challenge Argentina – Bariloche – Argentina, em novembro. 10, 21, 50 e 80km.
Assita outros vídeos feitos em 2013.
Enzo Amato
Ultra Maratón de Los Andes, como foi. (parte 3)
Leia como foi a parte 1 e parte 2
Final de prova, 4:45 da tarde, a Paula e a amiga dela Laura, que mora em Santiago, me esperaram por 3 horas e mesmo assim estavam de bom humor na hora que cheguei, fiz uma massagem rápida, tomei alguns copos d’água e seguimos de carro para a casa da Laura onde passaríamos a última noite. Não reparei em quase nada quando entrei, mas logo vi que era um sobrado e que eu teria que subir e descer escadas, rs. Eu estava sujo, cansado, com sono, os pés doloridos e a fome chegaria em breve. Os dias antes da prova foram de frio, mas depois o calor predominou, tomei um banho caprichado, na velocidade que conseguia me movimentar. Minha mente já sabia que a prova havia terminado e meu corpo só queria trabalhar para a própria recuperação sem mais esforço físico, mas eu tinha que descer as escadas para comer, os dois joelhos doiam e a parte anterior das coxas mais ainda, desci apoiado onde podia, comi um belo prato de macarrão e dois hamburgueres enormes, nunca vi um desses aqui no Brasil. Era mais ou menos 6 da tarde quando fui dormir, pedindo para que me acordassem para o jantar, pois o irmão da Laura faria um churrasco típico argentino, apesar de estarmos no Chile, todos alí eram argentinos.
A Paula tentou me acordar a noite, mas disse que eu respondia como bêbado e nem me mexia, só acordei as 10 da manhã, ou seja, dormi 16 horas seguidas, acordei com muita dor nas pernas, era o início da dor muscular tardia, aquela dor que surge normalmente um dia depois de um esforço a que não se está acostumado. Ao contrário do que muita gente pensa o correto nessa situação é não alongar, e apenas esperar a dor passar, pois as fibras musculares sofrem micro lesões, decorrente do esforço físico, e normal depois de um treino bem feito ou competições, e o alongamento das fibras aumentam as micro lesões retardando ainda mais a recuperação. Acordei com bastante fome e fiz um café da manhã duas vezes maior do que o normal. Duas horas depois almoçei.
Arrumamos as malas e fomos para o aeroporto pegar o voo para Mendoza, é um voo de 40 minutos que cruza a cordilheira, o céu estava limpo, a vista era espetacular, hipnotizante, e tinha um sentido diferente para quem havia acabado de correr por lá e conhecia, pelo menos uma pequena parte, a fundo como eu conhecia.
Passamos o domingo em Mendoza e na segunda pela manhã seguimos de carro para San Juan, onde mora toda família da Paula, íamos para o casamento da prima dela no sábado e me animava a idéia de descansar a semana toda. Domingo e segunda caminhava lentamente e com muita dificuldade, sentar na cadeira era um esforço extremo, mas sentia que a cada dia a dor ficava menor. Não comi tanto quanto imaginava que comeria, abusei em algumas coisas, mas não sentia tanta fome. Na terça já caminhava melhor e fui convidado para um passeio irrecusável no dia seguinte, pedalar de mountain bike por trilhas na paisagem árida de San Juan, capital argentina do ciclismo. Estava com muito receio de que se voltasse a fazer esforço físico sentiria alguma dor que limitasse meu passeio e estragasse o treino de todo o grupo, porque não fazia a mínima idéia de como voltar pra casa sozinho.
Acordei na quarta com pouca dor, caminhava com naturalidade, mas não conseguia me agachar. Puxo a orelha dos meus alunos que querem retornar logo aos treinos depois de um desafio ou competição forte, não é porque os músculos não doem que os ligamentos, tendões e ossos estão recuperados. Você pode conseguir treinar normalmente no início, mas sentir um urso subir nas costas em pouco tempo ou pior, se lesionar.
Em boa parte das cidades argentinas se faz a siesta e é nessa hora que os treinos são agendados. Almoçei, e as 2 da tarde me encontrei com um pequeno grupo, seguimos até um posto de gasolina e lá éramos por volta de 40 pessoas com suas mountain bikes e muito protetor solar porque estava 32° e na trilha não existe sombra. Pedalamos por uns 30km em 1h30min, foi um pedal tranquilo, pois a maioria tinha uma prova no fim de semana e por isso pedalaram leve. Estava cansado, mas sem nenhuma dor e o visual valeu a pena. As 4 da tarde estávamos de volta e o pessoal da cidade volta a trabalhar.
O resto da semana foi tranquilo, sinto que ainda não posso correr, e nem quero, vou esperar pelo menos mais uma semana para correr outra vez e ainda assim, sem objetivos de performance, quero “férias” para em Janeiro voltar, com vontade, para o objetivo principal do ano que é o Ironman em Maio.
Ultra Maratón de Los Andes, como foi. (parte 1)
Finalmente!!!
Depois de muito esperar e treinar, chegou a hora. Partimos para Santiago dia 14 pela manhã e na hora do almoço já estávamos instalados num hostel (tipo albergue da juventude) num bairro muito charmoso, chamado Providencia. A opção de ficarmos num hostel partiu da Paula, minha namorada. Apesar de ser muito mais simples que um hotel, tínhamos uma cozinha a disposição, que às vésperas de uma corrida que exige alimentação especial, veio bem a calhar.
Santiago é uma cidade muito bonita e certamente quero voltar para aproveitar mais, comer peixes do pacífico e fazer passeios de turista, já que desta vez tivemos que abrir mão.
Essa prova é muito particular em diversos sentidos, como a largada era as 2 da manhã, sabia que tinha que dormir no meio da tarde para acordar renovado no início da noite, jantar e ir para a corrida, mas lógico que não foi bem assim que aconteceu. Acordamos na sexta de manhã e saímos para passear um pouco, pois não queria ficar no quarto o dia todo. Para mim já era o dia da prova e estava todo meticuloso com os horários de comer e principalmente reparando onde ia comer, são coisas que não damos valor quando estamos perto de casa, mas em outro país e no dia de uma corrida extrema se torna um ponto chave, mas enfim fizemos um lanchinho no meio da manhã e almoçamos com a amiga da Paula, meu cardápio dos últimos dois dias era macarrão. Depois disso caminhamos meia hora de volta ao hostel, para minha “noite” de descanso. Consegui dormir das 16 às 18 horas e a partir daí já comecei a arrumar a mochila e alimentação para a prova. Preparei o jantar no hostel, meio pacote de macarrão com molho pronto, uma delícia. Enquanto cozinhava preparei os sanduiches que levaria na corrida, uns de queijo branco, outros de geléia, tinha também umas castanhas do Pará e só, o resto ia pegar nos postos de hidratação. Nesse momento percebi que estava ansioso porque vi que me faltavam as batatas cozidas que queria levar na mochila, esqueci de comprar no mercado e só lembrei quando fazia os lanches, nesse ponto parti para o plano B, a Paula foi ao mercado comprar mais pão porque a essa hora já não daria tempo de cozinhar as batatas e lá estava eu com quase 1kg de pão porque cada um pesava quase 100gr. No final das contas tinha comida suficiente e não me preocupei por isso.
As 22 horas a amiga da Paula foi nos buscar no hostel e 40 minutos depois estávamos no local de largada, perto da montanha num bairro afastado e muito exclusivo de Santiago, fazia muito frio naquela noite e o vento ajudava a baixar a sensação térmica. Faltava muito tempo para a largada e eu não queria sair do carro para me arrumar, mas logo me despedi da Paula e da Laura e a partir desse momento o tempo passou muito rápido, praticamente não matei tempo, fiquei me arrumando, depois arrumei a sacola que me entregariam no km 33 da prova, nessa sacola deixei a maioria dos lanches, protetor solar, óculos de sol e papel higiênico, pois nunca se sabe. Essa sacola seria mais usada para eu deixar coisas, pois nesse ponto o dia já estaria claro e não precisaria mais de lanterna e do corta vento.
Pouco antes da largada o Leonardo de BH se apresentou, pois viu minha bandeira do Brasil na mochila, com pouco tempo de conversa percebi que ele faria uma ótima prova e assim o fez.
Ouvimos os últimos detalhes do organizador, lanternas de cabeça ligadas, nada mais a fazer ou esquecer, e pontualmente as 2 horas, nós, os 72 homens e 6 mulheres, largamos.
O que rolou na corrida conto no texto 2.