O MEU IRONMAN 2013!!!

Sentido, vivido e escrito por Eduardo Giovannetti Pereira dos Anjos

Inesquecível e comovente…

Olá pessoal que lê essa crônica escrita especialmente pro Blog do Amato.

Vou tentar descrever aqui com o máximo de detalhes minha prova no Ironman Brasil 2013.

Prova que será pra sempre inesquecível por ter sido o meu PRIMEIRO Ironman. O eterno primeiro Ironman, que nunca mais haverá outro. A mais espetacular prova esportiva que tive o prazer de participar. Uma prova que começara muitos anos antes, tamanha a dedicação para ela. Estou muito feliz em entrar para esse seleto grupo de seres humanos a encararem um desafio desse tamanho.

Para quem não me conhece, me considero atleta desde os meus 7 anos de idade, quando comecei nas competições. Pratiquei natação, judô, voleibol, handebol e triatlo, esporte que me dedico desde 2009. Com o triatlo, retomei os treinos de natação, fui atrás de uma bike de corrida e intensifiquei os treinos na academia, junto com a corrida, que nunca deixei de praticar. De short triatlo em short triatlo, ouvindo as histórias e sendo “pilhado” pelo Irio e pelo Eloi na academia, entendi que era a hora de encarar provas mais longas que me motivariam a conhecer novas sensações.

Em 2012, treinei para disputar o Long Distance de Pirassununga, na distância Meio Ironman (1.9km/ 90km/ 21.1km). Tinha um receio grande, principalmente na etapa de corrida, pois 1 ano antes havia sentido e descoberto uma lesão degenerativa na cartilagem do quadril (labrum acetabular), oriunda dos 17 anos ininterruptos de voleibol. “Descobri” essa lesão ao participar da Meia Maratona de Florianópolis em junho de 2011, logo na primeira meia maratona que decidi participar. Senti uma dor muito forte com 17km de prova e terminei andando essa meia maratona.

O medo era grande! Fui atrás de especialistas (ortopedista, fisioterapeuta) e de métodos de reforço e recuperação sem a necessidade de cirurgia (yoga, pilates, musculação) para que eu conseguisse um diagnóstico animador e uma sobrevida no esporte. Por orientação de meu ortopedista, passei a tomar diariamente remédios homeopáticos que auxiliam no fortalecimento das cartilagens. Fiz 3 ressonâncias magnéticas em 1 ano e meio para acompanhar a lesão e, para minha alegria, em janeiro desse ano eu recebi o sinal verde de meu médico para prosseguir na busca do meu sonho. Era uma lesão controlada, sem volta, mas que naquela altura não avançava.

O desejo de participar de um Ironman ganhou mais força ainda e, em 2012, fui assistir à prova para acompanhar meu amigo Léo Coriteac. Junto com outros amigos, embarcamos para presenciar o tão famoso “dia mágico” em Floripa. No final de maio de 2012, lá estava eu novamente em Floripa, pra assistir a prova. A largada, como todos sabem, é emocionante, de fazer chorar mesmo quem tenha coração de gelo…No decorrer do dia, vendo toda aquela atividade esportiva e, certo que o pessoal do Enzo estava bem, decidi correr a 1ª volta de 21km da maratona, acompanhando o Léo. Isso sem treinar pra Meia Maratona e muito menos sem me alimentar direito ao longo do dia… mas eu precisava fazer aquilo…eu precisava pôr um ponto final na minha dúvida se seria capaz ou não de correr mais que 20km. E isso tudo, menos de 1 ano depois de descobrir a lesão.

Corri os 21km mais loucos da minha (ainda) curta experiência em provas longas. Fui pelo meio dos carros, sem a proteção dos cones, tinha que explicar a toda hora para os árbitros do Iron que não estava acompanhando ninguém, só queria conhecer o percurso pois estaria ali no ano seguinte, com um nº de peito. Encarei as subidas do caminho pra Canasvieiras e na volta em Jurerê Internacional, nada doeu! Pronto, sentia-me pronto pra inscrição uma semana depois! Sim, porque é preciso preparar-se para a inscrição também. Bom, como nosso amigo Rafa Dutra sempre diz, a preparação para um Ironman começa um ano antes, no momento da inscrição. Reservei sala de reunião e tudo no escritório só para ter a certeza de que nada me atrapalharia às 11h do dia 01/06/12. Mas o computador dessa sala estava quebrado!!! Corri de volta pra minha mesa e, tenso, fiquei esperando o horário. Meus amigos Luciano Capas, Isaac Razzante, José Renato Ferreira, Léo Coriteac (novamente) e eu ficamos muito felizes quando garantimos a inscrição, já que ela evaporaria em menos de 20 minutos. No final deu tudo certo e estávamos dentro! O IMBR já tinha começado…

Bom, passada a euforia de estar dentro da prova, era hora de pôr os pés no chão e começar a traçar o planejamento para o dia 26/05/13. Isso incluiria, ao menos, participar do Long Distance de Pirassununga, já comentado aqui, em que passei a treinar por conta própria, ainda sem a supervisão direta do Enzo. Para o Iron, eu tinha certeza que confiaria minha preparação a ele, mas quis experimentar sensações individuais para o Long Distance. Para essa prova, treinamos muito sob as condições de calor, muita umidade, tudo para tentar reproduzir as condições encontradas em Pirassununga. Porém, qual não foi a surpresa quando vimos na previsão do tempo que seria um fim de semana de muita chuva?? De fato, choveu muito o dia inteiro. A prova correu bem até a etapa de ciclismo, saí da água com 35min, fiz os 90km de bike em 2h59, totalmente dentro do planejado para mim. Já eram transcorridas 3h43 de prova e “só” faltavam os 21km. Quando coloquei os pés no chão, vi que seriam duros. Logo ao começar a correr, minhas pernas ameaçaram sentir cãibras. Logo no 1º km já não estava confortável. Dali pra frente foi uma tortura. Andei a maior parte do tempo, sofri muito com dores e terminei a prova com 6h17, sendo 2h33 nos 21km…

Aprendi que não se força na prova se não se forçou no treino e, principalmente, o corpo precisa de calorias (MUITAS) em provas com mais de 90 min de duração.

Já em janeiro de 2013, começamos oficialmente a preparação sob os cuidados do Enzo. De treino em treino, todos os finais de semana nesse período, fomos ficando calejados, confiantes e preparados para o Ironman. No meu caso, os medos e fantasmas, tão falados durante nossos encontros semanais com o Rafa, voltaram a surgir. Principalmente após as fortes dores que senti nos treinos longos de corrida (com mais de 28km). Percebi que essas dores vinham após treinos longos de bike no dia anterior. Decidi seguir o conselho do Charles Dellanoce Pereira, meu bike fitter, mas antes de tudo meu amigo e um dos meus maiores conselheiros para Ironman. Ele mesmo triatleta, com 4 participações em Floripa. Procurei uma clínica de fisioterapia que faz palmilhas esportivas e fiz um par para colocar nas minhas sapatilhas. Pronto!! O problema das dores na corrida se foi! Estava pronto pro Iron!!

As semanas prévias da prova foram tranquilas para mim. Não sou um cara ansioso e com as coisas “pegando fogo” no trabalho, mal tinha tempo de ficar imaginando coisas e coisas do Iron. E o Rafa e o Enzo sempre por perto para nos frear em caso de medo e para nos orientar em caso de dúvidas.

De férias, conseguimos chegar a Floripa na quarta-feira, dia 22/05. A ideia era estarmos prontos para o treino da quinta-feira, o famoso treino de natação. Chegamos antes Léo, Isaac e eu. Fizemos o treino e a confiança só aumentou, embora a correnteza estivesse tão forte do sul pro norte que fez muita gente sair em frente ao P12, 600m longe da largada (né Isaac e Leo?)…haha. Durante os dias em Floripa o clima era tranquilo. O hotel ainda vazio ia se enchendo com a chegada de outros atletas e familiares. As nossas famílias também foram chegando entre quinta, sexta e, no sábado, o movimento já era grande. Pronto! A atmosfera estava definida! Tudo fazia lembrar o Ironman. O hotel, as ruas, a Expo respiravam a prova. Na sexta ainda fomos ao congresso técnico e, à noite ao jantar de massas. Lá tivemos a oportunidade de tirarmos foto com uma lenda viva das distâncias Ironman: Mark Allen, 6 vezes vencedor da prova em Big Island!!! Simpático e muito paciente, tamanha era a quantidade de pessoas querendo um momento ao lado dele.

A véspera foi só descansar e comer muito para estocar o máximo de energia possível no corpo. Fiz a lição de casa muito bem feita (como quem estava comigo pôde perceber, tamanha quantidade de comida que consumi…haha). Era hora do encontro com o Rafa e com o Enzo, e depois bike check-in. O encontro em Floripa foi importante, para todos darem suas opiniões e pude dividir que, àquela altura, já me sentia um Ironman!! Não importasse o que ocorreria no domingo, ser um Ironman não é “somente” a prova em si, mas todo o comportamento e estilo de vida até aquele momento. Estilo que seguirá enraizado em mim pra sempre!

Parceiros de treino, de prova, treinador e psicólogo momentos antes da largada. Da esq. Zé, Enzo de vermelho, Luciano, Witney, Edu (eu), Piru, Gustavo, Isaac, Léo, Ale e Rafa.

No domingo, dia 26/05, acordei dentro do planejado. Dormira muito bem, estava descansado e confiante! Peguei as sacolas que não haviam sido deixadas no check-in e fomos pra Jurerê. O clima era fenomenal! Todos ali envolvidos e eu me sentia uma grande estrela, tamanha a quantidade de flashes e gritos chamando nossos nomes. Muito legal o envolvimento de nossos familiares e amigos!

Fomos para a largada e fizemos as últimas fotos com o pessoal do MídiaSport, sempre muito prestativos. Ao entrar no “curral” de largada, sabíamos que o GRANDE momento havia chegado!!! Eu esperava muito por esse momento, não pela ansiedade, mas para colocar em prova tudo o que treinei e também por ter a chance de curtir muito o dia! Um dia mágico, num lugar mágico!

Às 7:00 em ponto, o tiro de canhão e a largada foi dada!!

Calmamente comecei a encaixar meu ritmo na natação, procurando sempre me manter sozinho, sem tumulto. Consegui manter isso por toda a natação. Nada deu errado, graças a Deus! Cheguei à primeira boia com menos de 19min (um tempo muito bom pra mim!) e visualizei a referência para voltar à praia. Confesso que fiquei alguns segundos admirando a multidão na praia, iluminada pelo belo sol daquela manhã…Inesquecível!!! Essa primeira volta consistia de cerca de 2200m, com retorno na praia.

Na praia, consegui ver a Nathalia e minha sogra, gritando meu nome. Parei, dei as mãos a elas e captei mais energia ainda para prosseguir. Não consegui ver meus pais, porque passei correndo pela área em que eles estavam…Mas tudo bem, sabia que eles estavam ali torcendo! A 2ª volta da natação foi bem tranquila também, com os atletas mais espalhados. Cheguei na areia novamente com 1:15:32 e iniciei a T1 bem calmo, com o auxílio dos staffs retirei minha roupa de borracha e corri pelo caminho até a tenda, ouvindo gritos e reconhecendo várias pessoas na torcida. Vi ainda mais a complexidade da prova na T1…São realmente muito itens para pegar, guardar na sacola e sair pra etapa de ciclismo com a certeza de que nada necessário foi deixado pra trás. Levei 14 minutos nessa T1, mas parecia menos. O tempo passa voando lá dentro!

A bike começou com muita empolgação. Ouvir os gritos da galera na Av. Búzios é contagiante! Nem parece que vem pela frente só 180km…Afff…

Saí e logo avistei o Irio alguns metros à minha frente. Tinha conversado com ele na T1 e imaginava que estaríamos próximos. Como ele era o cara mais experiente do nosso grupo de treinos, pensei “vou com ele até onde eu aguentar…quando ele forçar, eu forço…quando ele for de boa, eu também faço isso”. Mas o homem pedala muito, sumiu e eu não consegui reagir. Pensei, “deixa quieto que eu tô bem”.

A 1ª volta de 90km fiz muito bem! Fiz com média de 30,9 km/h, o que pra mim é excelente. Aí no retorno, parei pra dar um beijinho na minha família, alongar um pouco o pescoço e as costas e conversar com o Luciano, já que estávamos juntos (nos avistamos um pouco antes de terminar a 1ª volta). Forneci umas cápsulas de sal para ele e continuamos.

A 2ª volta, lembrando o que o Tatá e o Enzo nos disseram, realmente é diferente. Muito calor, muito vento e o cansaço começa a pegar. Segundo o Du Coimbra, “é agora que a prova começa”. Sendo assim, resolvi ir mais devagar, me poupando quando tinha vento contrário para sair bem na maratona. Ficou ainda mais difícil quando passei pelo túnel a caminho do aeroporto e vi uma fumaceira danada dentro do túnel. Lá dentro estava muito difícil respirar, pessoas da organização pedindo para passarmos logo e tentar respirar o mínimo possível. Realmente era um produto que ardia muito as vias respiratórias. Na saída do túnel, vi que um mendigo estava sendo preso e “interrogado” por policiais militares. Aí ouvi que esse homem havia jogado fibra de carbono na circulação de ar do túnel…Tem gente realmente que não possui espírito nenhum de ajudar. Mas a organização agiu rápido, junto à PM e resolveu esse incidente muito bem.

Na etapa de ciclismo, fiz a parte principal de minha nutrição. Tudo deu certo!!! Parei inclusive no km 160 para comer um lanche, pois estava com muita fome. Após 6:21:09, cheguei para correr a maratona com as pernas bem cansadas. Mas os 11 minutos de T2 foram mais que suficientes para voltar a me sentir bem.

Saí para correr sem estar travado, sem iminência de cãibras e com muita alegria por estar lá! Afinal, a corrida é a etapa mais interativa da prova! Muita energia é captada do público e vice-versa. Sensacional!!!

Já conhecia a 1ª volta, da experiência no ano interior, ao lado do Léo. Tinha como meta fazer esses 21km em 2h20 para estar descansado nos últimos 21km, mas estava tão bem, tão feliz que demorei 4km para encaixar o ritmo do treino (cerca de 6:20/km). Feito isso, fui indo, km a km pelas ruas de Floripa.

Ao passar em frente ao hotel em que estávamos hospedados, fui recebido com festa pelas famílias dos meus amigos, Isaac, Luciano e Léo. Estavam lá suas esposas (Tati, Angela e Bianca) e filhos que me deram muita força! Terminei a minha primeira volta com ritmo de 6:08/km e encontrei o Witney, já iniciando a 2ª volta de 10,5km dele, ou seja, nos finalmente…

Ele me confidenciou que se sentia cansado, que eu poderia prosseguir minha prova, mas decidi ir ao lado dele e aproveitar a oportunidade de correr ao lado de um grande companheiro. Além de ajudá-lo a manter um bom ritmo, ele me ajudaria a frear o ímpeto de continuar forte e “quebrar” na última volta. Não era isso que queria. Mas o devagar do Witney é um ritmo muito bom, então fizemos muito bem essa volta de 10,5 em que eu pegaria minha segunda pulseira e o Witney encerraria sua prova. Belo tempo, 11h30 não é pra qualquer um!!

Os destaques dessa 1ª volta de 10,5km foram o Alê Gaziola correndo ao nosso lado por uns 500m, participando ativamente da nossa prova, assim como fez por toda a preparação pro Iron. 2014 é o seu ano Alê, tenho certeza disso e estarei lá torcendo para você! e o outro destaque é como o Witney é galã….rsrsrs…o que teve de mulher gritando “GO WITNEY, GO!!!” não é brincadeira não!!! Mas o homem é muito sério e manteve o foco!! hahaha…

Bom, agora era minha última volta e eu estava com a “faca nos dentes”…rsrs…Faltavam “só” 10,5km. Molezinha certo Rafa?? rsrs. Como me sentia bem, estava tudo em ordem com a alimentação e com as pernas, decidi aumentar novamente o ritmo. À medida que os kms iam passando, a ansiedade aumentava (confesso que só fiquei ansioso durante essa parte da prova), pois queria ver o pórtico iluminado e queria muito ouvir meu nome sendo anunciado como o mais novo “IRONMAN”!

Quando finalmente virei novamente na Av. Búzios para a reta final, o Enzo e o Tatá estavam ao meu lado e ouvi do Tatá “tudo isso é vontade terminar?? Tá voando pô!”…Realmente estava Tatá…e sim, era vontade de abraçar a família e coroar toda a jornada iniciada meses antes com a passagem pelo pórtico.

Nesses kms finais, ouvia gritos, aplausos, tapinhas nas costas e o sorrisão no rosto não conseguia mais desmanchar…Arrepiado, entrei no funil de pessoas e logo avistei minha Mãe, Luci, e minha namorada Nathalia. Ainda consegui avistar meu Pai, Francisco na arquibancada, com um sorrisão enorme no rosto! Dei as mãos a elas e corremos até o momento esperado por TODOS os triatletas que se dedicam a disputar um Ironman: EDUARDO, YOU ARE AN IRONMAN!!!

Obrigado especial aos grandes Enzo Amato e Rafa Dutra que, em uma parceria mais que vencedora, conseguiram tornar realidade o sonho de me tornar um IRONMAN. Dois profissionais que me fizeram crescer como atleta e, principalmente, como ser humano! Os valores aprendidos ao longo dessa preparação valem, pra mim, muito mais que técnica e dicas esportivas.

Enzo, o que valeu demais durante a prova, foi ver a sua cara de felicidade e orgulho ao me ver passar. Você que aceitou o desafio no ano passado, tinha certeza naquele momento que ganharia mais 6 novos IRONMAN’s. Show! Essa imagem ficará pra sempre na minha memória.

Você também, Rafa. Você que expressava um misto de tranquilidade / preocupação / empolgação ao encontrar comigo foi marcante. Até que conversamos bastante durante a corrida, e eu tentando passar tranquilidade a você rsrsrs…Mas eu vi que você estava bem confiante em mim, ainda mais quando disse que estava sem dores. Só estava comendo o bolo com calma… haha

Muito obrigado aos “OLD Irons” Tatá, Gus, Du Coimbra, Clodoaldo, Silvião, Eloi Catto e, claro ao Witney, Léo e Irio que também estavam lá disputando a prova. Acho que vocês não têm ideia da contribuição que nos proporcionaram. Pode ter parecido pouco para vocês mas, pelo menos eu, consegui absorver muito das mensagens e dicas e elas foram fundamentais durante a prova.

Aos “NEW Irons” Luciano, Piru, Isaac, Zé Renato, Gustavo pelo companheirismo nos treinos e pela ajuda sempre!!! Parabéns pela prova de vocês também!!!

Carinho especialíssimo para Samanta Oliveira, que em agosto de 2012, enxergou a chance de aplicar todo o conhecimento dela em Pilates em um cara que reclamava de dores durante uma corrida de 20km. Não só conseguiu, como me fez chegar ao Ironman em totais condições de encarar os 42km da maratona. Sá, sem você eu não teria conseguido!! Você sabe disso e serei eternamente grato por toda a sua atenção e dedicação comigo!

Agradeço muito ao nutricionista Gustavo Lázaro, que acertou em cheio na minha preparação nutricional e foi capaz de me deixar pronto pra prova. No jogo de tentativa e erros que é a estratégia nutricional de um Ironman, fizemos testes e mais testes até acertarmos! Obrigado mesmo pela disponibilidade a qualquer momento de dúvida!

Como mencionado no texto, ao meu amigo e bike fitter Charles Pereira, só comento que além de te achar um monstro numa prova de Ironman, você é o meu professor de mecânica de bikes…Obrigado pela paciência, pela ajuda e pelos treinos juntos. Parabéns pela sua prova: 10:36 é para os feras!!!

Obrigado ao Daniel Almeida, Arthur Ruffatto, Edelson Salles, Gerson Bikes, Caio Visacre, Daniel Toreta, Flavio José, Fernando Tolin, Denise Pompermayer, Rogerio Pinatti e Anna Barros e todas as pessoas que me ajudaram com dicas e treinos.

E, por fim, minha Família! Ah, a família…Como descrever em palavras a importância que essas pessoas têm em nossas vidas?? É melhor agradecer a Deus, porque Ele foi muito bom comigo!!! Papai, Mamãe, minhas irmãs Cláu e Cris, vocês nunca me impuseram limites! Sempre acreditaram no que eu seria capaz. Sinto-me orgulhoso por vocês terem orgulho de mim! Amo vocês!

Nathalia, minha companheira nesses últimos 4 anos. Tantas histórias juntos, tantos lugares conhecidos, tantos momentos vividos que nem sei se nos conhecemos há pouco tempo assim..rsrs…Você e sua família, Marcos, Odete e Mari, me acolheram bem e estavam lá torcendo por mim nesse dia tão especial! Obrigado demais! Amo vocês também!

Nunca deixem de acreditar nos seus sonhos. Busque-o de maneira idônea e limpa. A alegria da recompensa é imensurável!

“I know I was born and I know that I’ll die, the in between is mine”

Inesquecível e comovente… Assim ficará para sempre marcado no meu coração e nas minhas memórias o Ironman Brasil 2013. O meu primeiro Ironman! Espero que primeiro de muitos!!!

Abraços e Beijos a todos!

Edu Anjos (04/06/2013).


Ironman BRA 2013, crônica Isaac.

Relato de um atleta amador, sobre os meses que antecederam uma das maiores provas de Triathlon do mundo.

Por Isaac Razzante Junior

O que dizer de uma prova tão longa e ao mesmo tempo tão curta?

O meu primeiro Ironman foi sensacional. Pena que acabou tão rápido. Foram 14 horas e 16 minutos de atividade física ininterrupta, com 3,8km de natação, 180km de ciclismo e para completar, uma maratona de 42,2km de corrida.

Pratico triathlon desde 2011, quando fiz o meu primeiro simulado de Triathlon na Estrada Velha de Santos, próximo ao Clube da GM no Riacho Grande, em São Bernardo do Campo – SP.

De lá para cá, os desafios começaram a tomar dimensões muito grandes, até que no ano de 2012 fui assistir a uma edição do Ironman Brasil em Florianópolis – SC. Ao sair daquela prova, que eu havia apenas assistido, já pensei comigo: “Um dia vou fazer uma prova dessas”, mas não sabia que seria logo no ano seguinte.

Da esq. Zé Renato, Enzo de vermelho, Luciano, Witney, Edu, Piru, Gustavo, Isaac, Léo, Ale e Rafa Dutra

As inscrições para o Ironman são feitas na semana seguinte da prova, ou seja, você se inscreve em 2012 para participar em 2013 e assim por diante. Naquela semana de 2012, eu ainda estava encantado com a prova que eu havia assistido, e os comentários fora do trabalho e em casa, era somente aquela prova.

Na quarta feira eu fui correr um pouco no parque Chico Mendes com meu amigo Luciano e conversando com ele, eu disse: “Vamos fazer a inscrição para o Ironman 2013?” Teríamos um ano para nos preparar e apenas 2 dias para decidir em fazer ou não aquela inscrição, que seria na sexta feira. A princípio achamos loucura, mas concordamos e estávamos certos de fazer aquela inscrição.

E foi o que fizemos. Abriram as inscrições e fizemos nossa inscrição tranquilamente, sem saber que elas iriam terminar em apenas 19 minutos, isso mesmo, 19 minutos foi o tempo que as 2200 inscrições para o Ironman Brasil 2013 se esgotaram.

Pronto, estávamos inscritos. Faltava a parte mais difícil agora, que era treinar.

Nosso treinador, Enzo Amato, que já havia participado de 7 Ironman, e tinha uma equipe de treino foi quem pegou o desafio de nos preparar para cruzarmos a linha de chegada.

Em julho começamos a treinar para a nossa primeira prova longa que seria o Long Distance. Essencial para saber a sensação de uma prova de longa duração, que aconteceu no mês de Novembro, na cidade de Pirassununga, no interior de São Paulo.

Foram 4 meses de treinamento intenso para participar dessa prova, visto que nunca tínhamos feito nem sequer uma maratona. A data chegou. Fomos para Pirassununga para completar nosso primeiro desafio antes do Ironman. E foi sensacional. Tivemos uma experiência muito boa com essa prova. Aprendemos com nossos erros e saímos mais confiantes para o que estava nos esperando em maio do próximo ano.

Os treinos continuaram sem parar, mantendo o volume de treino semanal, muita musculação, natação, corrida e ciclismo.

Em Janeiro de 2013 começamos a treinar efetivamente para o Ironman 2013. Já tínhamos um volume bom de treino, só faltava aumentar ainda mais o volume para ganhar resistência para completar nosso próximo desafio no mês de Maio.

Juntamente com o treinador esportivo, tínhamos um acompanhamento nutricional, feito pela Vanessa Pimentel, que nos fez perder o excesso de peso e nos ajudou a completar a prova com uma boa alimentação e saúde.

Nosso grupo de treino era composto por 10 atletas que participariam do Ironman, sendo que 2 deles já eram veteranos. Além do acompanhamento físico e nutricional, tínhamos também acompanhamento psicológico em grupo, feito pelo Rafa Dutra, que nos ajudou a criar um grupo forte para superar as dificuldades físicas e mentais durante todo o processo de preparação, e da prova em si.

Além de todo esse acompanhamento, o mais importante e essencial durante toda essa preparação, foi o apoio da família. Sempre tive o apoio da minha esposa e dos meus filhos. Desde a inscrição até a passagem pelo pórtico de chegada.

Bom, chegamos à semana da prova. Dia 22 de Maio, estava eu e meus amigos Eduardo Anjos e Leonardo Coriteac, com mais 3 bicicletas e um monte de malas e utilidades que usaríamos durante a prova, seguindo viagem de carro para Florianópolis.

Saímos de São Paulo às 5 horas da manhã e pegamos estrada sem amanhecer ainda. Foram quase 800 quilômetros percorridos até chegarmos à Ilha de Florianópolis em Santa Catarina. O ar que respiramos daquele lugar já é um ar do esporte. Várias pessoas correndo nas ruas, as pessoas andando de bicicleta, experimentando suas máquinas, foi muito bom tudo aquilo.

Na quinta feira tivemos nosso primeiro contato com a prova, aonde fomos retirar o kit do atleta e as sacolas que usaríamos no dia da prova. Além da retirada do kit, nesse dia fizemos um treino oficial de natação, onde saímos do local da largada da prova, e nadamos até a primeira boia localizada a 900 metros da praia, esse treino, para mim, foi essencial, pois sempre fui muito receoso com o mar, e estava ansioso para saber como seria chegar naquela tão sonhada boia, e posso afirmar, foi sensacional!

Sábado foi o dia que fizemos o bike check in, onde entregamos nossa bicicleta e as sacolas contendo as roupas e tudo que usaríamos no dia seguinte durante a prova, como tênis de corrida, capacete para a bicicleta e os outros equipamentos.

O grande dia chegou! 26 de Maio às 4:00 da manhã, meu despertador tocou. Era hora de aproveitar um dia de muita adrenalina e colocar em prática tudo aquilo que havia treinado durante meses.

Tomei meu café tranquilo, me troquei, dei um beijo carinhoso nos meus filhos e esposa, que ficaram no hotel, e partimos para a praia, onde estava toda a estrutura arrumada para a prova. Chegando lá, verifiquei se estava tudo certo com a minha bicicleta, se não havia nenhum pneu furado, e fui para a tenda de troca, onde fui vestir minha roupa de borracha, para ir para a área de largada. Pronto, trocado e ansioso para ouvir o som da buzina que daria o inicio da diversão.

Todo nosso grupo se encaminhou para a praia e tiramos nossa ultima foto antes da prova, todo mundo junto com treinador e psicólogo.

Entramos na área da largada, que é restrita aos atletas, e faltando apenas alguns minutos para as 7 horas da manhã, horário oficial da largada, o sol começou a nascer atrás do morro que fica posicionado a direita da praia. Uma cena inesquecível, ver o sol refletindo no mar, todo aquele clima bom, todos respirando a prova.

Uma recordação para a vida toda sei que vou levar daquele momento.

Dada a largada. Mais de 2 mil atletas juntos para viver uma das maiores provas de triathlon do mundo.

Como não sou um bom nadador, fiz minha largada tranquila. Esperei a maioria dos atletas entrar na água e aí sim me posicionei para começar a minha natação. Aquela água gelada logo se aqueceu, muitos braços e pernas batendo ao mesmo momento, e eu não conseguia conter a emoção. Fazer parte daquela prova era algo grandioso.

Cheguei à primeira boia, 950 metros mar adentro. Fiquei contente, pois olhei no meu cronometro e estava com o tempo dentro do planejado. Parti para voltar à praia com o meu nado tranquilo e aproveitando ao máximo todo aquele mar, que nesse dia, era exclusivo meu e daqueles atletas.

Após 1h24, terminei a natação e parti para a transição, aonde peguei a bicicleta para começar os 180km de pedalada. Se durante 180Km percorridos de carro, acontece muita coisa, imagine de bicicleta!!! Comecei a pedalar e ainda não era 9 horas da manhã. O sol ainda estava ameno e eu estava muito bem fisicamente. Preparado e confiante.

A cada quilômetro percorrido, era uma vitória para minha prova. Presenciei muita coisa durante esses 180 km, como gente passando mal na beira da estrada, ciclista caindo por um descuido, muitos pneus furados, mas vi muita coisa boa também. A torcida na cidade é geral. Todos se mobilizam nas ruas para torcer pelos atletas que estão participando da prova e isso dá uma força enorme. As vezes as pessoas gritam seu nome, te dando incentivo e força para continuar pedalando. Isso me ajudou muito. Após 90 km terminei a primeira volta de ciclismo e essa volta passava pela parte de transição, onde pude, após 3 horas pedalando, ver alguns rostos conhecidos, como do meu amigo Alexandre Gaziola e Enzo Amato, que me incentivaram e deram mais um pouco de força.

A segunda volta da bicicleta foi muito difícil de completar. O vento estava jogando contra em todo o percurso, as subidas pareciam maiores, já não se via tantas pessoas na rua, pois estávamos na hora do almoço, e claro, o cansaço de tudo o que já havia feito estava pesando bastante, mas como tudo uma hora acaba, o meu percurso de ciclismo também acabou. Após 6h37, finalizei os 180 quilômetros do Ironman 2013.

Exausto, sim,mas confiante e ansioso para começar a minha maratona. Pronto, tênis calçado e vamos correr 42.2km até o pórtico de chegada. Comecei minha corrida muito tranquila, tentando manter um ritmo confortável para aguentar a corrida inteira sem precisar andar. Essa era a minha meta, que treinei durante meses.

No quilometro 13 aproximadamente, o percurso de corrida passava em frente ao hotel que eu e minha família estávamos hospedados. Aproveitei e parei para dar um beijo e um abraço na esposa e nos filhos, que já estavam na porta do hotel me aguardando. Como o retorno da corrida era logo em 200 metros à frente, dei a mão para o meu filho Lucas de 8 anos e corremos juntos esses 200 metros. Ver a alegria dele naquele momento foi sensacional. Mais uma parada para beijos e abraços e vamos continuar a corrida.

Terminei a primeira volta de 21k, peguei a primeira pulseira de identificação da volta e fui correr o restante da maratona. Nessa hora, quase 6 da tarde, e 11h de prova, a temperatura já havia caído muito, o sol já havia se recolhido e eu tinha ainda 21 km pela frente. No quilômetro 23 encontrei o Luciano Capas, que estava num ritmo menor que o meu, emparelhei com ele, trocamos algumas palavras e eu segui minha corrida.

Não passaram nem 500 metros, ele me alcançou, disse que iria me acompanhar, para um dar forças para o outro. Concordei com ele, pois sabia que tinha muito chão pela frente ainda e uma companhia na corrida seria muito bem vinda. No quilômetro 27 comecei a sentir dores no joelho esquerdo e começamos a andar um pouco para ver se a dor passava. Doce ilusão, ela não passou,andamos por volta de 5 quilômetros direto, já sentindo um pouco de frio, quando nosso amigo Leonardo Coriteac nos alcançou. Ele estava muito bem na corrida e dissemos para ele seguir em frente para não perder o ritmo, mas ele optou por dar uma força pra gente e acabou nos acompanhando na caminhada.

Andamos por mais 2 quilômetros e decidimos recomeçar a correr bem leve, tentando elevar novamente a temperatura do corpo e das articulações, que já reclamavam muito naquele momento. De passo em passo, nos vimos correndo novamente, é verdade, com num ritmo bem leve, mas estávamos correndo. Já estávamos nos km 35 quando a dor aliviou e só faltavam 7km para completar a tão sonhada maratona do Ironman.

Seguimos lado a lado, até o final. Entramos na Avenida Búzios, que é a avenida principal de Jurerê Internacional. No final dessa avenida estava a nossa vitória. Faltavam apenas 3 quilômetros para completar a prova.

Foram os 3km mais longos e ao mesmo tempo mais curtos da minha vida. Tanta coisa passou na minha mente nesses minutos finais, tantas pessoas curtindo, vibrando pelo caminho, dando força e gritando nosso nome, nos dando parabéns.

Até que, faltando alguns metros para entrar no corredor que levava ao pórtico de chegada, eu encontrei a minha esposa e meus filhos, que me aguardavam ansiosos, para que juntos passássemos o pórtico de chegada e eu pudesse vibrar com aquele novo título que eu estaria recebendo, de ser um Ironman.

Família reunida para cruzar o pórtico de chegada!

Beijei minha esposa, agradeci a ela por estar me suportando por todos aqueles meses de treino e durante toda a prova. Beijei meus filhos, peguei a minha filha menor no colo e entramos no corredor, que em poucos metros, nos levou ao tão grandioso pórtico, e lembro até agora o locutor falando meu nome e dizendo: Parabéns Isaac Razzante, você é um Ironman!!! Passamos juntos, de mãos dadas e abraçados ao mesmo tempo.

Uma emoção imensa tomou conta de mim. Comecei a chorar, e minha filha menor,  sem desconfiar que o  meu era de alegria, também começou a chorar, agradeci muito a Deus, por ter me dado forças de terminar aquela prova. E agradeci a todos que estavam la me assistindo, que mesmo sem me conhecer, sem conhecer a minha história, estavam ali me apoiando e gritando meu nome.

Não consegui me conter e fiz novamente a inscrição para o Ironman Brasil 2014. Com certeza serão novas emoções e novos desafios, mas se Deus quiser, também serão vencidos como esse foi. Um novo relato deve aparecer. Com novos detalhes dessa tão grandiosa prova.

Abraços.

Isaac Razzante Junior

IRONMAN 2013 (assista ao vídeo da prova)