Fernanda Maciel, nossa fera racional.


Semana passada a melhor corredora de montanha brasileira, Fernanda Maciel, 4ª colocada na Ultra Trail du Mont-Blanc tentou bater o recorde de ascensão e retorno no Aconcágua (6969m.s.n.m.). Partiu desde a entrada do parque a 2750 aproximadamente, tinha que chegar ao cume e voltar no menor tempo possível.

Ao chegar aos 6mil metros seu estado de saúde estava muito debilitado e ela decidiu voltar, mais abaixo aos 4300m foi avaliada por médicos e resgatada de helicóptero para descer e ser tratada rapidamente dos sinais de edema pulmonar.

Quando estamos na montanha não é só nossa vontade e perseverança que prevalece como quando corremos em ambientes menos extremos, não é só seguir a qualquer custo ou ignorar a dor. Ser mentalmente forte na montanha significa não cometer erros, é saber que dar meia volta é uma possibilidade real, é saber que conquistar o cume é só meio caminho e que ainda é preciso voltar vivo.

Numa clínica oferecida pela Ready4 pude conhecê-la pessoalmente, ela de branco e a Manu Vilaseca.
Foto: Marcelo Fim / MidiaSport

Somos parte da natureza, mas na montanha não estamos no topo da cadeia alimentar, “somos a caça”. Conquistar a montanha só é possível quando ela nos dá permissão, aquela brecha de bom tempo para seguir que coincida com o seu dia bom. É preciso saber decidir enquanto estamos no controle, mas é fácil perdê-lo, o topo da montanha é tentador, a cada passo ele fica mais próximo e morrer de exaustão quando o frio congela, o ar não chega, o raciocínio divaga e a força acaba é até confortável.

Que bom que aconteceu com uma atleta de grande visibilidade e competência como a Fernanda, que soube dar meia volta, que sabia que a montanha continuaria lá e que todos que torcemos nessa temporada estaríamos torcendo na próxima.

Bom tê-la de volta!

Enzo Amato


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