Arquivos da Categoria: Crônicas
Ultra Fiord 2017, lama e céu azul.
3ª edição, minha 3ª participação e 3ª vez com paisagens diferentes.
A Ultra Fiord nunca é igual, talvez pela localização geográfica e seus microclimas, talvez por colocar à prova seu corpo e mente, talvez pelo percurso lindo, mas que cobra seu preço e não permite descuido… enfim uma Ultra Fiord nunca é igual a outra a não ser pelo fato de ser sempre inóspita e selvagem.
Esse ano esteve muito mais segura, os staffs em todo trecho de montanha eram especialistas e estavam sob as orientações de Jordi Tosas (dá um google para saber mais sobre ele) o próprio organizador, Stjepan Pavicic, estava na região de montanha para certificar-se de que tudo estava bem, além disso eles tinham comunicação eficiente entre os pontos de controle e um helicóptero para resgate. Mas atenção, a Ultra Fiord sempre foi e sempre será uma prova arriscada e todo o processo de inscrição te deixa ciente disso.
Escolhi os 70km por considerar o melhor percurso para fazer imagens esse ano, já que ano passado filmei o trecho dos 50km. Ambas são desafiadoras e se algum parente quisesse assistir minha prova teria que ser a largada ou a chegada, não há acesso a nenhum outro ponto.
A largada, com o dia amanhecendo, foi desde o Hotel Rio Serrano com vista para a oitava maravilha do mundo, as Torres del Paine. Enquanto aquecia o corpo correndo por um campo aberto, névoa e geada ficavam para trás e adiante o sol nascia com céu azul. A vista alcançava todas as montanhas nevadas ao redor. As árvores, a terra e a água entregavam o cenário perfeito para lindas imagens. A ansiedade do pré prova passa totalmente e o silêncio dos primeiros quilômetros é tranquilizador. Meu único mantra a partir desse ponto era “chegar são e salvo”.

Subida depois de Balmaceda para chegar ao Glaciar mais adiante. Ruídos parecidos a trovões eram avalanches descendo do glaciar ao fundo.
Segui minha jornada, seco até o km 18, a partir daí muita lama e pés gelados. No km 30 parei no ponto de apoio onde tinha minha sacola com meias limpas, mais roupas e os bastões, para subir, subir e subir, a vegetação vai mudando, as pedras passam a tomar conta do percurso e depois dividem espaço com a neve para finalmente sentar-me numa pedra para colocar os crampons e passar pelo glaciar. Cerca de 2km de puro gelo que escondiam gretas vivas e perigosas. A pouca neve do inverno anterior fez com que mais gretas ficassem visíveis e uma fina camada escondesse outras que eram o real perigo para os corredores. Nesses pontos, ter pessoas gabaritadas como staff nos orientando, fez toda diferença.
A vista lá do alto era indescritível, parecia que estava numa foto publicitária dentro de uma revista de turismo.
As montanhas nevadas saiam da água, o sol descia atrás das montanhas mais altas e o céu com poucas nuvens mostravam as cores do fim de tarde da patagônia chilena. Sim, eu estava numa foto, que ficará para sempre na minha memória.
Desci o glaciar e a noite foi chegando aos poucos, só podia agradecer pelo dia que havia passado, mas continuar com meu mantra de chegar inteiro. 25km a noite por um bosque lamacento era o preço alto que ainda tinha que pagar para poder ter passado pelo glaciar. Correr a noite não me motiva, não posso filmar nem apreciar a paisagem, é um desafio diferente que passa a exigir mais da mente já que além de tudo, o corpo já está cansado.
Passei por 3 pontos de controle, enquanto eu tomava uma sopa e comia uns biscoitos, eles assinavam e marcavam a hora no meu passaporte de corredor para depois avisar por rádio uma central lá em Puerto Natales. A madrugada estava fria e o silêncio já não era tranquilizador. A jaqueta mais pesada, que a princípio parecia um exagero levá-la como item obrigatório, vestia o corpo da maioria dos corredores.
Além do percurso travado, minha prova foi lenta porque me sentia confortável em caminhar a noite, não tinha pressa e meu mantra me acompanhou até o fim. Cheguei as 3:30 da manhã exatamente 19h depois de largar. Tenho muito respeito e cuidado com essa prova, por isso considero qualquer pessoa que a conclua, um vencedor.
Em poucas palavras a edição de 2015 foi marcada por muita lama e chuva, 2016 pelo clima frio e vento, 2017 pelo céu azul sem vento. Que novidade trará 2018?
O que usei:
- Tênis: Asics Fuji Attack 4
- Mochila: Camelbak Ultra Pro
- Câmera: Sony AS200
- Calça legging: Asics
- Camiseta térmica Nike
- Manguito: Btwin
- Primeira pele: Columbia
- Corta vento: Montagne
- Meias: Salomon até km30 e Quechua até os 70, ambas de poliamida.
- Relógio: Polar V800 (bateria em modo normal não durou a prova toda)
Vídeo dessa cobertura a partir de 1º de maio no canal do Programa Fôlego no YouTube.
Enzo Amato.
Andes Trail Train, como foi.
Foi a melhor organização do ano, quando se participa das provas como convidado, além do olhar de corredor, também observo por outros ângulos para poder formar opinião sobre a prova.
A Andes Trail Train era uma distância pequena perto do que costumo fazer, mas mesmo com seus 26km, levei mais de 4h para completar o percurso. Com mais de 1200m de desnível positivo, por sinal bem divertido. Passei por 19 túneis de uma antiga, e já desativada, estrada de ferro, que ligava o Pacífico ao Atlântico.
Com chegada no Hotel Portillo, um centro de esqui antigo e famoso. Com vários quadros de atletas olímpicos que já esquiaram por lá decorando a parede no caminho para a piscina descoberta e aquecida com vista para o lago e as montanhas. Passar a tarde na piscina depois da prova fazia parte da corrida, bem como almoço, massagem e um kit recheado, tudo incluído na inscrição.
Um dos pontos que mais gostei foi que os percursos menores passavam pelos lugares mais legais, normalmente as maiores distâncias vão para os melhores lugares, mas aqui eram os 10km finais, portanto quem se inscreveu nos 14, 23 ou 33km passaram pelas partes mais legais.
Portillo fica a 2h de carro de Santiago, com largada as 10h é fácil se hospedar na capital e ir para a corrida no mesmo dia, ou ficar na paz e quietude da montanha no próprio hotel da chegada.
A data para a edição de 2017 será em 09/12. A organizadora #AventuraAconcagua tem várias provas de distâncias até meia maratona fora do asfalto, boas para quem quer correr e passear na mesma viagem. Eu fico na expectativa para saber se a próxima edição entra no calendário do Fôlego.
Enzo Amato
Manchao Trail 2016. Como foi a 1ª edição.
Fiz 56km e foi a segunda prova mais dura que já fiz na vida. Só perdeu para os 114km da Ultra Fiord de 2015.
Meu percurso era subir 28km do Cerro Manchao, na província de Catamarca, na Argentina. Alcançar os 4mil metros, dar meia volta e retornar os mesmos 28km. Acumulando 7mil metros de desnível, o que é muito para uma prova de 56km. Realmente foi muito, levei quase 17 horas para cumprir o trajeto, largando as 3 da manhã e cruzando a meta quase 8 da noite.
No dia anterior participamos de uma celebração a Pachamama (mãe Terra) pedindo permissão para subir e segurança para os corredores. Foi significativo para mim, pois sei o quanto esse ambiente pode ser inóspito, e mesmo que nem todos acreditem o senhor que celebrou o ritual pediu para que apenas respeitassem.
Era a primeira edição da prova e com difícil acesso ao trajeto, por isso já esperava alguns equívocos, ou dificuldades por parte da organização. Tentei me precaver, tinha uma mochila maior que a de costume e levei mais roupas que a organização pedia. O bom clima durante o dia inteiro na montanha, não me obrigou a usar nem metade das roupas, mas um corredor experiente sabe que poderia ter usado todas caso o clima ficasse adverso. Não se pode vacilar em alta montanha.
Os bombeiros estavam nos postos de hidratação, como havia sido divulgado, mas não havia água suficiente, talvez por inexperiência dos vaqueiros designados para cumprir a tarefa de transportar água dos rios até os postos, não deixando tempo hábil para correção do problema. Isso foi crucial para os corredores de 80km que precisavam do último abastecimento no km 28, meu retorno, para seguir mais duros 8km até o cume, só 8 seguiram. É certo que muitos corredores traçam suas estratégias de acordo com o que o organizador diz que vai oferecer no caminho, mas depois que o posto do km 7 não estava lá, procurei me garantir com a água que encontrava pelo percurso. Parei em dois riachos, água de degelo que descia a montanha. Isso foi o indispensável para não me colocar em risco. A comida eu tinha de sobra desde a largada.
O percurso aumentava seu grau de dificuldade quando depois do km 14 não havia mais trilha, ou seja tinha que seguir as marcações pela montanha intocada, que em algumas partes, eram difíceis de enxergar. Particularmente nesses trechos foi importante estar com mais corredores para que encontrássemos o caminho com mais facilidade e a cabeça não pirasse. Obviamente os que passaram por aí a noite tiveram mais dificuldade ainda.
Alguns efeitos da altitude são perceptíveis, senti a partir dos 3400, como precisar parar para descansar ofegante depois de caminhar poucos metros, mas outros aparecem de forma discreta, por exemplo percebi minha fala mais lenta nas gravações. A desidratação pode provocar fortes dores de cabeça, tontura, falha na concentração e tudo isso pode complicar muito a vida do corredor na montanha.
A prova teve seus defeitos, que considero aceitáveis por ter sido a primeira edição, e pela dificuldade de acesso ao percurso. Os problemas serão corrigidos para 2017. Por mais que tivesse pizza, água de coco, churrasco e cerveja no caminho, a prova continuaria extramamente difícil e exigiria um alto poder de adaptação e estratégia dos corredores.
Foi um desafio completo, físico e mental e não recomendo para corredores inexperientes.
Dicas:
- Ir com um parceiro/a de corrida deixa a prova mais segura e aumenta a chance de sucesso.
- Se garantir com relação a equipamento, comida e água também aumenta a segurança e chance de sucesso.
- A distância de 30km é uma prova bem longa, desafiadora, não a subestime. Se não me engano é a única prova de 30km que da ponto para UTMB.
Enzo Amato
Vídeo A Muralha Up and Down – Marathon 2016
A 1ª edição foi um sucesso, ficará marcada nos corações dos cerca de 150 atletas que resolveram encarar os 42km que prometem virar uma tradição.
Fui um dos privilegiados e acertei na escolha dessa prova no calendário. Ela reúne pontos que nem toda prova consegue reunir. A hospedagem nas cidades sedes são ótimas com muitas opções de restaurantes para todos os bolsos, a prova é desafiadora, com a comodidade do asfalto, mas a natureza pura aguçando os sentidos. Tem a imprevisibilidade das provas de trilha, a mudança climática conforme passam os km. A exuberância da mata atlântica com paisagens a perder de vista. Está num lugar de fácil acesso, inclusive para corredores estrangeiros, a 270km de SP e 150km do RJ.
Assista ao vídeo, ele é só um aperitivo do que essa prova pode te marcar.
Leia outras curiosidades clicando aqui.
Te vejo lá em 2017 para fazer o percurso inverso e completar o back to back.
Enzo Amato
Ultra Fiord 2016, a brasileira que ficou.
(click para leer en español)
A corredora brasileira que, sabiamente, abandonou a Ultra Fiord na parte mais difícil do percurso conta como foi ficar 3 dias na montanha.
Por Eliane Carvalho
Deixo aqui meu relato como amadora de Ultra maratonas. Já tive experiências na Patagônia, San Martin de Los Andes, El Cruce, Espanha, mas a Ultra Fiord, na Patagônia chilena foi o maior desafio da minha vida. Lugar com paisagens de uma beleza exuberante e ao mesmo tempo com o clima imprevisível, as vezes fatal. Moro em um país tropical, com temperatura média de 30°C e que ultrapassam 40°C positivo.
Tudo começou quando escorreguei no rio e molhei meus pés e mãos. O tênis, meias e as luvas ficaram encharcadas. Independentemente da cor, marca do tênis e roupas…
Não sou uma corredora profissional e veloz, apenas gosto de correr e tenho resistência. Mas nesse caso eu apenas escutei meu corpo. Meus dedos congelaram, ficaram rígidos e inchados, causando uma dor insuportável, não conseguia mais mexer os dedos e com isso não comia e nem bebia, ficando sem energia. Corria quando possível e caminhava no meio da nevasca. Um casal parou e colocou luvas plásticas nas minhas mãos, mas não resolveu. Pedi a um corredor para pegar a manta de sobrevivência na minha mochila e enrolar minhas mãos, e continuei andando. Não conseguia mais raciocinar, tendo dificuldade de visualizar a marcação. Caí várias vezes, fiquei toda lesionada. Até que um corredor pegou pelo meu braço e foi me puxando até o staff em Chacabuco.
Chegando lá, o paramédico Luis Augusto me atendeu rapidamente, me fez segurar uma caneca quente com café para beber e aquecer as mãos, e me colocou em um saco para me aquecer, mas estava com muito frio, e não tinha condições de continuar com os equipamentos necessários molhados. Troquei a meia, mas o tênis estava congelado, tendo em vista o aumento da nevasca.
Logo em seguida chegou a Argentina Micaela. Então o melhor seria esperar até que a nevasca diminuísse para continuarmos. No dia seguinte a nevasca estava mais forte, com 1m de neve, e tivemos que dividir a barraca e comida entre 7 pessoas. Teve momentos que pensei que seríamos soterrados por uma avalanche, pois o vento devia estar a 80 ou 100km/h e a barraca balançava muito, ficávamos segurando a barraca e batendo para tirar a neve.
No final do sábado, dia 16-04, dois socorristas Guillermo e Julian, resolveram descer para pedir ajuda, pois o rádio não estava funcionando. Ficamos em 5 na barraca, Micaela, Pablito, Carlos, Luis Augusto e eu. Passou um filme na minha cabeça, pensava na minha filha, família, amigos, tudo que gosto de fazer e no que já tinha vivido. Praticamente 3 dias e 3 noites presa em uma barraca com 7 e 5 pessoas, deitada ou sentada, dormindo em sacos de dormir, sem banho, sem escovar os dentes, sem tirar as lentes de contato e saindo da barraca 1 vez por dia, somente para fazer as necessidades fisiológicas. Sem saber se ia conseguir sair da montanha.
O que me deixou mais confortável foi a calma dos 3 socorristas, isso foi fundamental. O poder da mente.
Para passar o tempo eles tentavam nos distrair conversando e cantando. Para mantermos a energia e calor, eles faziam mate, café, mingau, sopa, arroz e macarrão, em uma boca de gás, tudo na mesma panela. Dividíamos a mesma caneca e tinha alguns pratos, que limpávamos com papel higiênico.
No domingo a nevasca continuava forte e o resgate não chegou. Como a comida já estava acabando, eles resolveram emprestar roupas para Micaela e eu. Amarramos sacos nos pés para não entrar neve e congelar.
Saímos da barraca na segunda, dia 18-04 as 09:30h, a nevasca tinha diminuído. Carlos foi na frente procurando a marcação e abrindo caminho, Luis foi segurando Micaela, e Pablito me segurando, pois a neve estava muito alta, afundávamos e caíamos muito.
Quando passou a parte da neve e conseguimos andar sozinhas, me senti mais segura e confiante que chegaríamos bem.
Depois de umas 6 horas andando, conseguimos descer as montanhas, paramos em uma fazenda onde fomos muito bem recebidos, nos aquecemos na lareira e tomamos mate.
A polícia chegou na fazenda e foi muito atenciosa, nos deixando no hotel, salvas. Uma experiência que vou levar para o resto da vida e devo a Micaela por estar comigo e pela competência dos socorristas. Muito obrigada de coração, pelo cuidado e paciência.
Chacabuco. Sim, faria tudo novamente. Infelizmente não consegui completar a corrida, que era meu objetivo, mas quem sabe em uma nova oportunidade. Amo correr, me sinto livre. Liberdade não tem preço.
Eliane Carvalho
Ultra Fiord 2016, la brasilera que quedó en la montaña.
(Clique para ler em português)
La corredora brasilera que, sabiamente, abandonó Ultra Fiord en la parte más difícil del recorrido cuenta como fue quedarse 3 días en la montaña.
Por Eliane Carvalho
Les dejo mi relato como amateur en ultra maratones. Ya tuve experiencias en la Patagonia, El Cruce en San Martín de los Andes, en España, pero la Ultra Fiord en Chile fue el desafío más grande de mi vida. Un lugar con paisajes de una belleza exuberante y al mismo tiempo con un clima imprevisible y a veces fatal. Vivo en un país tropical, con temperatura media de 30ºC y que pasa de los 40ºC.
Todo empezó cuando me resbalé en el río y me mojé piés y manos. Las zapatillas, las medias y los guantes quedaron empapados. Independientemente del color y marca de las zapatillas y de las ropas…
No soy una corredora profesional y veloz, solo me gusta correr y tengo resistencia. Pero en este caso, simplemente escuché a mi cuerpo.
Se me congelaron los dedos y quedaron rígidos e inchados, causándome un dolor insoportable, no conseguía moverlos y por eso no comía ni bebía, quedándome sin energía. Corría cuando era posible y caminaba en la nieve. Una pareja se detuvo y me puso guantes plásticos en las manos, pero no resolvió nada. Le pedí a un corredor que sacara la manta de mi mochila y que me cubriera las manos y seguí caminando. No podía raciocinar y tenía dificultad para ver la demarcación. Me di vários golpes, quedé toda lesionada. Hasta que un corredor me agarró del brazo y me fue arrastrando hasta el staff en Chacabuco.
Cuando llegué, el paramédico Luis Augusto me atendió rápidamente, me hizo sostener una taza caliente para calentarme las manos con café para que bebiera y me puso una bolsa para calentarme, pero estaba con mucho frío y no estaba en condiciones de continuar con los equipamientos mojados, me cambié las medias pero las zapatillas estaban congeladas, dado que la nieve había aumentado. Enseguida llegó la argentina Micaela. Entonces lo mejor sería esperar hasta que dejara de nevar para continuar.
El día siguiente la nieve había aumentado, 1 metro de nieve, y tuvimos que compartir la carpa y la comida entre 7 personas. Hubo momentos en que pensé que seríamos enterrados por una avalancha, ya que el viento debía estar a 80 o 100km/h y la carpa se movía mucho, tuvimos que sostener la carpa y dar golpes para sacar la nieve. Al final del día 16/04, dos socorristas, Guillermo y Julián, decidieron bajar para pedir ayuda, ya que la rádio no estaba funcionando. Nos quedamos 5 en la carpa, Micaela, Pablito, Carlos, Luis Augusto y yo.
Una película pasó por mi cabeza, pensaba en mi hija, mi familia, amigos y todo lo que me gusta hacer y lo que ya había vivido. Practicamente 3 días y 3 noches presa en una carpa con 7 y 5 personas, acostada o sentada, durmiendo en bolsas de dormir, sin baño, sin cepillarse los dientes, sin sacarme los lentes de contacto y saliendo de la carpa una vez por día, solo para hacer las necesidades fisiológicas, sin saber si iba a poder salir de la montaña.
Lo que me dejó más tranquila, fue la calma de los tres socorristas, eso fue fundamental. El poder de la mente.
Para pasar el tiempo intentaban distraernos conversando y cantando. Para mantener la energía y el calor, preparaban mate, café, vitina, sopa, arroz y pasta, en una boca de gas, todo en la misma olla. Compartíamos la misma taza y había algunos platos que limpiábamos con papel higiénico.
El domingo, 17/4, seguía nevando fuerte y el rescate no llegó. Como la comida se estaba acabando, ellos decidieron prestarnos ropa a Micaela y a mí. Nos atamos bolsas en los piés para no entrar nieve y congelarnos. Salímos el 18/04 a las 9.30, había disminuído la nieve. Carlos fue adelante, buscando la demarcación y abriendo camino, Luis fue sosteniendo a Micaela y Pablito a mí, ya que la nieve estaba muy alta, nos enterrabamos y caíamos mucho. Cuando pasó la parte de la nieve y pudimos caminar solas, me sentí más segura y con confianza de que llegaríamos bien.
Después de unas 6 horas caminando, conseguímos bajar la montaña, paramos en una hacienda donde fuimos muy bien recibidos, nos calentamos en la hoguera y tomamos mate. La policía llegó a la hacienda y fue muy atenta, dejándonos a salvo en el hotel.
Una experiencia que me llevo para el resto de mi vida y se la debo a Micaela por estar conmigo y a los socorristas por su competencia. Muchas gracias de corazón por su cuidado y paciencia.
Chacabuco. Si, lo haría todo de nuevo.
Lamentablemente no pude terminar la corrida, que era mi objetivo, pero quien sabe en otra oportunidad. Amo correr, me hace sentir libre. Libertad no tiene precio.
Eliane Carvalho.
Ultra Fiord 2016 (en español)
(Clique para ler em português)
No tuve dudas de que estaba en un lugar de la tierra donde una decisión equivocada puede costar la vida.
Fue este el lugar de la Ultra Fiord y todos los atletas sientieron en carne propia lo que es correr en el fin del mundo en un dia de mal tiempo. Corrí esta prueba el año pasado y desde entonces vengo diciendo que es una corrida salvaje e inhóspita, pero este año fue feroz, y atacó.
El recorrido fue alterado 2 días antes por medidas de seguridad, cruzaríamos un glaciar a 1250 m.s.n.m. que fue correctamente descartado, el nuevo recorrido llegaría a 850m., pero con clima de alta montaña. Así fue como la organización finalizaba el texto donde justificaba la modificación: “se recomienda a todos los corredores preparar su equipamiento para estas condiciones de montaña”.La frase se quedó en mi mente mientras preparaba la mochila de la corrida, con más ropa de lo que había pensado llevar.
La prueba.
La ansiedad era tan grande como el frío en el área de la largada, pero a las 10 de la mañana, apenas empecé a correr, el frío pasó y me detuve para sacarme uno de los abrigos. El sol apareció por pocos minutos y luego empezó a nevar. Fueron 14km de senderos, a veces abiertos, otros tupidos, para después entrar a un bosque que llevaría al punto más alto de la prueba, aproximadamente el km 27 para mí, que participaba de los 70km. Y km 60 para los que corrían 100 millas. El trecho más alto, y peligroso, tenía cerca de 8km de extensión, con piedras, fuertes vientos y 3 puntos de control.
Era notoria la caída de la temperatura a medida que subía. Sin aliento, pero no por la altura si no por la inclinación. Al salir de la vegetación y cerca de alcanzar el punto más alto, llegué a la primera carpa, me detuve para filmar un poco el espectacular paisaje que dejaba atrás. Seguí subiendo y alcancé el área abierta con viento fuerte, y claro, la sensación térmica disminuyó. Inmediatamente saqué la mochila, me puse el abrigo y el otro par de guantes. El paisaje era fantástico, estaba en un valle con montañas altas y nevadas de los dos lados, pero la orden era no parar nunca para no congelar. Admirar, pero sin vacilar. Filmé desde varios puntos y algunos corredores me pasaron, dos o tres mujeres de short (cada uno sabe el frío que siente) yo todavía tenía otro abrigo en la mochila, un pasamontaña, un pantalón impermeable y claro la manta de supervivencia.
Seguí ese trecho extasiado por el paisaje. Sacarse los guantes hacía que las manos perdieran movimiento por causa del frío, por eso filmaba poco. El recorrido estaba bien demarcado, una estaca a cada 20 o 30 metros, igual me mantuve alerta. Tuve la seguridad de que cortar el trecho del glaciar fue la decisión correcta y que de ningún modo la prueba había quedado más fácil.
Al terminar este pedazo, bajé nuevamente a un trecho de bosque, ya sin viento, donde era más cómodo estar sin guantes.
El recorrido seguía por ese bosque de vários colores, característicos del otoño. Cruzamos vários ríos estrechos, pero suficiente para mojarse y entumecer los pies con agua potable y helada. Incluso aquí, la nieve que me había acompañado durante toda la prueba, continuaba cayendo.
Tenía una barra de chocolate que había dejado para el final, para cuando ya estuviera a un ritmo más lento, estaba toda derretida por haber estado cerca del cuerpo, y mi desilusión fue total, pero fueron suficientes 5 minutos corriendo con el chocolate en mano para que volviera a ser una barra sólida (ni un congelador hace eso tan rápido).

Pasé por aquí a la noche, con nieve alrededor del sendero dejado por los corredores.
Foto: Graciela Zanitti / iloverunn.com
El barro, que fue el mayor adversario el año pasado, marcó presencia, pero en menor intensidad, dejando el recorrido más rápido. Comenzó a caer la noche y cuando pasé por un cercado, me di cuenta que había entrado en una propiedad privada o sea estaba cerca de la estancia Perales, la llegada de los 70km. A 100 mts de la meta crucé el último río, con unos 30 mts de ancho, de agua calma y cristalina abajo de las rodillas, a temperatura ambiente (cerca de 0 grados). Eran 21.15 de la noche.
Busqué mi bolsa, entré a un lugar calefaccionado, después de saludar a los amigos y comer. Fui al baño de afuera para cambiarme, e incluso con ropas secas me di cuenta del frío congelante que hacía. Muchos corredores aún continuaban sus pruebas de diferentes distancias.
Estaba feliz, había encontrado lo que había ido a buscar en esta prueba. Desafío, estrategia, toma de decisiones, adaptación al medio ambiente, menos barro y más corrida. Pasar el día entero corriendo y poco a la noche. No fue suficiente entrenar corrida, el lugar exigió mucho más que eso.
Muerte en la prueba.
Al día siguiente, en el desayuno tardío, escuché que la prueba de 30km se había convertido en 15 por mal tiempo, peor que el día anterior, y que un corredor de las 100 millas había fallecido.
A la noche, en la ceremonia de premiación nos avisaron que Arturo Martinez Rueda murió en la parte alta del recorrido por hipotermia, hicimos un minuto de silencio y luego hubo una queja de una persona diciendo que no habían médicos y que el socorro demoró, en el embalo otras personas hicieron sus comentarios y quejas. Obviamente en respeto a Arturo y sus familiares, la ceremonia continuó sin el brillo que esperaba que tuviera, cuando terminé la prueba la noche anterior.
No juzgo a nadie y expreso aquí apenas mi opinión. Leí atentamente la página web de la corrida antes de decidir correrla, apenas fue cambiado el recorrido sabía que dentro de los 70km los únicos puntos de parada, en caso de necesitar abandonar, serían o la largada o la llegada. Los otros puntos eran carpas en el medio de la nada, había elegido una corrida inhóspita y salvaje. Escuché las recomendaciones en el congreso técnico. Realmente el congreso podría haber sido más detallado, pero todas las decisiones durante la prueba son de cada atleta, también sabía esto. En un ambiente inhóspito, una decisión tardía o mal tomada puede tener consecuencias sérias. Stjepan no fue detallista al apuntar lo que encontraríamos en cada km, pero nos alertó para que tengamos en cuenta la localización geográfica. Que estábamos a 1h30 de vuelo de la Antártida y que sufríamos la influencia climática de allá más que del resto del continente.
Controlar los equipamientos no garantiza que los use. El staff que estaba antes de la parte alta, podría haber avisado que vendría mucho viento en los próximos 8km, para que me ponga más ropa y que no parara, pero yo no necesité que me avisaran para abrigarme. Incluso si hubiera paramédicos en las 3 carpas que cubrían los 8 km, podría haber sucedido, Arturo fue encontrado entre estas. Si yo parara para descansar en aquel lugar, podría haber quedado paralizado y anestesiado en pocos minutos por el frío, hasta morir.
Por último, si yo me encontrara en apuros o quisiera abandonar, haría lo posible por llegar a la próxima carpa, le hubiera pedido a alguien que me vistiera con la ropa que llevaba en la mochila, incluso con la manta de supervivencia y me hubiera quedado el tiempo que sea necesario. Fue lo que hicieron 2 corredoras, que tuvieron que quedarse arriba por 3 días esperando una tregua de buen clima para poder volver. Lo importante es que estaban seguras, con comida, agua y gas. Probablemente la decisión de parar les salvó la vida. Sabíamos también que el rescate en un lugar asi demoraría.
Cuando un atleta muere en la misma prueba que tú estás, esta pierde el brillo y muchos pensamientos controvertidos invaden la mente. Ya pasaron 10 días y continuo pensando si era tan fácil o no haber evitado esta situación.
Puedo pensar en innúmeras formas de complicarle la vida al corredor en este recorrido, sin la menor posibilidad de culpar a la organización o al corredor. Es el riesgo que se corre al elegir una corrida que pasa por lugares donde los seres humanos no acostumbran pasar.
Ayrton Senna era el mejor piloto y llevó más de 20 años para que otro piloto muriera en la F1. Maximizaron la seguridad para los pilotos, pero ellos no pasaron esos 20 años pensando que la muerte no era una posibilidad. “Después que el barco se hunde, siempre hay alguien que sabe como podría haberse evitado”. (proverbio italiano).
Existen corridas y corridas y no todas sirven para todos. No es suficiente elegir por los kilómetros, por el paisaje o ver cuantos puntos ITRA te da. La organización pidió experiencia previa y equipamiento obligatorio. No tenerlos es responsabilidad tuya y esto puede poner en riesgo a otros corredores.
Es necesario estar conciente que la muerte es una posibilidad para todos, para los que tienen mucha o poca experiencia. El riesgo aumenta y disminuye de acuerdo a las decisiones que tomamos antes y durante la prueba.
Hice mi segunda Ultra Fiord y haría la tercera. Conservador en la distancia y exagerado en el equipamiento. Como corredor invitado haré lo máximo para ayudar a la organización a aumentar nuestar seguridad, pero voy conciente de que soy responsable por mí y que el riesgo siempre existirá.
Enzo Amato
Ultra Fiord 2016
(Hace click para leer en español)
Não tive dúvida de que estava num lugar da Terra onde uma decisão errada pode custar a própria vida.
Foi aí que rolou a Ultra Fiord, e todos os atletas sentiram na pele o que é correr no fim do mundo em dia de clima ruim. Corri ano passado e desde então venho dizendo que a prova é selvagem e inóspita, mas nesse ano ela foi feroz, e atacou.
O percurso foi alterado 2 dias antes por medida de segurança, cruzaríamos um glaciar a 1250m.s.n.m. que foi corretamente descartado, o novo percurso chegaria a 850m, mas com clima de alta montanha. Foi assim que a organização terminou o texto onde justificava a modificação “se recomenda a todos os corredores preparar seu equipamento para estas condições de montanha”. A frase ficou na minha cabeça enquanto preparava a mochila de prova, com mais roupas do que anteriormente havia pensado em levar.
A prova.
A ansiedade era tão grande quanto o frio que passava na área da largada, mas as 10 da manhã, assim que comecei a correr, o frio passou e parei para tirar um dos agasalhos. O sol apareceu por poucos minutos e logo começou a nevar. Foram 14km de trilhas, ora aberta, ora fechada para depois entrar num bosque que levaria ao ponto mais alto da prova, aproximadamente km 27 para mim, que fazia 70km. E km 60 para os que faziam 100 milhas. O trecho mais alto, e perigoso, tinha aproximadamente 8km de extensão, com pedras, fortes ventos e 3 pontos de controle.
Era notória a queda da temperatura conforme subia. Respiração ofegante, mas não pela altitude e sim pela inclinação. Ao sair da vegetação e próximo de alcançar o ponto mais alto, cheguei a primeira barraca, parei para filmar um pouco a paisagem espetacular que deixara para trás. Continuei a subir e logo alcancei a área aberta com vento forte, e claro, a sensação térmica despencou. Imediatamente tirei a mochila, vesti o agasalho e calcei meu outro par de luvas. O visual era fantástico estava num vale, com montanhas altas e nevadas dos dois lados, mas a ordem era não parar nunca para não congelar. Admirar, mas sem vacilar. Filmei em vários pontos e alguns corredores me passaram, duas ou três mulheres de short (cada um sabe o frio que sente) eu ainda tinha outro agasalho na mochila, uma balaclava, calça impermeável, e claro a manta de sobrevivência.
Segui esse trecho extasiado com a paisagem. Tirar as luvas fazia com que as mãos perdessem movimento por causa do frio, por isso filmava pouco. O percurso estava bem marcado, uma estaca a cada 20 ou 30mts, mesmo assim me mantive alerta. Tive a certeza de que cortar o trecho do glaciar foi a decisão certa, e que de forma alguma havia deixado a prova fácil.
Ao terminar essa passagem, desci novamente a um trecho de bosque, já sem vento, onde era confortável ficar sem luvas.
O percurso seguia por esse bosque de várias cores, característica do outono. Cruzamos vários rios estreitos, mas suficientes para molhar e endurecer os dois pés com água potável e gelada. Mesmo aí, a neve que havia me acompanhado durante toda a prova, continuava a cair.
Tinha uma barra de chocolate que havia deixado para o final, quando já estivesse num ritmo mais lento, estava toda derretida por ter ficado perto do corpo, e meu desapontamento foi total, mas bastaram 5 minutos correndo com ela na mão para que voltasse a ser uma barra sólida (nem meu congelador faz isso tão rápido).

Passei por aí a noite, com neve ao redor da trilha deixada pelos corredores.
Foto: Graciela Zanitti / iloverunn.com
O barro, que foi o maior adversário ano passado, marcou presença, mas em menor intensidade, deixando o percurso mais rápido. A noite começou a cair e, quando passei por uma cerca, percebi que entrara em propriedade privada e portanto estava perto da estância Perales, chegada dos 70km. A 100mts da chegada cruzei o último rio da prova, com uns 30mts de largura, de água calma e cristalina pouco abaixo dos joelhos, a temperatura ambiente (perto de zero). Era 21:15 da noite.
Peguei minha sacola entrei num lugar aquecido, depois de cumprimentar os amigos e comer. Fui ao banheiro de fora para trocar as roupas, e mesmo com roupas secas percebi o frio congelante que fazia. Muitos corredores continuavam suas provas de diferentes distâncias.
Estava feliz, havia encontrado o que vim buscar nessa prova. Desafio, estratégia, tomada de decisões, adaptação ao meio ambiente, menos barro e mais corrida. Passar o dia inteiro correndo e pouco a noite. Não bastou treinar corrida, o lugar exigiu muito mais que isso.
Morte na prova.
No dia seguinte, num café da manhã tardio, ouvi que a prova de 30km virara 15 pelo mal tempo, muito pior que dia anterior, e que um corredor das 100 milhas havia morrido.
A noite, na cerimônia de premiação nos avisaram que Arturo Martínez Rueda morrera na parte alta do percurso por hipotermia, fizemos um minuto de silêncio e logo após houve protesto de uma pessoa dizendo que não haviam médicos e que o socorro foi demorado, no embalo outras pessoas fizeram seus comentários e protestos. Obviamente em respeito a Arturo e seus familiares, a cerimônia prosseguiu sem o brilho que esperava que tivesse, quando terminei a prova, na noite anterior.
Não julgo ninguém e coloco aqui apenas minha opinião. Li atentamente o site da prova antes de decidir corrê-la, assim que o percurso foi mudado sabia que dentro dos 70km, os únicos pontos de parada caso eu precisasse desistir, seriam ou a largada ou a chegada. Os outros pontos eram barracas no meio do nada, sabia disso, havia escolhido uma prova inóspita e selvagem. Ouvi as recomendações do congresso técnico. Realmente o congresso poderia ter sido mais detalhado, mas todas as decisões durante a prova vem de cada atleta, também sabia disso. Num ambiente inóspito, uma decisão tardia ou mal tomada pode ter consequências sérias. Stjepan não foi detalhista ao apontar o que encontraríamos em cada km, mas nos alertou para levarmos em consideração nossa localização geográfica. Que estávamos a 1h30 de voo da Antártica, e que sofríamos mais influência do clima de lá do que do resto do continente.
Checar os equipamentos não garante que eu os use. O staff que estava antes da parte alta, poderia ter me avisado que viria muito vento nos próximos 8km, para vestir mais roupas e não parar, mas eu também não precisei do aviso dele para me vestir. Mesmo que houvesse paramédicos nas 3 barracas que cobriam os 8km, Arturo foi encontrado entre elas. Se eu parasse para descansar naquele lugar poderia ficar paralisado e anestesiado em poucos minutos pelo frio, até morrer.
Por último, se eu estivesse em apuro ou quisesse desistir, faria o máximo para chegar a uma barraca, pediria para que alguém me vestisse com as roupas que tinha na minha mochila, inclusive a manta de sobrevivência, e ficaria lá o tempo que achasse necessário. Foi o que fizeram 2 corredoras, porém tiveram que ficar lá por 3 dias esperando uma janela de tempo bom para poder retornar. O importante é que estavam seguras, com comida, água e gás. Provavelmente a decisão delas de parar lhes salvou a vida. Também sabíamos que o resgate num lugar tão inóspito seria demorado.
Quando um atleta morre na mesma prova que você está, ela perde o brilho e muitos pensamentos controversos invadem a mente. Já se passaram 10 dias e continuo pensando se era tão fácil assim ter evitado aquela situação.
Consigo pensar em inúmeras outras formas de complicar a vida do corredor naquele percurso, sem a menor possibilidade de culpar a organização ou o corredor. É o risco que se corre ao escolher uma corrida que passa por lugares onde seres humanos não costumam passar.
Ayrton Senna era o melhor piloto, e levou mais de 20 anos para que outro piloto morresse na F1. Maximizaram a segurança para os pilotos, mas eles não passaram esses 20 anos achando que a morte não era uma possibilidade. ”Depois que o barco afunda há sempre alguém que sabe como ele poderia ser salvo.” (provérbio italiano).
Existem corridas e corridas, e nem todas servem para todos. Não basta escolher os quilômetros, a paisagem ou ver quantos pontos ITRA ela dá. A organização pediu experiência prévia e equipamentos obrigatórios. Não ter um dos dois é responsabilidade sua e isso pode colocar em risco outros corredores.
É preciso consciência de que a morte é uma possibilidade para todos, mais ou menos experientes. O risco aumenta e diminui de acordo com as decisões que tomamos antes e durante a prova.
Fiz minha segunda Ultra Fiord e faria a terceira. Conservador na distância e exagerado no equipamento. Como corredor convidado, farei o máximo para ajudar a organização a aumentar nossa segurança, mas vou ciente de que sou responsável por mim, e que o risco sempre existirá.
Enzo Amato
Andes Infernal 2016 (en español)
No es una corrida convencional, pero si lo que buscas es aventura, bienvenido a Andes Infernal. (Em português clique aqui).
El valor de la inscripción fue irrisório, en el kit solo el número, no hubo medalla en la llegada, no hubo camiseta de la corrida, mucho menos de finisher, no hubo masaje al final ni mesa de frutas o isotonico, pero hubo mucha aventura en el recorrido.

Marcelo Rojas, de blanco, Rene Castel, Karl Egloff, Jaime Hume, Nicolas Miranda y yo.
Foto: Solo Running
El organizador, Marcelo Rojas, intentó hasta último momento que la corrida fuera gratuita, solo con la ayuda de voluntarios y pocos patrocinadores, pero pocos días antes del evento fue obligado a cobrar un valor mínimo de inscripción, que en mi opinión no fue una molestia, ya que el valor cobrado fue menos que en otras corridas, 34 US$ dólares para la mayor distancia, con la posibilidad de llegar a la cima de una montaña de 5400m, una ganga. Se notaba su intención de hacer que funcionara de forma gratuita, pero no fue esta vez y no será el año que viene, ya que en 2017 pretende entregar medallas, ofrecer comida en el recorrido etc…
Todos presentaron certificado médico en la retirada del kit. Conocí personalmente a Karl Egloff, el favorito de la corrida y nada más y nada menos que el tipo que subió y bajó el Aconcágua y el Kilimanjaro más rápido que cualquier otro hasta hoy (de azul en la foto).
El pronostico del tiempo era perfecto para llegar a la cima del Cerro El Plomo, a 5400m. En la edición anterior no había sido posible por mal tiempo. Lo que es completamente normal tratándose de alta montaña y eramos conscientes de esta posibilidad. Antes de la largada algunos atletas fueron revisados para ver si llevaban todos los equipamientos obligatorios.
La concentración fue en Valle Nevado, que queda más o menos a 1 hora 30 de Santiago, a 3000 metros sobre el nivel del mar. 6 de la mañana, atmosfera densa y una subida importante nos dejó a todos sin aliento con menos de 1km de corrida. Los corredores de los 28km suiguieron un camino y los de los 51km otro. Eramos apenas 43 en los 51km, o queriendo llegar a los 5400m.
Las subidas son durísimas y los bastones esenciales. Los tiempos de corte son crueles, tenía 4 horas para llegar al puesto de control en el km 14 a 4200m (foto). En esta carpa todos descansaban obligatoriamente por 5 minutos para que los médicos controlaran la saturación de oxigeno 2 veces (un aparato que agarra el dedo marca cuánto oxigeno hay en sangre). 81 en la entrada y 79 después de los 5 minutos. Un número arriba de 75 me liberaba para continuar, me sentía bien y fui.
Tenía solo 40 minutos y empecé a darle atención al reloj. Llegar a la cima no sería solo seguir adelante. Tenía que parar lo mínimo posible, incluso cuando el cuerpo pidiera un descanso, y a esa altura pedía. Ya había pasado por corredores sentados descansando, afectados por los efectos de la altura y el esfuerzo de la corrida.
Empezaba la parte más difícil de la corrida, el verdadero desafío que quería probar, llegar a los 5400m. Solo 5 minutos de subida hacían con que mirara el punto anterior mucho más bajo, seguía un zig zag interminable y ya sin marcaciones de la corrida, era subir y subir por el sendero marcado por otras personas que suben todos los días.
Otro puesto de apoyo con dos voluntarios a 4600m, descansé algunos minutos mientras uno de ellos controlaba la coordinación de uno de los corredores y le hacía algunas preguntas. Ahora mi turno, todo en orden, el voluntario me avisó que tenía solo 1h30 para llegar a los 5100 donde se cruza el glaciar. Quien no llegase hasta el medio día tendría que pegar la vuelta.
Seguí al ritmo que era posible, una caminata vigorosa pero lenta que a cada decena de pasos me obligaba a detenerme para respirar sin aliento. Parecía que terminaba un tiro de 1km cada 10 pasos. En un momento me confundí y seguí por un sendero que no llevaba a ningun lado, otro corredor me avisó mientras me pasaba tranquilamente, al ritmo que la altura permitía. Fueron minutos preciosos que perdí intentando volver al sendero, ya que el terreno era empinado, con piedras sueltas y difícil para avanzar.
Llegué al glaciar y escuché al voluntario decir – después de este nadie más sube, cerramos el paso -. Fui el último que tuvo permiso para pasar, solo dos minutos antes del medio dia. Festejé como si fuera una victoria. Ahora estaba seguro que llegaría a la cima. Me puse los crampons (una especie de corriente con clavos que afirman las zapatillas a la nieve), que nos prestó la organización y crucé los 100 o 200m del glaciar, una caida me haría bajar a mil por hora por más de mil metros montaña abajo, no sé si sobraría algo para contar la historia…más senderos y ahora la altura se hacía sentir fuerte, sentía un leve mareo y necesitaba hacer paradas más frecuentes para respirar. Por suerte el clima ayudó y no estaba tan frío como se esperaba a más de 5 mil metros, incluso así me puse un guante que encontré en el piso arriba de los míos que eran muy finos.
Algunos corredores descansaban y admiraban el paisaje de cielo azul y las montañas nevadas de los Andes. Filmar un poco arriba, saludar a otros y uno de los voluntario me dice – a esta altura tenemos la mitad de presión atmosférica que hay a nivel del mar. Me moría por comer el sandwich de salame y queso que llevaba en la mochila, pero el viento era constante y Leandro, un amigo de Brasil, que ya estaba en la cima hacía un rato quería bajar rápido y hacer una parada con más oxigeno.
Bajar fue mucho más fácil, no necesitaba hacer las paradas frecuentes, solo tener cuidado para no caerme, resbalones eran normales en las piedras sueltas.
Hice el retorno del glaciar sin crampons, ya que en ese momento no quedaban, fui con más cuidado, clavando los pies donde los otros ya habían pasado y apoyando firme los bastones.

Ya bajando, a 4600m, con el glaciar de fondo. La foto no muestra la perspectiva de la tremenda masa de hielo.
Al terminar nos sentamos por algunos minutos a 5100m para comer la mitad del sandwich y disfrutar la vista. Llegamos rapidamente a los 4600m e incluso a esa altura la sensación era de poder respirar mucho mejor. Terminamos lo que quedaba de sandwich y continuamos bajando, un trecho más peligroso. Era fácil tomar un sendero cualquiera que de a poco desaparece y te deja perdido. Sin querer tomamos un sendero diferente del que habíamos subido y la situación se puso tensa, varios corredores bajando un sendero casi recto de piedras sueltas montaña abajo, resbalando y levantando, después de un tiempo así llegamos de nuevo a la carpa médica a 4200m, donde nos controlaron nuevamente dos veces. Una leve eufória y sensación de alivio nos contagió, talvez por haber vuelto seguros o por pensar que era más bajada que subida lo que nos faltaba. Era el km 23 y habían pasado más de 9hs de prueba, impresionante, pero este es el tipo de corridas en que los kms no son parámetro, son apenas un número.
Estabamos engañados, al salir de la carpa todavía nos esperaban varias montañas, pero ahora con trechos de corrida. Pasamos por otros puntos turísticos como el Cerro Pintor, que lleva ese nombre porque tiene varios colores, hasta regresar al Valle Nevado completando 36km.
Para que la corrida sea considerada la ultra más alta del mundo necesitaba tener más de 42km, entonces nos faltaba una vuelta de 15km para concluir los 51km. Pero habían pasado 12 hs desde la largada, esos 15km nos costarían unas 3hs más, estabamos solos Leandro y yo, y todos los que trabajaban eran voluntarios. Finalmente, Marcelo nos convenció que ya habíamos hecho lo más difícil…y acatamos la decisión de terminar ahí mismo.
Estabamos felices de haber pasado todos los obstáculos del recorrido infernal, coincidiendo con la madre naturaleza que nos brindó un cielo azul y el permiso para subir El Plomo. 19 corredores llegaron a la cima y solo 7 terminaron los 51km. Karl venció con 7h58.
Así fue una corrida infernal en los Andes, llamada Andes Infernal.
Video de la corrida en breve.
Para 2017 (16/enero) las postulaciones ya están abiertas. La Andes Infernal va a tener la distancia de 36km como oficial y otras más grandes para seguir siendo la ultra más alta del mundo. La distancia de 15km, llega a los 3700m y puede ser experimentada por iniciantes que quieren saber cómo es correr en altura. Los 28km llegan a 4200m y es necesario tener cierta experiencia, ya que además de poder pasar facilmente de 6hs, el terreno empieza a complicarse. A partir de los 36km es necesario mucha experiencia. El riesgo de muerte es real por el terreno y el frío que puede hacer. En esta corrida tener los equipos apropiados significa mucho. Volvería a los 36km sin duda.
Lo que usé:
- Zapatillas: Ascics Fuji Attack 4 (era el terreno perfecto para destruir cualquier zapatilla y esta permaneció intacta).
- Reloj: Tomtom runner cardio (sabía que no duraría toda la corrida, pero lo estaba probando). Mi Polar V800 está en la asistencia técnica por defecto de fabricación, menos mal que arrepentimiento no mata.
- Bastones de trekking: Doite. Preferiría tener uno con traba en vez de con rosca por la rapidez para desmontarlo, pero lo usé casi en tiempo integral.
- Mochila: Raidlight 5L. Si el pronostico hubiera sido de frío una de 8 o 10L sería ideal.
- Lentes de sol: Briko.
- Cámara: GoPro Hero 3.
- Segunda piel: Ansilta y Columbia.
- Rompeviento: Montagne.
- Pantalón: Adidas running.
Enzo Amato
Andes Infernal 2016
Não é uma corrida convencional, mas se é aventura que você procura, bem vindo a Andes Infernal.
O valor da inscrição foi irrisório, no kit só o número, não teve medalha na chegada, não teve camiseta da prova, muito menos de finisher, não teve massagem no final, nem mesa de frutas, ou isotônico, mas teve toda a aventura do trajeto.

O organizador Marcelo Rojas de branco, René Castel, Karl Egloff, Jaime Hume, Nicolas Miranda e eu.
Foto: Solo Running
O organizador, Marcelo Rojas, tentou até o último momento fazer com que a prova fosse gratuita, só com a ajuda de voluntários e poucos patrocinadores, mas há poucos dias do evento foi obrigado a cobrar um valor mínimo de inscrição, o que na minha opinião não foi um incômodo, pois o valor cobrado foi bem menor que de outras provas, US$ 34 dólares na maior distância, com a possibilidade de chegar ao cume de uma montanha de 5400m, uma pechincha. E se notava a intenção dele de fazer dar certo, mas não foi dessa vez, e nem será ano que vem, pois em 2017 ele pretende entregar medalhas, oferecer mais comida no trajeto etc…
Todos apresentaram atestado médico na retirada de kit. Eu conheci pessoalmente Karl Egloff, favorito na prova e simplesmente o cara que subiu e desceu o Aconcágua e Kilimanjaro mais rápido que qualquer um até hoje (de azul na foto).
A previsão do tempo era perfeita para chegar ao cume do Cerro El Plomo, a 5400m. Na edição anterior não foi possível pelo mal tempo. O que é completamente normal em se tratando de alta montanha, e estávamos cientes dessa possibilidade. Antes da largada alguns atletas foram checados para ver se portavam todos os equipamentos obrigatórios.
A concentração foi em Valle Nevado, que fica mais ou menos a 1h30 de Santiago, a 3000 metros de altitude. 6 da manhã, ar rarefeito e uma forte subida deixou a todos ofegantes com menos de 1km de prova. Logo os corredores dos 28km seguem um caminho e os de 51km outro. Éramos apenas 43 nos 51km, ou querendo chegar aos 5400m.
As subidas são duríssimas e os bastões essenciais. Os tempos de corte cruéis, tinha 4h para chegar ao posto de controle no km 14 a 4200m (foto). Nessa barraca todos descansavam compulsoriamente por 5min. para que os médicos checassem a saturação de oxigênio 2x (um aparelho que abraça seu dedo marca quanto de oxigênio tem no sangue). 81 na entrada e 79 depois dos 5min. Um número acima de 75 me liberava para seguir, me sentia bem e fui.
Estava só com 40min de folga e comecei a prestar atenção no relógio. Chegar ao cume não seria apenas seguir adiante. Tinha que parar o mínimo possível, mesmo que o corpo pedisse descanso, e a essa altitude ele pede sem cerimônia. Já havia passado por corredores sentados descansando, já afetados pelos efeitos da altitude e esforço da corrida.
Começava a parte mais difícil da prova, o verdadeiro teste que queria experimentar, chegar aos 5400m. Qualquer 5min de subida fazia enxergar o ponto anterior muito mais abaixo, seguia um zigue zague interminável e já sem marcações da prova, era só subir e subir pela trilha marcada por outras pessoas que sobem todos os dias.
Mais um posto avançado de apoio com dois voluntários a 4600m, descansei alguns minutos enquanto um deles checava a coordenação de um dos corredores e lhe fazia algumas perguntas. Chegou minha vez, tudo em ordem, ele ainda me avisou que tinha apenas 1h30 para chegar a 5100 onde se cruza o glaciar. Quem não chegasse até o meio dia teria que dar meia volta.
Segui no ritmo que era possível, uma caminhada vigorosa, mas lenta que a cada dezena de passos me obrigava a parar para respirar ofegantemente. Parecia que eu terminava um tiro de 1km a cada 10 passos. Num momento me confundi e segui uma trilha que não levava a lugar algum, outro corredor me avisou enquanto me passava tranquilamente, no ritmo que a altitude permitia. Foram minutos preciosos que perdi tentando voltar a trilha, pois o terreno era íngreme, de pedras soltas e de difícil progressão.
Cheguei ao glaciar e escutei o voluntário dizer – depois desse ninguém sobe, fecharemos a passagem. – Fui o último a ter permissão para seguir, há apenas 2min antes do meio dia. Comemorei como se fosse uma vitória. Agora tinha a certeza que chegaria ao cume. Calcei os crampons, (espécie de corrente com cravos que firmam os tênis na neve) emprestado pela organização, e cruzei os 100 ou 200m do glaciar, uma queda me faria descer a mil por hora por mais de mil metros montanha abaixo, não sei se sobraria algo para contar história… mais trilhas e a altitude se fazia sentir forte agora, sentia uma leve tontura e precisava fazer paradas muito frequentes para respirar. Sorte que o clima ajudou e não estava tão frio quanto se espera a mais de 5mil metros, mesmo assim calcei a luva que achei no chão por cima das minhas que eram muito finas.
Alguns corredores descansavam e admiravam a paisagem de céu azul e montanhas nevadas dos Andes. Uma breve filmagem lá de cima, cumprimentos e um dos voluntários me diz – neste ponto temos metade da pressão atmosférica que há ao nível do mar – estava louco para comer o lanche de salame e queijo que carregava na mochila, mas o vento era constante, e Leandro, um amigo do Brasil, que já estava no topo há mais tempo queria descer logo e fazer a parada com mais oxigênio.
Descer foi muito mais fácil, não precisava mais das paradas frequentes, só cuidar para não cair, mas escorregões eram normais nas pedras soltas.
Fiz o retorno do glaciar sem crampons, pois não haviam naquela hora, fui com mais cuidado ainda, cravando os pés onde os outros haviam passado e apoiando firme os bastões.
Ao terminar nos sentamos por alguns minutos a 5100m para comer metade do lanche e apreciar o visual. Logo chegamos de volta aos 4600m e mesmo nessa altitude, a sensação era de poder respirar bem melhor. Terminamos o que havia sobrado do lanche e continuamos a descida, nesse trecho bem perigosa. Era fácil pegar uma trilha qualquer que some aos poucos e te deixa em maus lençóis. Sem querer pegamos uma trilha diferente da que havíamos subido e a situação ficou tensa, vários corredores descendo uma trilha quase reta de pedras soltas montanha abaixo, escorregando e levantando, mas depois de um bom tempo assim, chegamos de volta a tenda médica a 4200, quando nos checaram 2x novamente. Uma leve euforia e sensação de alívio nos contagiou, talvez por ter regressado em segurança ou por pensar que era mais descida que subida o que nos faltava. Era km 23 e já haviam passado mais de 9hs de prova, impressionante, mas essa é das corridas que quilômetros não são parâmetros, são apenas um número.
Estávamos errados, ao sair da tenda várias montanhas ainda nos esperavam, mas desta vez com bons trechos de corrida. Passamos por outros pontos de turismo, como o Cerro Pintor, que tem esse nome por suas várias cores. Até regressar a Valle Nevado completando 36km.
Para a prova ser considerada a ultra mais alta do mundo, ela precisa ter mais de 42km, por isso nos faltava uma volta de 15km para concluir os 51km. Mas haviam passado 12hs desde a largada, esses 15km nos custaria mais umas 3h, éramos só Leandro e eu, e todos que trabalhavam eram voluntários. Por fim Marcelo nos convenceu de que tínhamos feito o mais difícil… e acatamos a decisão de encerrar por lá mesmo.

Os 15km finais massageariam o ego, mas tudo o que passamos bastou para só regressar com boas memórias.
Estávamos felizes por ter passado todos os obstáculos daquele percurso infernal, coincidindo com a mãe natureza nos brindando céu azul e permissão para subir El Plomo. 19 corredores chegaram ao cume e só 7 concluíram os 51km. Karl venceu com 7h58.
Assim foi uma corrida infernal nos Andes, chamada Andes Infernal.
Vídeo da prova em breve.
Para 2017 a Andes Infernal vai ter a distância de 36km como oficial e outras maiores para continuar sendo a ultra mais alta do mundo. A distância de 15km, chega a 3700m e pode ser experimentada por iniciantes que querem saber como é correr em altitude. Os 28km chega a 4200m e é necessário ter certa experiência, pois além de poder passar facilmente de 6h, o terreno começa a complicar. A partir dos 36km é necessário muita experiência. O risco de morte é real pelo terreno e o frio que pode fazer. Ter os equipamentos corretos significa muito nessa corrida. Voltaria nos 36km sem dúvida.
O que usei:
- Tênis: Asics Fuji Attack 4 (era o terreno perfeito para destruir qualquer tênis, mas ele permaneceu intacto).
- Relógio: Tomtom runner cardio (sabia que não duraria a prova toda, mas estava testando) Meu Polar V800 está na assistência técnica por defeito de fabricação, mas ainda bem que arrependimento não mata.
- Bastões de trekking: Doite. Preferia ter um com trava ao invés de rosca, pela rapidez no desmonte, mas usei quase em tempo integral.
- Mochila: Raidlight 5L. Se a previsão fosse de frio, uma de 8 ou 10L seria ideal.
- Óculos de sol: Briko.
- Câmera: GoPro Hero 3
- Segunda pele: Ansilta e Columbia.
- Corta vento: Montagne.
- Calça: Adidas running.
Enzo Amato