Corrida em altitude simulada.


Semana passada pude experimentar o que é correr em altitude. Aqui mesmo em SP.

Sou voluntário de uma pesquisa da UNIFESP que avalia e compara as reações metabólicas em exercício a nível do mar, e a 4500m de altitude. Isso só é possível dentro de uma câmara capaz de simular as diferentes altitudes.

Entrei na câmara, coletei sangue, saliva e subi na esteira, caminhei 3min e logo iniciei a corrida, o protocolo do dia me colocou em velocidade moderada, não sei exatamente quanto porque os testes são cegos, mas pela experiência adquirida nos últimos 15 anos de corrida, sabia que estava próximo do ritmo de maratona, ou seja, nada desconfortável. Até os primeiros minutos de corrida ainda não conseguia diferenciar se estava a nível do mar ou a 4500m, mas logo passei a sentir um cansaço generalizado, como se estivesse num ritmo muito além do que consigo suportar, parecia que havia perdido todo meu condicionamento, em 20min minha respiração estava ofegante e minha desconfiança de estar em altitude se concretizava a cada passada, queria suportar até meu limite para aproveitar aquela oportunidade de sentir na pele a sensação de correr numa altitude realmente relevante. Cheguei até os 30min extenuado, batimentos acelerados, sensação de cansaço e tudo muito diferente do que já tinha vivenciado até hoje. 

Tudo muito interessante, passei de um extremo a outro em pouquíssimo tempo, da sensação de corrida confortável no início, para respiração ofegante aos 20min, chegando a corrida extenuante em apenas 30min. Com a esteira mais lenta do que a média da minha última maratona feita há pouco tempo atrás. A primeira impressão é que um breve descanso e o retorno numa velocidade bem mais baixa seria suportável, ou seja, meu ritmo de maratona naquela altitude é bem mais lento do que ao nível do mar.

Depois do teste ainda fico 1h em repouso dentro da câmara para mais 2 coletas sanguíneas, de saliva e fim. Ao sair da câmara, como ao entrar, não senti diferença alguma novamente, mas ao chegar em casa, tive uma vontade fora do normal de deitar e dormir, e tudo isso por causa de 30min de corrida, em velocidade moderada, mas muito intensa para 4500m do nível do mar, sem dúvida!

Não tive dor de cabeça, ânsia de vômito ou tontura após o exercício, apenas cansaço, mas as causas do exercício agudo em altitude, sem aclimatação, foi sem dúvida uma experiência diferente.

Como sempre digo, vários fatores podem influenciar o ritmo da sua corrida, calor, frio, umidade, altitude… nós brasileiros não damos a importância devida a esses fatores por não passarmos por grandes amplitudes térmicas, ou pela falta de montanhas, mas certamente fazer uma aclimatação de alguns dias, (varia de acordo com a altitude) ser bem condicionado fisicamente e respeitar os limites que aquela altitude impõe vão influenciar para melhor sua corrida em altitude.

Fiz outros 2 testes em altitude, um mais forte e outro mais fraco que o contado acima, leia como foram! Se pintou alguma curiosidade é só me escrever.

Enzo Amato


6 ideias sobre “Corrida em altitude simulada.

  1. Pingback: Corrida em altitude simulada (2) | Blog do Amato

  2. Somos da HaB Latinamerica e distribuimos a linha POWERbreathe desenvolvido na Inglaterra pela Dra. Alison MacConnell,

    É o Treinador Muscular Inspiratório numero 1 do Mundo, com conceito de que “ músculos que sejam fortes e bem condicionados são mais eficientes e requerem menos oxigênio para fazer uma determinada quantidade de trabalho do que os músculos mal condicionados” o seu objetivo é a melhora da sua força e/ou endurance, visando o aumento da tolerância ao exercício e à diminuição da dispnéia.

    Pesquisas mostram que o TMI proporcionou uma redução de tempo de até 4,6% – equivalente a menos 3 minutos para 40K

    Informações de: http:/www.powerbreathe.com/product-use/endurance-training/cycling


  3. Enzo

    Parabéns pelo seu relato, tenha certeza que é sempre muito bom ouvir as sensações dos nossos voluntários.

    Nossos testes estão chegando ao fim e ficarei com saudades de nossas conversas, mas logo, conto com você.

    É muito bom ter você como voluntário.

    Obrigada


    • Para corrida em altitudo hoje temo no Brasil a exclusividade de distribuição da LInha POWERbreathe a mais de 23 anos no mercado cientificamente comprovado e desenvolvido por Alison MacConnell na Inglaterra. POWERbreathe treina a musculatura inspiratoria fazendo com que vc tenha o alto rendimento


  4. Enzo, achei legal e interessante…..

    E uma pergunta e ideia me veio a cabeça: uma câmara destas disponível para treinamento poderia simular os treinos realizados em lugares com altitude elevada como Cochabamba na Bolívia localizado a 2.500 m de altitude?

    Onde os atletas de elite vão para lá treinar e aumentar a quantidade de glóbulos vermelhos no sangue e o condicionamento físico?

    Será que este tipo de câmara poderia servir de simulador para estes tipos de treinamentos???


    • Sem dúvida Witney, essa câmara especificamente consegue simular até 4500m, também tem outros tipos de câmaras, menores que simulam uma barraca e maiores que simulam aviões para treinamento de aeronautas.

      Seria uma ferramenta interessante, mas só útil durante os treinos, já que os atletas profissionais, quando viajam para fazer treino em altitude, passam as 24h do dia em altitude, por vários dias. A aclimatação também é muito importante, treinar depois de alguns dias já acostumado à altitude é bem diferente do que entrar de repente na câmara e começar a correr, por isso para o benefício do desempenho acredito que a melhor estratégia ainda seja ir até um lugar alto, e não só ter a câmara disponível. No local eles também tem um quarto que simula a altitude, porém tanto o quarto quanto a câmara ainda não tem a mesma pressão que sentimos na altitude, por isso não é igual a viajar para um lugar alto e treinar.

      Abraço.


Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

*

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>