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Pra guardar na memória.
Você deve ter algumas provas que guarda na memória, não tem?
Pois é, eu também, em 2013 pude participar de várias provas com paisagens legais, mas destaco duas delas, Mountain Do Atacama e Patagonian International Marathon, pela grandeza do lugar e dificuldade dos olhos e cérebro de dimensionarem a real distância e tamanho de cada montanha, pareciam tão próximas e combinando com a paisagem, mas algumas subiam a quase 3mil metros do solo e estavam há mais de 20km de distância. Algo possível de entender só estando lá.
Esses vídeos contam a história em 5min, mas os vídeos completos estão aqui no Blog. Inspire-se!
2014 venho com desafios no deserto, selva e neve no teto das Américas, clique e confira!
Mountain Do Atacama.
Patagonian International Marathon
Enzo Amato
Patagonian International Marathon, 2º vídeo
Imagine o cenário para uma prova longa na natureza, a primavera chegando, as árvores ainda sem folhas e a grama amarelada como pedia o inverno, adicione o friozinho predominante da região para impulsionar melhor a corrida… visualizou? Pois bem, nesse cenário fui correr 63km, me sentia bem, estava bem treinado e confiante, bastava olhar pra frente e recarregar as baterias com o visual, foi o que pensei, mas para fazer 63km precisei muito mais do que isso.
No primeiro texto e vídeo, consegui contar uma parte da história, agora conto a outra, a mais difícil, claro que contar a história depois dela ter acontecido fica fácil, o difícil é lidar com tudo enquanto a ação acontece, mas não pense que foi uma novela mexicana ou que eu tenha virado mártir, já fiz provas menores com muito mais sofrimento e desconhecimento, mas agora é hora de contar essa história, que rolou num lugar lindo e numa distância que pra mim, não é fácil.
Como sempre digo, o início de qualquer prova dá a sensação de ser muito fácil, afinal está treinado, descansado e psicologicamente preparado para aquela distância, mesmo assim é bom ser cauteloso no início, levar em conta o tipo de terreno, clima, altitude, distância e quanto o ambiente é diferente daquele que você está acostumado. Eu, que só queria participar, tracei a estratégia de correr com os batimentos estáveis no “Limiar 1″, em poucas palavras, ritmo que consigo manter com facilidade por muitas horas, 155 batimentos por minuto (esse número varia de acordo com seu condicionamento) por outro lado, o ritmo que você pode impor varia de acordo com o ambiente, se estivesse no calor de Fortaleza estaria correndo a 10km/h, mas no frio da patagônia chilena, mais perto da Antártica do que de SP conseguia ficar perto de 12km/h com os mesmos 155, simples razão que faz os batimentos servirem de parâmetro muito mais fidedigno do que ritmo por km, no caso de provas velozes como essa. Assim o fiz, e tenho certeza que fiz bem, pois consegui manter o ritmo por mais de 45km, quando comecei a sentir o peso da prova, e já certo de que a falta da comida começava a cobrar a conta. A viagem de SP até o parque nacional Torres del Paine foi bem apertada, e por descuido meu, não fui atrás para conseguir umas batatas cozidas com sal, fiz todos os treinos longos com elas, mas não podia levar na bagagem e acabei esquecendo de me virar quando tive oportunidade. Tenho quase certeza que algumas batatas foram a razão de ter reduzido tanto o ritmo durante a corrida nesse dia.
Comecei a prova com 4 sachês de gel, e um punhado de sal na mochila, pensando em me virar com o que a organização colocasse nos postos de hidratação, vivendo e aprendendo, nos postos só havia água e bananas e o 2º gel foi o último que consegui tomar, não descia mais e ainda estava no km 25, a partir daí segui com meia banana de tempos em tempos. Sabia que estava longe do adequado e que em algum momento podia acabar o combustível, mas ainda corria confiante e com uma sensação muito boa, afinal, era isso que eu tinha e não podia sofrer por antecipação, passei a marca de 32km, metade da prova, me sentindo bem, a partir do km 45 o percurso virou um sobe e desce constante, tanto no percurso, quanto nas minhas sensações, e a falta de energia não me deixava subir bem, que é meu forte, em compensação conseguia correr nas descidas, o que me dava mais certeza de que a alimentação, ou melhor, a falta dela, havia tomado o papel principal na minha corrida. Tinha em mente a altimetria da prova e depois dos 52km sabia que era quase tudo descida e ainda conseguia correr bem, não tinha dores articulares, que mostravam que os músculos ainda eram resistentes, esses pensamentos me faziam bem, apesar da constante presença dos momentos de baixo astral, nas caminhadas.
O percurso nunca deixou de impressionar, a temperatura chegou na máxima de 15º, o vento esqueceu da corrida e a presença do sol convidou a ficar de camiseta curta. Conforme o tempo foi passando a força foi acabando numa velocidade bem mais rápida, o gel continuava no bolso, mas o estômago virava só de pensar nele, os últimos kms foram bem lentos e com a boca seca, os postos estavam próximos mas só tomava uns goles pra não pesar demais, e a sede voltava logo, mas mesmo nesse estado relembrava que já havia passado por momentos piores em outras corridas e isso me fazia sentir confiante de que eu estava bem preparado, e que um vacilo fez a prova ser um pouco mais difícil e longa do que deveria, ao mesmo tempo me ensinou, me fez ponderar, escolher alternativas e arcar com as escolhas, me fez pensar positivo, continuar e chegar, tive todos os temperos que qualquer prova longa te oferece, por isso gosto tanto delas e não paro por aqui. Rumo aos 100km!
Espero que goste do vídeo, e se ficou alguma dúvida ou pintou alguma curiosidade, me escreva.
Enzo Amato
Vídeo da Patagonian International Marathon 2013
Serão 2 partes, o lugar é tao legal que não seria justo fazer só um vídeo. Já fiz um texto com algumas particularidades do local e da corrida, no próximo vou contar mais do que pode acontecer numa prova longa. Aguarde!
Enzo Amato
K42 Bombinhas 2013, pensando em 2014.
Comprovei que é a mais bela e desafiadora maratona no Brasil. Temperatura amena, muitas subidas, descidas, lama, mata atlântica, praias, o visual da natureza exuberante e muita gente bonita, confirmam a fama.
Já li vários textos sobre a K42, por isso não vou fazer mais um, prefiro deixar orientações para os que farão ano que vem.
Aprendi que a K42 se corre com estratégia e cabeça no lugar. Numa prova curta podemos até ir a toda velocidade, mas não aqui. A variação de inclinação e percurso é muito grande e constante, e sendo a prova desafiadora como é, temos que fazer o possível para o corpo não sentir os extremos e correr da forma mais equilibrada / regular possível.
Como?
Batimentos controlados e percepção de esforço sempre igual seja qual for o terreno, ou seja, devagar nas subidas, moderado no plano e rápido nas descidas, caso não comprometa a segurança, no caso da K42, devagar nas descidas também. O batimento cardíaco é um bom parâmetro ao invés de se preocupar com ritmo por km.
Nas trilhas o mais fácil é subir, se estiver cansado vai ter que subir devagar e pronto, mas as descidas castigam muito mais, por isso procure flexionar um pouco os joelhos nas descidas mais ingrimes, isso dá mais estabilidade, mas não significa 100% dela. Não dê grandes saltos ou passadas largas nas descidas, isso vai te cansar mais, além de ser perigoso. Recomendo os tênis de trilha, mas ainda é comum ver pessoas com os tênis convencionais. Todos completamos, mas talvez eu tenha escorregado um pouco menos.
Apesar dos vários postos de hidratação acabei sentindo sede em alguns trechos e ter levado uma mochila de hidratação ou um cinto, como sugeriram os organizadores, teria ajudado. Apesar da forte recomendação de jogar o lixo no lixo e ter cestos logo após os postos, vi muito rastro de corredor porco nas trilhas, e já acho mais conveniente as corridas em trilha não entregarem copos d’água pelo bem do local que estamos usando para correr. Pagar inscrição não dá direito a descartar lixo em qualquer lugar.
Não havia mata fechada ou single tracks com risco de arranhar as pernas, por isso usar calça só resolveria se estivesse frio mesmo. Fui de short e camiseta regata.
Para proteger os pés usei esparadrapo nas áreas de maior atrito, vaselina nas pontas dos dedos e polvilho granado para manter os pés secos por um pouco mais de tempo. 2 pares de meia, a 1ª de poliamida, a outra mais grossa. Meus pés ficam mais confortáveis, porém ao entrar na água ficam mais pesados. Tomar banho antes da largada vai deixar seus pés mais sensíveis e com alto risco de causar bolhas. Banho no máximo na noite anterior.
A prova começou com garoa e mesmo assim passei protetor solar, em provas longas o clima pode mudar durante a prova e em Bombinhas foi exatamente o que aconteceu. Um boné sempre ajuda caso um galho apareça enquanto você olha pro chão. Apesar de eu não ter usado e não ter passado por lugares com vegetação tão fechada.
Os primeiros colocados levam cerca de 40% mais tempo para concluir a K42 se comparado a uma prova no asfalto, para os amadores percentualmente o valor é menor, mas pode contar algumas horas a mais da sua melhor corrida no asfalto.
No vídeo fica mais fácil de ver como é a prova, a paisagem e a fama que a K42 tem. Levei 5h13 e podia ter sido muito mais porque o visual é hipnotizante e dá vontade de parar e respirar fundo antes de continuar. Feliz por ter conhecido mais um canto do meu lindo país. Espero você lá ano que vem!
Se você fez a prova e quer deixar sua contribuição para os que farão ano que vem, será muito bem vinda.
Enzo Amato.
Nascidos para correr (vídeo)
Pra quem gosta de correr, mas não leu o livro de Christopher McDougall, esse vídeo dá uma palhinha do que é. Vale a leitura para enxergar mais longe. O vídeo termina num dos tópicos mais legais do livro, os tênis.
Fonte: TED
Xterra 50km – Ilhabela
Lá estava eu, 8 da noite na estrada de castelhanos, ciente da mata que me cercava, mas enxergando só o feixe de luz da lanterna, sem forças para correr, tendo como única opção naquele momento caminhar, não passar frio, e encarar os quase 20km que ainda faltavam, carregando o cansaço de já ter feito 30km. Não era meu melhor dia para fazer aquela prova, senti isso desde o início onde meus parâmetros aceitáveis para um início de prova estavam descontrolados, batimentos altos, sensação de desconforto, mas até então acreditava que aquilo ia passar, como acontece em toda prova longa onde é comum passar por altos e baixos, mas naquele dia foi diferente, não passou!
Chegamos em Ilhabela no dia anterior, Ilhabela é um dos lugares deste Brasil que dispensa apresentações e é capaz de receber um multievento como o Xterra, que no mesmo fim de semana, realiza um triathlon fora de estrada, natação e corridas de várias distâncias, de 9 a 80km, escolhi participar dos 50km. Me sentia bem, havia feito os treinos longos da preparação e descansado bem nas semanas anteriores, ou seja, estava dentro do planejado para uma prova de distância respeitosa como essa. Fiz as refeições que antecedem a prova também como o planejado, basicamente carboidratos, deitei um pouco após o almoço e em seguida comecei a me arrumar, pois a largada seria as 16 horas. Esparadrapo e vaselina nos pés, 2 pares de meia, água na mochila de hidratação, suplementação, sal, kit de primeiros socorros, bandana, lanterna de cabeça, óculos e tudo pronto, escrevendo parece fácil demais. Éramos cento e poucos atletas, percorremos os primeiros 10km praticamente a beira mar, com sol, calor ameno e brisa forte que agitava as águas por onde os nadadores haviam acabado de passar. Costumo começar grandes desafios de forma bem controlada e devagar para que os batimentos subam aos poucos até a hora que começo a fazer força de verdade, mas nesse dia, mesmo bem devagar o coração já estava acelerado, continuei devagar imaginando que ainda estivesse fazendo a digestão do almoço, pois o prato foi bem servido, e que mais adiante poderia correr normalmente. Lá pelo km 12 ainda em ritmo lento, começava uma subida constante de aproximadamente 11km até 700m de altitude para depois descer os mesmos 700m só que dessa vez mais acentuados, em apenas 7km até a praia de castelhanos em noite de lua cheia. Comecei a usar a lanterna com pouco mais de 1h30 de prova, pois nem sempre era por estrada de terra, as vezes entrávamos em trilhas mais fechadas e a luminosidade reduzia bastante, segui no ritmo que era capaz e no topo da subida havia um, dos 3 postos de hidratação, mas como ainda tinha muita água, resolvi pegar apenas um punhado de uvas passas e seguir, fiz a descida com cautela, pois já que não podia ir forte, queria ao menos manter a regularidade para retornar no mesmo ritmo e com pernas, incentivar os corredores dos 80km que vinham na direção contrária me fazia sentir bem, e nessa altura pensava que o desconforto do início era resultado de uma digestão ainda em andamento, mas enfim, comecei a ouvir o barulho do mar e ao pisar na areia o visual era incrível, a lua cheia iluminava o céu, as nuvens, os morros, o mar, a areia e dava um tom escuro e diferente pra cada um deles, apaguei minha lanterna e segui as tochas por quase 1km, alguns garotos locais orientavam e conversavam com os corredores, o que me acompanhou, não tinha mais que 6 anos e me explicou o caminho com detalhes e animado como seu eu fosse o primeiro.
Na praia, o segundo ponto de hidratação, dessa vez peguei água e uma banana, já havia cruzado a ilha de oeste a leste, agora era hora de voltar, subir 7km ingrimes e descer os 11km até chegar na praia de perequê novamente. O caminho era bem sinalizado por fitas e onde poderia causar dúvida sempre havia pessoas da organização para orientar, mas depois de ter comido a banana, além do cansaço acumulado comecei a sentir peso no estômago, não imaginei que isso pudesse acontecer porque corria devagar, mas aconteceu, voltei a lidar com mais um momento de desânimo, a subida não terminava, as pessoas que estavam no mesmo ritmo que eu, agora me ultrapassavam, sinal de que o que era lento estava mais lento, e a escuridão deixava tudo mais intenso, não tinha mais o que fazer a não ser continuar, a opção da desistência existia, bastava esperar, mas não me passava pela cabeça, estava lá para participar, e quem resolve correr 50km sabe que não vai ser fácil, então mesmo que mais lento eu estava na prova, intercalei muitas caminhadas com corrida leve até o último ponto de hidratação no topo da subida, passei direto, sabia que o que eu tinha dava para a descida, passei a correr constantemente apesar de ainda ter que caminhar algumas vezes, mas a mente voltou ao estado normal e conseguia prestar atenção no ruído dos animais da noite, pude ouvir corujas e outros ruídos que não sei do que era, mas certamente o intruso ali era eu, continuei, terminada a descida corri por alguns quilômetros pelo bairro até chegar na praia, a mesma praia a qual havia começado a correr quase 7 horas atrás. Que foi tempo suficiente para aprender muita coisa e ainda chegar com sorriso no rosto.
A chuva teria deixado o percurso mais difícil, mas mesmo assim não é tão técnico e nem perigoso, porém pequenos detalhes que, na minha opinião, fizeram a organização parecer menos séria, como horário das largadas que foi alterado 2 vezes na semana da prova, sendo uma delas durante o simpósio técnico, faltando 13 horas para a largada, por um motivo detectado no ano anterior e também ter mais agilidade para retirada do kit. São pequenos detalhes que podem dar mais credibilidade, pois o evento é muito bom. Se quiser deixar um comentário para os próximos leitores será bem vindo.
Enzo Amato.
Vídeos dos treinos, e do Ironman BRA 2013.
Veja alguns dos vídeos feitos pelo MidiaSport durante a preparação da turma que treinei para o Ironman Brasil 2013.
Muita dedicação, diversão e aprendizado não só para uma prova, mas para a vida.
1º Vídeo. 100km de bike sendo 20km a subida da serra de Campos do Jordão e corrida ingrime de 9km até o Pico Agudo em Santo Antônio do Pinhal – SP.
2º Vídeo. 80km de Bike + 12km corrida no sábado e 4000 de natação no domingo.
Foi um enorme prazer e desafio treinar essa turma.
3º Vídeo. Ironman Brasil 2013 em Floripa. Vê-los bem durante a prova foi minha recompensa, a chegada só um detalhe inesquecível.
Enzo Amato.