Ultraman 2010

Foi realizado nesse final de semana o Ultraman no Hawaii, diferentemente do Ironman que deve ser completado em até 17 horas num único dia totalizando 226km, o Ultraman se divide em 3 dias num total de 515km.

No primeiro dia os atletas encaram 10km de natação em mar aberto e pedalam 145km em percurso cross country. No segundo dia complementam com 276km o percurso de ciclismo, em estrada. O terceiro e último dia correm uma maratona dupla de 84km.

Num Ironman, que consiste em 3,8km de natação, 180km de ciclismo e 42,2km de corrida os primeiros colocados terminam a prova em pouco mais de 8 horas, no Ultraman são necessárias quase 22 horas, não podendo passar de 12 horas em cada dia.

Atletas amadores são a maioria numa prova de Ironman, as 24 etapas ao redor do mundo reúnem em média 2 mil atletas em cada uma delas, sendo alcançado o número limite de inscritos em poucas horas. No caso do Ultraman só atletas convidados podem participar tendo um limite de 35 atletas. Em 2010, 23 homens e 10 mulheres completaram o percurso.

Os brasileiros Alexandre Ribeiro, Milton A. de Souza e Vanuza Maciel completaram a prova com grandes resultados, mas tanto no Ironman quanto no Ultraman ou qualquer outra prova de longa distância, o mais gratificante é superar as adversidades que a prova impõe e concluir o desafio.

Seja lá com qual tempo ou colocação, todos merecem nossa admiração e os parabéns.


Empresa que fabrica pulseira quântica é multada por propaganda enganosa na Espanha

GUILHERME GENESTRETI

de São Paulo

MARIANA PASTORE

Colaboração para a Folha
Leticia Moreira/Folhapress

A promessa de que suas pulseiras “contêm um holograma que armazena frequências que reagem positivamente ao campo de energia natural do seu corpo para melhorar a força, equilíbrio e flexibilidade”, custou à Power Balance na Espanha o equivalente ao preço de 428 pulseiras: 15.000 euros. Esse valor é referente à multa aplicada pelo governo por propaganda enganosa, de acordo com o jornal “El País”.

A associação dos consumidores espanhola Facua entrou com uma ação contra a empresa em abril deste ano. Ela considera a pulseira “ridícula”.

A Power Balance já vendeu mais de 300 mil pulseiras em toda Espanha, que custam entre 35 e 42 euros.

Segundo o periódico, o site da empresa encontra-se temporariamente indisponível.

No total, a Facua arquivou 14 denúncias sobre este tipo de produto, uma para cada marca de pulseiras milagrosas detectada.

As empresas que distribuem essas pulseiras demonstram seus efeitos com base em testes de equilíbrio, mas não há relatos científicos que justificam esses efeitos. Em maio, um estudo da Faculdade de Educação Física e Esporte da Universidade Politécnica de Madri, com 79 voluntários, constatou que os braceletes não têm efeito. “Os resultados nos levam a concluir que as pulseiras Power Balance não têm qualquer efeito sobre o equilíbrio, nem mesmo efeito placebo”, disse o líder do estudo, Jesus Javier Rojo, médico e professor de saúde e desempenho humano, ao jornal El País.

Dois surfistas da Califórnia, os irmãos Rodarmel, são responsáveis pela invenção que conquistou milhares de pessoas. O sucesso na Espanha foi imediato e acompanhada por uma política agressiva de patrocínio de eventos.

Em abril, o Instituto Nacional do Consumidor (dependente do Ministério da Saúde espanhol) enviou uma mensagem às comunidades autônomas, advertindo que estas pulseiras fazem publicidade enganosa.

NO BRASIL

A propaganda dos fins terapéuticos das pulseiras bioquânticas está suspensa no Brasil desde o dia 3 de setembro deste ano, quando a determinação foi publicada pela Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) no Diário Oficial da União.

Tanto a revendedora da empresa Power Balance (americana) quanto a Life Extreme (brasileira) foram proibidas de alardear supostos efeitos como a melhora do equilíbrio e o estímulo da circulação sanguínea.

Segundo informou a assessoria de imprensa da Vigilância Sanitária, as companhias se comprometeram a retirar a propaganda de seus sites e outros meios de comunicação. Desde então, segundo a Anvisa, não foram encontradas irregularidades.

Caso infringissem a determinação, as multas às empresas poderiam variar de R$ 2.000 a até R$ 1,5 milhão.

Minha opinião: Isso é só uma pulseira, ela não te dá super poderes. Se você quer ser mais forte, ter mais equilíbrio ou ficar mais flexível, treine para isso. Se você gosta de pulseiras, escolha sua cor preferida e compre a sua.


Smartcaps e Smartshot, novos energéticos.

A nutricionista Vanessa Pimentel testou os novos produtos que chegaram ao mercado.

O Smartcaps, energético em cápsula e o Smartshot, versão líquida, prometem aumentar a disposição física e mental. Veja o que ela disse. “gostei muito pois disperta, por não conter pimenta, como  muitos do mesmo gênero, não causa desconforto gástrico, como náuseas, dor no estômago, refluxo…o sabor do produto líquido é forte e por isso pode ser desconfortável durante uma corrida, já os comprimidos, Smartcaps tem sabor neutro, são práticos de serem levados para os treinos, entretanto os comprimidos são grandes, e nesse caso, o produto líquido pode ser uma boa saída.

Indico-os principalmente para aquela época em que o individuo está esgotado devido ao trabalho, estresse e precisa apenas de um empurrãozinho. Toma-lo por volta de meia hora antes do treino deixa o praticante de atividade física mais bem disposto para a mesma.

Outra boa indicação é para a hora do trabalho, quando bate um soninho em hora inapropriada.

É um bom produto principalmente por não proporcionar sintomas indesejáveis como os citados acima!”

Outras situações interessantes seriam:

Antes de uma corrida noturna, se você trabalhou o dia todo, antes de uma prova importante como vestibular ou uma reunião de trabalho.


Indústria do esporte crescerá 15% neste ano.

Na esteira dos megaeventos esportivos que acontecerão no Brasil em 2014 e 2016, a indústria do esporte já começa a celebrar o crescimento do setor. Segundo estimativas da associação do segmento, a Abriesp, este ano conta com bons reflexos do que virá por aí. “A indústria do esporte vinha crescendo cerca de 10% nos últimos anos. Para 2010, a previsão é aumentar 15% em relação a 2009. O mercado deve dobrar nos próximos cinco anos”, observou Sérgio Schildt, vice-presidente da entidade.

A Abriesp leva em consideração o fabuloso aporte que a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, devem gerar para a economia do País. De acordo com estudo encomendado pelo Ministério de Esporte à Fundação Instituto de Administração (FIA), da USP, esses eventos devem agregar a R$ 285,2 bilhões aos cofres brasileiros.

Para Schildt, que preside a Recoma, uma das principais empresas do segmento de infraestrutura esportiva, uma parte importante dessa quantia irá para o setor de equipamentos esportivos. Ele afirma que a maior procura é por instalações que atendam os esportes mais praticados pela população, como ginásios poliesportivos ou campos de grama sintética. Schildt acrescenta que, no caso da Recoma, a companhia tem, hoje, cerca de cem obras simultâneas em andamento e deve crescer 60% em 2010.

Em suas palavras, as obras conduzidas pelas empresas do setor devem ganhar intensidade não somente nas cidades-sede. Afinal, os municípios vizinhos aos locais de competições podem atender a demanda por espaços apropriados oferecendo centros de treinamento às seleções esportivas. Entre as cidades que podem funcionar como sub-sedes dos grandes eventos estão Vitória (ES), Florianópolis (SC), Maceió (AL), São Luís (MA), Foz do Iguaçu (PR), Uberlândia (MG) e Mogi das Cruzes (SP).

 www.mmonline.com.br 

Fonte:Meio & Mensagem 17/11/2010


Meias de compressão, sim ou não?

Hoje em dia é comum observarmos em provas de triathlon e corrida o uso dessas meias, que na verdade vão do tornozelo até a parte inferior do joelho e que prometem melhorar o retorno venoso (sangue que retorna ao coração) diminuir a dor muscular na panturrilha, evitar câimbras, ajudar na recuperação etc…

Esse tipo de meia já existe há muitos anos no meio clínico, indicada para pessoas com problemas de circulação nas pernas, que não tem nada a ver no caso de corredores durante a prática da atividade física, onde o coração trabalha mais rápido que o normal e consequentemente bombeia sangue muito mais rápido.

Um estudo realizado em 2009 analizou 21 corredores amadores homens entre 25 e 60 anos de idade, que tinham entre 4 e 35 anos de experiência em corridas, pesavam entre 62 e 90kg, com percentual de gordura entre 8 e 17% e que faziam 10km entre 34 e 61 minutos.

O estudo foi realizado em esteira, primeiro sem as meias de compressão e 10 dias depois com elas. A velociade da esteira aumentava 1km/h a cada 5 minutos e a velocidade inicial variava dependendo do corredor justamente para que todos  passassem  de 30 minutos de corrida antes de chegar a exaustão.

O resultado mostrou que usando as meias os corredores suportaram em média 1:41 mais tempo do que sem as meias, ou seja, de 35:03 no primeiro para 36:44 no segundo teste. Dentre as outras variáveis analizadas percebeu-se uma melhora de 2 a 6% quando os corredores usaram as meias, a única variável que não mostrou mudança foi no VO2.

Não posso encarar como verdade absoluta apenas por ter lido um artigo, já que existem muitas outras variáveis e maneiras de realizar o estudo que podem nos mostrar outros resultados, mas podemos colocar a cabeça para pensar e encontrar vários caminhos que ainda precisam ser explorados para determinar a utilidade das meias. O estudo foi feito em atletas amadores o que torna os resultados muito subjetivos, já que atletas amadores podem perceber mudanças nos seus tempos mesmo sem mudar sua rotina, que por si só já não é como a rotina de um atleta profissional. As meias também podem ter influenciado mais a parte psicológica do que a física, nesse caso não havia como estudar um grupo de controle (usando placebo), mas por outro lado, o que podemos esperar de aumento de performance apenas usando um acessório? Talvez 2 a 6% seja bastante, já que não mudamos nada no treinamento, alimentação ou descanso, é apenas um acessório.

Já em uma situação ela pode ajudar muito, se o atleta vai para uma prova longe de casa e enfrentará uma viagem longa pela frente, sentado na poltrona de um avião, ônibus ou carro, as meias podem ajudar a diminuir o inchaço causado pelas longas horas sem movimento.

A moda parece que veio para ficar, mas ainda não me convenceu de que tem um benefício significativo na parte física tão grande como na psicológica. Ainda vão aparecer vários outros estudos científicos que comprovem ou não a eficácia das meias. Se os benefícios fossem realmente incontestáveis, todos os atletas profissionais a usariam, e não é o que acontece. Se você acredita que as meias podem te ajudar, provavelmente elas ajudarão, mas não deixe de treinar, comer bem e descansar adequadamente porque por mais que você acredite, a meia não faz milagre.

Queria saber sua opinião caro leitor, se já usou as meias, e o que sentiu durante e depois da corrida?

Abaixo deixo o link do artigo científico que consegui no blog do professor Renato Dutra.

Kemmler et. al. (2009). Effect of Compression Stockings on Running Performance in Men Runners. J. Strength Cond. Res. 23 (1): 101-105.


Piloto automático

Durante uma prova você já sentiu que estava no piloto automático?

Essa foi uma pergunta que o André, do Midiasport, certa vez fez pra mim. Na hora não soube responder, mas depois de algumas provas e repensando melhor a pergunta dele, posso dizer que numa corrida, especialmente as longas, existem momentos que você esquece de olhar o relógio, se desconcentra, pensa na vida, mas mesmo assim continua correndo naquele ritmo, sendo assim pode-se dizer que,  mesmo superficialmente, estava no piloto automático. Mas a pergunta dele foi feita logo após meu primeiro Ironman, em 2007, e ele imaginava uma resposta mais aprofundada.

Quantas vezes, você corredor, fez uma prova no ritmo que pretendia fazer e logo após cruzar a linha de chegada, justamente alguns passos depois de ter parado de correr, uma queimação toma conta das pernas te deixando desengonçado até para continuar caminhando, sendo que há poucos metros atrás estava na arrancada final com o peito estufado para sair bem na foto? O que será que acontece conosco? Não me refiro somente a nós, simples mortais amantes da corrida, mas aos profissionais também, as pernas deles também queimam no final.

Para tudo o que fazemos nosso corpo busca um estado de equilíbrio para continuar. A sensação a princípio é de desconforto, pois o equilíbrio é quebrado, mas logo o corpo busca se adaptar àquela situação e voltar a sensação de “conforto” ou, para os que correm muito forte, sentir que “é possível continuar”. É aquela sensação que temos logo no início do treino, achando que aquele dia não vai dar, mas logo os músculos e respiração entram em equilíbrio e o treino segue, é a sensação quando deixamos a parte plana e encaramos uma subida, enfim o corpo sempre se acostuma à situação, desde que você busque encontrar o ritmo correto que a situação exige.

Logo após terminada a corrida nosso cérebro já avisa o corpo que o desafio acabou e o esgotamento físico que foi se instalando durante a corrida toma conta de uma vez, nesse momento o corpo inicia um trabalho de reparação, onde fica praticamente impossível caminhar normalmente, quem dirá correr outra vez.

O que quero explicar é que durante a prova podemos não saber nem perceber que estamos no piloto automático, mas depois dela fica claro que sim, e que esse é um ítem de série.

Tá respondido André? E você caro leitor, o que acha?


O Iceberg e a Psicologia do Esporte

 

Embora seja um clichê a comparação da Psicologia com um iceberg, acredito que essa seja uma das imagens mais ilustrativas para o que pretendo desenvolver nesse texto, a idéia de que a Psicologia do Esporte vai muito além do que estamos acostumados a ver ou ouvir por aí.

Quando se fala em Psicologia do Esporte, logo aparecem temas como concentração, ansiedade, motivação, e principalmente, treinamento mental. Aos poucos, todos esses temas serão abordados nessa coluna, mas nesse mês quero continuar a reflexão que iniciei em meu primeiro post: Preparação Psicológica?

Principalmente para os treinadores e atletas que estão acostumados a trabalhar com planilhas, periodização e dados objetivos, quando entramos no universo da Psicologia as coisas viram de cabeça para baixo, uma vez que a Psicologia é subjetiva, por mais que tentem tratá-la de formas objetivas algumas vezes.

É fato que se um atleta fizer a planilha de treinos conforme combinado, se alimentar direito e dormir bem, seu condicionamento físico irá melhorar, e isso poderá ser medido em melhorias de tempo, redução de peso, aumento de massa muscular, etc. Esse é o viés objetivo da prática da atividade física que está presente nos outros três tipos de preparação que comentei: técnica, tática e física.

Mas a Psicologia funciona de uma forma diferente, e se não considerarmos essa especificidade, não será possível dialogar de uma forma produtiva. Se eu identificar um problema de concentração em um atleta e passar uma lista de exercícios para ele fazer diariamente, é certeza que ele não terá mais problemas de concentração?

Não! É fato que sua concentração deverá melhorar, mas isso não significa que, por mais que ele treine tais exercícios, ele será um atleta sem problemas de concentração ou que essa melhora será significativa. E isso acontece porque os aspectos psicológicos são subjetivos e não objetivos.

De uma forma objetiva eu “trataria” o problema do atleta que estamos usando de exemplo da seguinte forma: aplicaria um teste e descobriria seu problema, depois ensinaria a ele exercícios e técnicas que qualificam a concentração, e então, se ele treinasse devidamente e repetidas vezes, apresentaria uma melhora significativa nesse aspecto psicológico.

Mas como bem sabemos, nem sempre isso acontece, pois existe a tal da subjetividade que muda tudo, e a imagem do iceberg ilustra bem essa idéia. A questão é que o problema identificado em um teste e os exercícios e técnicas de concentração que seriam “prescritos” estão na parte visível do iceberg, e como podemos ver na foto, existem muitas coisas que não conseguimos ver que sustentariam esse problema de concentração.

Por isso precisamos ir além, compreender mais desse atleta, conhecer sua história, saber qual é a sua “dinâmica de funcionamento” (o jeito dele se relacionar com ele mesmo, com os outros, com os desafios, com os momentos de pressão, seu padrão de pensamento, etc). E nesse sentido é fundamental pensar sobre esse problema, e não simplesmente fazer exercícios para melhorar a concentração! Esse “pensar sobre” é o viés subjetivo e é a característica principal da Psicologia.

Voltemos ao nosso atleta, pode ser que ele seja muito bom e tenha plenas condições físicas de fazer boas provas e ter bons tempos, mas é muito inseguro, tem muito medo de fracassar e “precisa” ter algo para se escorar em caso de um fracasso. Ao longo de sua história como atleta sua concentração tornou-se essa “desculpa” para momentos de fracasso. Nesse caso, como descobriríamos isso? Será que testes identificariam essa questão? Além disso, devemos focar em trabalhar a concentração ou a necessidade de ter uma desculpa a priori?

Enfim, ainda que seja um exemplo simples (nossa subjetividade é bem mais complexa que isso!), é apenas uma forma de ilustrar que quando pensamos em preparação psicológica não podemos descartar a imagem do iceberg.

Treinar nossa condição psicológica exige reflexão, autoconhecimento e autodesenvolvimento, não é uma mera questão de conhecer e aplicar técnicas psicológicas, e por isso, quando começarem a pensar sobre a condição psicológica de vocês e identificarem um problema, além de ir atrás de exercícios e dicas, se perguntem sobre os caminhos desse “problema”, tenho certeza que sua história lhe trará muitas respostas e que esse problema não se manifesta apenas na prática de atividade física.

Para melhorar nossa condição psicológica é preciso pensar. Mergulhar em nós mesmos e buscar o que há na parte de baixo do nosso próprio iceberg! Boas reflexões!

Forte abraço, e divirtam-se nos treinos e provas!

Rafa Dutra

Rafa Dutra é psicólogo e tem como áreas de atuação a clínica, a educação e o esporte. É parceiro da Assessoria Esportiva Enzo Amato, parte da equipe de psicólogos do “Espaço da Psicologia” e da “Clínica Esporte Vivo”, psicólogo da seleção brasileira de handebol juvenil, dos tenistas da WBT e da Crosscourt, e faz parte da atual diretoria da ABRAPESP – Associação Brasileira de Psicologia do Esporte.