Patagonian International Marathon, 2º vídeo

Imagine o cenário para uma prova longa na natureza, a primavera chegando, as árvores ainda sem folhas e a grama amarelada como pedia o inverno, adicione o friozinho predominante da região para impulsionar melhor a corrida… visualizou? Pois bem, nesse cenário fui correr 63km, me sentia bem, estava bem treinado e confiante, bastava olhar pra frente e recarregar as baterias com o visual, foi o que pensei, mas para fazer 63km precisei muito mais do que isso.

No primeiro texto e vídeo, consegui contar uma parte da história, agora conto a outra, a mais difícil, claro que contar a história depois dela ter acontecido fica fácil, o difícil é lidar com tudo enquanto a ação acontece, mas não pense que foi uma novela mexicana ou que eu tenha virado mártir, já fiz provas menores com muito mais sofrimento e desconhecimento, mas agora é hora de contar essa história, que rolou num lugar lindo e numa distância que pra mim, não é fácil.

Como sempre digo, o início de qualquer prova dá a sensação de ser muito fácil, afinal está treinado, descansado e psicologicamente preparado para aquela distância, mesmo assim é bom ser cauteloso no início, levar em conta o tipo de terreno, clima, altitude, distância e quanto o ambiente é diferente daquele que você está acostumado. Eu, que só queria participar, tracei a estratégia de correr com os batimentos estáveis no “Limiar 1″, em poucas palavras, ritmo que consigo manter com facilidade por muitas horas, 155 batimentos por minuto (esse número varia de acordo com seu condicionamento) por outro lado, o ritmo que você pode impor varia de acordo com o ambiente, se estivesse no calor de Fortaleza estaria correndo a 10km/h, mas no frio da patagônia chilena, mais perto da Antártica do que de SP conseguia ficar perto de 12km/h com os mesmos 155, simples razão que faz os batimentos servirem de parâmetro muito mais fidedigno do que ritmo por km, no caso de provas velozes como essa. Assim o fiz, e tenho certeza que fiz bem, pois consegui manter o ritmo por mais de 45km, quando comecei a sentir o peso da prova, e já certo de que a falta da comida começava a cobrar a conta. A viagem de SP até o parque nacional Torres del Paine foi bem apertada, e por descuido meu, não fui atrás para conseguir umas batatas cozidas com sal, fiz todos os treinos longos com elas, mas não podia levar na bagagem e acabei esquecendo de me virar quando tive oportunidade. Tenho quase certeza que algumas batatas foram a razão de ter reduzido tanto o ritmo durante a corrida nesse dia.

Comecei a prova com 4 sachês de gel, e um punhado de sal na mochila, pensando em me virar com o que a organização colocasse nos postos de hidratação, vivendo e aprendendo, nos postos só havia água e bananas e o 2º gel foi o último que consegui tomar, não descia mais e ainda estava no km 25, a partir daí segui com meia banana de tempos em tempos. Sabia que estava longe do adequado e que em algum momento podia acabar o combustível, mas ainda corria confiante e com uma sensação muito boa, afinal, era isso que eu tinha e não podia sofrer por antecipação, passei a marca de 32km, metade da prova, me sentindo bem, a partir do km 45 o percurso virou um sobe e desce constante, tanto no percurso, quanto nas minhas sensações, e a falta de energia não me deixava subir bem, que é meu forte, em compensação conseguia correr nas descidas, o que me dava mais certeza de que a alimentação, ou melhor, a falta dela, havia tomado o papel principal na minha corrida. Tinha em mente a altimetria da prova e depois dos 52km sabia que era quase tudo descida e ainda conseguia correr bem, não tinha dores articulares, que mostravam que os músculos ainda eram resistentes, esses pensamentos me faziam bem, apesar da constante presença dos momentos de baixo astral, nas caminhadas.

O percurso nunca deixou de impressionar, a temperatura chegou na máxima de 15º, o vento esqueceu da corrida e a presença do sol convidou a ficar de camiseta curta. Conforme o tempo foi passando a força foi acabando numa velocidade bem mais rápida, o gel continuava no bolso, mas o estômago virava só de pensar nele, os últimos kms foram bem lentos e com a boca seca, os postos estavam próximos mas só tomava uns goles pra não pesar demais, e a sede voltava logo, mas mesmo nesse estado relembrava que já havia passado por momentos piores em outras corridas e isso me fazia sentir confiante de que eu estava bem preparado, e que um vacilo fez a prova ser um pouco mais difícil e longa do que deveria, ao mesmo tempo me ensinou, me fez ponderar, escolher alternativas e arcar com as escolhas, me fez pensar positivo, continuar e chegar, tive todos os temperos que qualquer prova longa te oferece, por isso gosto tanto delas e não paro por aqui. Rumo aos 100km!

Espero que goste do vídeo, e se ficou alguma dúvida ou pintou alguma curiosidade, me escreva.

Enzo Amato


Jungle Marathon

Essa prova é organizada por uma inglesa, só é divulgada lá fora, e só dá acesso a imprensa estrangeira, ou seja, é para os gringos e ponto final! Mesmo assim todo ano alguns brasileiros marcam presença, e em 2013 trago o relato do Cleber, de 39 anos, que como todo brasileiro que não conhecia a floresta, não tinha ideia do que lhe aguardava numa ultra prova na selva.

Jungle Marathon, por Cleber Z. Evangelista

Chegamos no aeroporto de Santarém no Pará, de táxi seguimos a Alter do Chão, e mais uma viagem nos aguardava, agora 12 horas de barco até chegar ao acampamento, onde os atletas já se ambientavam para uma corrida de 7 dias e 257km, entregamos atestados médicos e antes de receber o número fizemos a verificação de itens obrigatórios, meu kit era composto de comida para os 7 dias, roupa seca para dormir, roupa para a prova, primeiros socorros, repelente e garrafas para hidratação e suplementação. No outro dia, tivemos a instrução de sobrevivência na selva (foto acima), primeiro com os bombeiros sobre os riscos da prova, hidratação, depois com os nativos sobre plantas que cortam, espinhos e animais perigosos e por último com os médicos. Nesse dia já estávamos dormindo em redes no meio do mato e muitas formigas só esperando a prova começar.

No acampamento do 1º dia, após a instrução e esperando a largada dia seguinte. Sou o que tem a tattoo nas costas.

A essa altura muitos que se inscreveram para 257km optaram por mudar para a prova de 126km de 4 dias que acontece simultaneamente.

Largada da 1ª etapa, 23km, minha mochila pesava 14kg, todos saíram correndo rápido demais, e fiquei bem atrás logo de cara, minha estratégia era começar lento e aumentar o ritmo depois do terceiro dia, que era temido por todos, errei na hidratação, comecei com todas as garrafas cheias d’água, com medo de faltar, mas o primeiro check point foi rápido, com apenas 5km, e não havia bebido muita água até aí, comecei a mudar de estratégia na hidratação, estava muito quente, 38º e na mata fechada a sensação térmica era maior ainda, atravessamos pântanos, igarapés, muitas subidas e descidas, cada PC estava a 6,5km um do outro, e fiz praticamente o percurso todo com os pés molhados, fechei essa primeira etapa em 6h23, no acampamento pegava água quente para as refeições e armava a rede para dormir tranquilo. A organização só dava água, toda a comida que usaria na prova estava na minha mochila e nem as frutas da floresta podíamos comer.

Segunda etapa, 24km, começamos atravessando um rio profundo de uns 300mts, nesse dia o percurso tinha uma quantidade enorme de plantas com espinhos, folhas que cortavam e muitas cobras, consegui até tirar foto e filmar uma jararaca d’água venenosa. Dia praticamente plano, completei o percurso em 5h15, ganhei 4 bolhas nos dedos dos pés, fiz curativos com os médicos, e um grego foi o primeiro atleta a experimentar a temida hot shot, um tipo de cola quente injetada nas bolhas, os gritos do atleta causaram pânico em todo acampamento e era só o fim do segundo dia.

Terceiro dia e a etapa mais temida 38km, começamos com outra travessia de rio profundo, agora maior, 450mts, depois muitas subidas, descidas de matar e morros implacáveis, e finalmente entramos na Floresta Nacional do Tapajós (FLONA) que tem a maior população de onças, dormimos em acampamento no interior da selva, muitos bichos foram vistos, aranhas armadeiras, escorpiões, cobras, senti muita ânsia e tontura no percurso e pensei que não conseguiria terminar, cheguei só a noite, com várias picadas de vespa e zangão. (foto abaixo) A maioria dos atletas foram picados durante o trajeto, meu tempo para os 38km foi de 12h21, cheguei todo arrebentado, fiz curativos e apesar dos ótimos médicos no comboio da prova, minhas bolhas pioraram.

Quarta etapa, a maratona mais difícil do planeta 42km, subidas e descidas na mata fechada, travessia de igarapés de 1km, pântanos longos de 1km, praias fluviais, tinha de tudo, estava sempre com os pés molhados, os postos de abastecimento de água começavam a ficar espaçados demais, a cada 13km, mudei minha estratégia novamente, fiz todo o percurso com os 2 litros e meio de água, minha mochila já pesava uns 10kg. Cheguei bem, mas com os pés destruídos, descansamos numa das praias mais lindas da região, na aldeia de Jaguarari. Existem várias pequenas aldeias em Flona que vivem da agricultura e pesca de subsistência e bem pouco do turismo. Terminei a etapa com 9h52, muitos já haviam desistido da prova.

Só meu cabelo ficou seco durante a prova.

Quinta etapa, a mais longa de todas, 108km, e 40 horas de tempo limite para terminar, era para começar as 4:30 da manhã, mas houve um replanejamento no trajeto e tivemos que começar só às 14hs, com um sol de rachar o crânio, alguns passaram mal e desistiram da prova, mudei minha estratégia novamente, pensava em fazer 50km, descansar e terminar os 58km no outro dia, mas resolvi acompanhar uma equipe de brasileiros que queriam fazer todo percurso sem descanso, os pontos de controle já estavam bem espaçados, a 18km e só carregava 2,5 litros de água, e ainda tínhamos que lidar com a possibilidade de nos perder, porque o trajeto havia sido aumentado em 10km e isso aconteceu com muitos outros no percurso, no último check point, eu e mais dois atletas ficamos para trás, um italiano, o Alfred, e o outro brasileiro chamado Marcelo, ficamos perdidos na mata por uns 7km, cerca de duas horas até reencontrar a rota da prova, chegamos no nosso limite, 21h26, passamos a tarde, noite, madrugada e manhã andando e correndo, superação total ainda mais se lembrar que estávamos na floresta, no escuro e com todo ruído assustador da floresta, que quem vive na cidade não imagina o que é. Neste dia quase todos os atletas choraram de alegria, chegamos num lugar maravilhoso, o nosso acampamento.

Eu e a brasileira Jacque, que já faturou 4x a prova, quase chegando.

Sexta e última etapa, por causa do replanejamento de percurso de última hora tínhamos que fazer só mais 12km para completar a prova, e totalizar 247km, 10 a menos que o previsto no início, mas não suficientes para deixar a corrida menos nobre ou mais fácil, corremos os 12km só na areia da praia e nada de sombra, foi minha melhor corrida, fiz em 1h14, meus pés estavam em carne viva, mas a vontade de terminar era tão grande que mal sentia dor.

Prova concluída, dos 42 que largaram só 30 chegaram, organização perfeita, conheci pessoas fantásticas e lugares que jamais esquecerei.

Obrigado a Shirley Thompson diretora da prova, a todos os atletas presentes, equipe médica, a todos os bombeiros de apoio, massagistas, mídia, e nativos !!!!

Não pretendo fazer a prova novamente pelos ricos de acidente que a prova pode causar.

Cleber Zsengeller Evangelista.


Nike celebra as mulheres na maratona feminina

No domingo, 20 de outubro, 30 mil mulheres de 54 países, inclusive o Brasil, participaram da 10ª Nike Women’s  Marathon (NWM) em São Francisco, nos Estados Unidos.

Desde sua criação, esta prova, que também contemplou o percurso da meia maratona (21,1k), atrai mulheres de todas as partes do mundo, de diferentes níveis técnicos e das mais variadas idades.

A NWM é a maior maratona feminina do mundo. Em seus dez anos de existência, mais de 250 mil mulheres já participaram dessa corrida, que destina recursos para o Leukemia & Lymphoma Society (LSS). Nesse mesmo período foram doados US$ 143 milhões para a instituição que pesquisa curas e tratamentos para o câncer de sangue.

A prova surgiu em 2004 para celebrar o 20º aniversário da conquista do primeiro ouro olímpico na maratona feminina: de Joan Benoit Samuelson em 1984, nos Jogos de Los Angeles.

Fonte: Agência Ideal (nikeinc.com/brasil)


Correr na esteira, estratégias e treinos.

A esteira é chata, mas é minha amiga!

A ferramenta mais injustiçada no mundo das corridas. Sim, a chamei de ferramenta, pois é isso que ela é! A esteira não é o objetivo final nem o único meio, ela é a ferramenta que pode te ajudar a ser um melhor corredor, basta saber usá-la. Se você usar um garfo para tomar sopa tenho certeza que em pouco tempo vai passar a odiá-lo, enxergo a mesma situação no caso da pobre esteira, se você usá-la para fazer um treino longo em ritmo confortável é provável que, em pouco tempo, o treino se torne uma tortura mental. Não vou discutir que é melhor treinar ao ar livre, num parque arborizado, no campo ou à beira mar, concordo, mas nosso país é tão grande e cada pessoa tem sua rotina e realidade diferentes, por isso defendo o uso da esteira em alguns casos, pois além de uma ótima ferramenta, algumas vezes é a melhor alternativa nessa vida agitada.

A esteira é…

Boa pra que?  Ruim por que! 
Ladeira sem fim Monótono
Impor e ditar ritmo Alta umidade do ambiente
Amortece + Não se treina descida
+ seguro que a rua
Variabilidade de treino
Reparar na técnica
Não chove e não faz frio

Abaixo deixo algumas situações e treinos legais para colocar a esteira pra rodar sem medo da monotonia.

Treino em ladeira: Gosto de corridas de montanha, mas moro na cidade grande e um treino específico exigiria pelo menos 40min de carro em horário conveniente para chegar, e todo beneficio mental do treino seria perdido no trânsito caótico. Enfim, a esteira proporciona uma ladeira sem fim, posso variar a inclinação e a velocidade pelo tempo que quiser tentando simular as subidas que vou encontrar nas trilhas. Vantagem: posso subir muito. Desvantagem: não consigo treinar descida, que também é primordial no treino, para isso uso as escadas do meu prédio em algum outro dia de treino.

Sugestão de treino em ladeira: Meu L1, ou velocidade confortável de prova longa no plano é 12km/h, se a sua for menor ou maior ajuste o treino com proporcionalidade.

1km aquecimento leve no plano a 10km/h

300m inclinação 4% vel. 10km/h

400m inclinação 7% vel. 9,5km/h

300m plano a 10km/h

5x a série acima

500m caminhada leve

Treino feito com facilidade? O próximo passo é aumentar uma das velocidades, depois aumentar todas, e depois voltar à velocidade fácil para poder aumentar a inclinação.

Treino de ritmo: Esse pode ser o mais monótono da esteira depois do treino longo, por isso tem que ser em ritmo exigente para fazer valer. Já sei que treino de ritmo é pra fazer perto do ritmo de prova, mas deixo abaixo uma variação dele para ficar mais interessante para a esteira. Vantagem: a esteira não te deixa perder o ritmo e nenhum carro, semáforo, pedestre aparece na sua frente. Desvantagem: em ritmo mais leve do que deveria, fica monótono.

Sugestão de treino de ritmo: Com base na minha vel. confortável de 12km/h

2km aquecimento a 10km/h

400m a 12km/h

400m a 13km/h

400m a 14km/h

4x a série em negrito

500m caminhada leve

Foi fácil? Na próxima aumente um pouco cada velocidade proporcionalmente. É muito importante fazer na velocidade correta para não transformar esse treino de ritmo num treino de tiros se estiver forte, ou num treino de nada se estiver fraco.

Treino de tiros (intervalado): Objetivo de aumentar sua velocidade média, para isso deve correr um tempo acima dela e descansar. Quanto mais forte o tiro, mais fraco o descanso. É importante exagerar na velocidade para que você precise realmente do descanso. Vantagem: deve ser forte desde o início sem variações, ambiente controlado gera parâmetros para os próximos treinos. Desvantagem: não sentir o vento na cara.

Sugestão de treino de tiro:

2km aquecimento a 10km/h

2min a 15 ou 16km/h

2 a 3min caminhando a 5km/h

6x a série em negrito

500m caminhando leve

Fácil? Na próxima aumente o tempo dos tiros até chegar a 4min, só depois passe a aumentar a velocidade.

Lembre das proporcionalidades de velocidade que coloquei cada treino e adapte para sua realidade, se você for iniciante, vale fazer menos séries até ganhar confiança e costume para completar o treino sem riscos.

Acredito que o real incômodo está em fazer o mesmo treino sempre no mesmo lugar, pensando assim, tanto a esteira quanto a montanha mais linda, vão te fazer brochar em algum momento.

Se esqueci de algo, se ficou alguma dúvida ou tiver outra sugestão, é só me escrever.

Enzo Amato


Vídeo da Patagonian International Marathon 2013

Serão 2 partes, o lugar é tao legal que não seria justo fazer só um vídeo. Já fiz um texto com algumas particularidades do local e da corrida, no próximo vou contar mais do que pode acontecer numa prova longa. Aguarde!

Enzo Amato


Endurance Challenge Argentina

O que mais me atrai no circuito Endurance Challenge, que nasceu nos EUA, mas já invadiu a América do Sul, é o foco de curtir seu hobby na natureza e ter compromisso com o meio ambiente, ou seja, não é só por correr. Desde o início a The North Face é a patrocinadora e a frase “nunca deixe de explorar” já diz tudo e tem a cara da prova.

Já participei de etapas aqui no Brasil, em Ilhabela, e no Chile, em Santiago, agora chegou a vez da Argentina, mais precisamente no Cerro Catedral em Bariloche dia 09/11/2013. O circuito contempla os iniciantes do trail running com 10 e 21km e os mais avançados com 50 e 80km, sempre largando em diferentes horários.

Vou mais uma vez para 50km neste ano, e bastante animado. Poder observar as montanhas lá do alto, e correndo, é um dos prazeres das corridas em trilha.

Ainda dá tempo de se inscrever e para chegar até lá basta fazer conexão em Buenos Aires, pegar outro voo até Bariloche e se hospedar por lá mesmo. O Cerro Catedral fica a 19km com ônibus público a cada meia hora ou táxi.

A etapa de 2014 já tem local e data, San Martín de los Andes 23/03.

Enzo Amato


Patagonian International Marathon, os brasileiros.

42 brasileiros se aventuraram em conhecer parte da patagônia chilena correndo, também caminhando, admirando, filmando, fotografando… na 2ª edição da Patagonian International Marathon.

Parque Nacional Torres del Paine – Chile.

As horas e minutos de prova refletem momentos de apreciação e contemplação de uma natureza exuberante e plena, praticando o hobby que eles escolheram. Espero que todos tenham aproveitado tanto quanto eu e que um dia retornem, como eu.

63km: 2 mulheres e 6 homens.

  • Andrea Estevam 6:43:30
  • Renata Vidal Peixoto 8:59:48
  • Marcos Paulo Vieira Ferreira 6:46:47
  • Eu, Enzo Amato 6:50:44
  • Marcelo Barros 7:27:23
  • Joao Paulo Conrado 7:56:38
  • Julio Cezar Paul 8:07:53
  • Marcos Rangel 8:43:16

42km: 1 mulher e 7 homens.

  • Inés Rodriques 6:44:50
  • José Vicente De Andrade Sobrinho 3:35:27
  • Eduardo De Carvalho Delorme 3:38:25
  • José Carlos Romanholi 4:46:04
  • Caio Freixeda 4:50:31
  • Milton Félix Nunes Martins 5:20:49
  • José Gildivan Carneiro 5:24:05
  • Marcos Parra 6:44:50

21km: 4 mulheres e 10 homens.

  • Magali Barbi Hermann 2:03:42
  • Luana Ribeiro 2:24:02
  • Anne Gabriela Santos 2:27:52
  • Heloisa Helen Junkes 2:28:31
  • Ricardo Carvalho 1:47:22
  • Luís Felipe Magon 1:55:47
  • Richard Hermann 2:03:42
  • Pedro Abramides Nielsen 2:14:42
  • Natsui Flavio Yasushi 2:21:15
  • Carlos Dourado 2:22:24
  • Leandro Moraes 2:23:08
  • Jose Roberto Machado 2:24:25
  • José Ricardo De Andrade Barros 2:28:49
  • Fernando Santos 2:48:27

10km: 9 mulheres e 3 homens.

  • Lorena Borges 1:00:17
  • Cláudia Pelegrini Borges 1:15:19
  • Juliana Cavalcante Yoshimine 1:19:57
  • Cassia Bonfiglioli Barros 1:21:06
  • Herleila Lopes Adriana 1:21:06
  • Marcia Mayer 1:21:11
  • Reginara Dias Fernandes 1:26:04
  • Celia Lehn María 1:26:59
  • Tereza Da Silva Paes Ferrei 1:27:47
  • Flavio Barreto Rocha 1:11:32
  • Edson Rangel Da Silva Júni 1:12:25
  • Marcus Abdulmassih Del Papa 1:25:17

Parabéns a todos.

Outros textos sobre a prova, vídeos em breve.

Enzo Amato


Patagonian International Marathon, a prova!

Depois de 58km, já correndo bem devagar, prestes a cruzar uma ponte sobre um rio de degelo das montanhas à minha frente, uma corredora chilena passa por mim e diz, – olha que paisagem linda! Só me restou concordar e responder com outro adjetivo – todo o parque é espetacular!

Foi assim a prova inteira, o cansaço da viagem havia valido a pena logo no primeiro km de corrida da 2ª edição da Patagonian International Marathon. O Sacha acompanharia a corrida do carro da imprensa parando para fotografar e filmar enquanto eu correria os 63km, também filmando, dentro do parque nacional Torres del Paine, na patagônia chilena.

Acordamos às 6 e logo fui me arrumar, esparadrapo nos pés, vaselina e 2 pares de meia para proteger e tentar não perder as unhas, escolhi um tênis baixo e leve, mesmo com o percurso sendo totalmente em estrada de terra e pedras, decisão certa, calça, camiseta térmica por baixo da manga longa e outra manga curta, bandana no pescoço e corta vento na mochila de hidratação. Teria pouco tempo entre o café da manhã e a largada às 8, por isso optei por comer pouco, com tudo pronto vários corredores foram para o estacionamento do hotel esperar a van que nos deixaria a 2km da largada, ou seja precisávamos caminhar pelo menos 20min, a temperatura beirava zero grau e um pequeno atraso da van nos obrigou a correr esses 2km para chegarmos a tempo e logo precisei calçar as luvas, pois já não conseguia mexer os dedos. Estávamos ao lado de um glaciar (geleira) e alguns blocos de gelo flutuavam no lago, coincidentemente éramos 63 corredores na distância de 63km, sendo 9 mulheres.

Contagem regressiva e um lindo dia de céu azul e pouco vento começava. Eram 4 distâncias diferentes, 63, 42, 21 e 10km que largavam em horários e locais diferentes para que todas terminassem no mesmo local, aproximadamente na mesma hora. A prova é relativamente plana, quase ao nível do mar, com montanhas de mais de 2mil metros por perto, difícil descrever a sensação de estar lá e fazendo o que gosto, no início nos deparamos com longas retas, um grupo logo se distanciou e me vi sozinho ouvindo meus passos, os pássaros e contemplando um dos lugares mais bonitos do planeta, o primeiro posto de água apareceu depois de 11km, e ao menos pra mim não senti falta dele antes disso, eram dois voluntários com um galão de água apoiado numa mesa, abasteci 300ml na mochila que foram suficientes para me levar até o próximo posto com 21km de prova em 1h45, ainda corria com luvas, era nesse lugar que os corredores dos 42km largavam, usava meus batimentos como parâmetro, aquele frio me fazia correr bem e o plano deixavam os batimentos bem estáveis, quando passei a marca de 42km as subidas e descidas apareceram, e na minha cabeça, só faltava 1/3, o que naquele momento me parecia pouco, mas a partir do km 45 comecei a sentir falta das minhas batatas com sal, nos postos só havia água, banana e as vezes maça, comigo eu tinha 4 sachês de gel, mas depois do 2º eles não desciam mais, o jeito foi seguir comendo banana e tinha que ser só metade por vez para não pesar no estômago.

No km 48 parei para tirar as camisetas e fiquei só com a de poliamida, a máxima daquele dia era de 15º e o sol ajudava, sabia que ainda tinha mais uns 5km de subida até chegar ao ponto mais alto da prova 350m, claro que não é muito, mas naquelas condições era o Everest pra mim, os últimos 10km eram praticamente em descida e apesar de saber que as descidas castigam mais quando os músculos estão esgotados, nesse dia eu voava nas descidas e engatinhava nas subidas, sinal de que faltava comida mesmo.

A paisagem que me conquistou já no primeiro km continuou surpreendendo até o final, 6h50 depois, e sem ter encontrado lixo no chão, a chegada era num dos hotéis dentro do parque com uma linda montanha de mais de 2mil metros ao fundo. De tanque vazio, esgotado e feliz por ter superado 63km, mas principalmente por ter corrido num dos lugares mais bonitos que já vi e com muita vontade de voltar.

Ao final tínhamos a opção de comer um churrasco típico e no dia seguinte, cheio de dores musculares fiz um trekking de 14km por uma das trilhas de montanha do parque e a paisagem, nem preciso repetir! Tudo valeu a pena.

Outros textos interessantes sobre a prova e o lugar estão aqui no blog, basta pesquisar pelo nome da prova.

Enzo Amato


Patagonian International Marathon, como chegar.

Viagem longa para chegar na Patagônia Chilena, que só faz confirmar a tese de quanto mais difícil, mais recompensador. O cansaço passou quando os 5 sentidos se depararam com as paisagens naturais e selvagens daquele lugar.

O Sacha e eu saímos de SP com objetivo de participar e filmar a Patagonian International Marathon, no parque nacional Torres del Paine. Nas 4h de voo até Santiago tivemos o prazer de conhecer a Andrea Estevam, diretora de redação da revista Go Outside, que assino desde a 1ª edição, e corredora experiente nas longas distâncias, já em Santiago mais 6 longas horas de espera no aeroporto e outro voo de 4h para Punta Arenas, dormimos lá, e logo cedo mais 400km de van para chegar no Parque nacional com uma parada no meio do caminho para participar da coletiva de imprensa e entrega de kits na cidade de Puerto Natales. A viagem pareceu longa porque tínhamos as horas contadas e no dia seguinte 63km de corrida me esperavam. Alugar um carro em Punta Arenas é o que teria feito se tivesse ido por conta própria, a estrada tem boas condições e não faltam lugares para boas fotos.

Parque Torres del Paine - Foto: Sacha Nappo

Parque nacional Torres del Paine – Foto: Sacha Nappo / MidiaSport

Haviam 2 opções de hospedagem, uma é ficar em Puerto Natales e sair bem antes da largada, já que está a 150km de distância. A outra é se hospedar algumas noites num dos vários hotéis dentro do parque, que apesar de mais caro, eu recomendo fortemente porque existem várias trilhas para percorrer depois da corrida, assim dá pra conhecer mais aquele lugar espetacular, além de estar próximo da prova.

Tanto dentro, como próximo ao parque, a estrada passa a ser de terra e pedras, também em ótimas condições.

Basta olhar onde o parque fica no mapa para ter ideia da temperatura, estávamos mais perto da Antártica do que de SP, porém qualquer ambiente interno tem calefação e você só passa frio se ficar ao ar livre.

Texto e vídeo de como foi a prova.

Enzo Amato