Arquivos Mensais:julho 2012
259 heróis brasileiros.
O Brasil tem 192 milhões de habitantes e apenas 259 estão aptos a participar dos jogos olímpicos de Londres.
Admiro nossos 259 heróis brasileiros que conseguiram o índice para poder ir aos jogos olímpicos, torço para que todos lutem com dignidade e façam seu melhor para superar suas marcas, afinal levam o nome do nosso país. Medalhas? Poucos podem alcançá-las, e caso elas não venham, não gostaria de ver os atletas pedirem desculpa ao povo brasileiro, como já aconteceu em outras edições, afinal nós não ajudamos em nada para que eles fossem aos jogos, foi mérito do esforço e dedicação deles, de suas famílias e equipe. Nem os patrocinadores eu considero, pois eles só aparecem depois que o atleta já mostrou seu talento suando a camisa, a maioria não investiu na formação.
Os considero super heróis porque um atleta é mais valioso para seu país se ele for exemplo de conduta e atitudes ao invés de simplesmente ter uma medalha no peito. Em 2012 temos apenas 259 super heróis brasileiros, e com esse título só espero por uma grande disputa de todos eles, em suas respectivas modalidades. Como espectadores, é nossa oportunidade de admirar os melhores de cada esporte, tentar imaginar o quão rápido e forte eles são, e por enquanto, ter a certeza de que esses são os limites do homem.
Em todas as modalidades os atletas se prepararam durante os 4 anos do ciclo olímpico, e além do talento, 100% de sua capacidade atlética foi desenvolvida nesse período, inclusive fora dos treinos, porque toda rotina do atleta influencia no seu desempenho, onde a sorte é apenas um detalhe incerto de cada esporte.
Força atletas! Inspire seu público com uma luta digna, e se assim o fizer, não considere as críticas de ninguém.
Que comecem os jogos.
Enzo Amato
Meia de Sampa quebrando paradigmas.
A Meia de Sampa me surpreendeu em dois aspectos. Era pra ser uma prova rápida e muitos fatores ajudaram, largada as 7 da manhã, percurso plano e a temperatura de 10° favoreciam uma corrida forte. Gostei da parte de quase 3km dentro do jóquei, algumas curvas fechadas e um trecho de areia não me atrapalharam, e consegui manter o ritmo forte curtindo o local, afinal já corro aqui em SP há muitos anos e sei o quanto é difícil modificar o percurso da maioria das provas, e com isso acabamos passando sempre pelos mesmos lugares. Por isso curti a parte de areia dentro do Jóquei Clube e me senti o próprio cavalo. Apesar de ter feito um bom tempo na prova, não tinha o objetivo de fazer minha melhor marca, mas quem foi com essa intenção certamente teve uma boa oportunidade, porque o percurso é bem veloz.
Mas o segundo aspecto que me chamou atenção foi o apoio da Skol numa corrida de rua. Enquanto estava na massagem, ouvi uma moça dizendo que cerveja não tinha nada a ver com corrida e não entendia porque a Skol estava com o stand na prova. Antes de saber o motivo também tinha minhas dúvidas, mas soube que a intenção deles é inserir a cerveja como produto também para os fisicamente ativos. Atualmente o vinho é bem visto pela sociedade como hábito saudável, desde que consumido 1 taça. Com a cerveja ainda imaginamos a pessoa consumindo grande quantidade, o que realmente não combina com esporte, mas ela pode ser igualmente benéfica para a saúde, se consumida na quantidade adequada. É certo que tem teor alcoólico, e justamente por isso, tanto a cerveja quanto o vinho deixam de trazer benefícios para a saúde se a dose indicada for excedida.
Se você é daqueles que não consegue ficar numa só, esse texto não é pra você! Escrevo para os que entendem o que é uma alimentação balanceada e possam estender o conceito para a bebida também. Da mesma forma que o carboidrato é o melhor aliado dos esportistas, se for consumido além da quantidade necessária ele vira inimigo. Até a água, se consumida em excesso numa prova pode causar hiponatremia. É certo que a cerveja ainda tem um longo caminho para conseguir ser aceita no mundo das corridas, mas se não nos impressiona ver alguém tomando um refrigerante, mesmo que ele só traga prejuízos à saúde, por quê impressionaria alguém tomar uma cerveja para reidratar? Só uma!
Enzo Amato
O Caminho de Santiago de Compostela
Esse será meu próximo desafio. Não sei bem se deve ser chamado de desafio, afinal vou sem pressa e curtindo a companhia do meu pai.
Um dia estávamos conversando sobre algumas viagens interessantes que havia lido numa revista, e despretensiosamente disse que um dia gostaria de percorrer o caminho de Santiago de Compostela, meu pai logo achou que aquilo fosse um convite e perguntou quando iríamos. E a partir daí começamos a planejar, pensar na melhor época para caminhar e conciliando com a ausência no trabalho, pesquisar sobre tamanho de mochila, quantidade de roupa, qualidade e tipo das meias etc…
Já ouvi muitos dizerem que o caminho deve ser feito sozinho, com o propósito do auto conhecimento e desapego dos supérfluos da vida etc. Mas não acredito que estar na companhia do meu pai me faça perder a oportunidade de repensar no que realmente importa na vida, pelo contrário, será uma viagem para ser lembrada pelo resto de nossas vidas com muito carinho.
Caminharemos por mais de 700km e levaremos por volta de 34 dias para chegar até nosso destino, carregando nas costas só o necessário. Buscaremos aproveitar cada minuto sem nos preocuparmos com o destino final, esse será apenas a consequência de cada metro percorrido no caminho, queremos lembrar de tudo e não só da sensação de chegar. Vamos sem saber o que aprenderemos, mas não temos dúvidas de que voltaremos diferentes.
Percebi que os que já sabem sobre nossa viagem, não se impressionam com os 700km, mas se admiram em saber que vou junto com meu pai. É muito gratificante e algo que valorizo muito saber que nós dois temos saúde e disposição para fazer algo assim juntos.
Já estamos treinando e nos próximos meses vou dividir com você leitor algumas percepções e aprendizados que teremos nessa longa jornada, para quem sabe, animá-lo a fazer uma viagem desse tipo, ou simplesmente fazê-lo buscar por bons momentos.
Na última semana de setembro de 2012 começaremos nossa jornada de auto conhecimento pela Espanha e esperamos sua companhia e comentários.
Enzo e Giuseppe Amato.
Mountain Do Atacama. Yo voy!
Pra quem quiser participar do Mountain Do Atacama em março de 2013, a hora de fazer a inscrição é agora! São apenas 600 vagas.
Conhecido como o deserto dos desertos, é o mais seco e mais alto do mundo, dentro dos seus 1000km de extensão o Atacama trás consigo desde pinturas rupestres feitas pelos primeiros habitantes da região até a história recente do povo Chileno onde o ditador Pinochet usou partes do local como campos de concentração, torturando e matando cidadãos que eram contra seu regime. Ainda hoje parentes dos desaparecidos procuram por seus entes no deserto para poder enterrá-los.
San Pedro de Atacama será nosso ponto de encontro, a cidade de 3 mil habitantes está encravada no deserto e recebe bem seus turistas dispostos a conhecer o que é aridez e curtir uma corrida cercada de história.
Para nós brasileiros será uma corrida de descobertas, a paisagem sempre novidade, a falta do verde será percebida pelos olhos e a de umidade pela pele.
Se você busca por uma prova diferente, onde turismo, diversão, conhecimento e claro a corrida se unem, o Atacama é nosso destino. Não esqueça da pitada de superação que essa prova nos exige. Afinal, tem que ser difícil, se não não vale o esforço.
Acesse a página do evento para mais informações.
Em breve publicarei mais textos com atualizações de treinamento para chegarmos bem preparados para essa corrida.
Enzo Amato.
Os primeiros 10km, escolhido a dedo.
Finalmente, depois de uma tentativa frustrada por causa de uma dor no joelho, eu consegui fazer a minha primeira prova de 10km. Foi no Circuito das Estações Adidas que largou do Pacaembu, no domingo 1 de julho. A tentativa frustrada era a etapa anterior do mesmo circuito, da estação outono, mas umas 3 semanas antes da prova comecei a sentir uma dor no joelho e tive que desistir. Agora, já recuperada, encarei os 10 km da estação “inverno” (inverno entre aspas porque fazia 25 graus, e agora enquanto eu escrevo, estou na Argentina e aqui fazem 3 graus, eu já tinha esquecido o que era o inverno argentino, já que passei os últimos 4 anos no Brasil).
Em SP não faltam provas curtas de 5 ou 10 km, mas não queria qualquer prova, eu queria correr no elevado, mais conhecido como Minhocão, pois é, todos me falam – Só você para querer correr no Minhocão… O que acontece é que sempre achei curiosos e interessantes os centros das cidades, muitas vezes eles mostram uma cara oculta da cidade ou até realidades que muitos preferem ignorar, mas muitas pessoas também ignoram os segredos e curiosidades que os centros das cidades oferecem. No caso do centro de SP não é diferente. Eu adoro o centro da cidade e a vista do elevado é muito legal. No percurso da corrida dá para, primeiramente, sentir os contrastes da cidade, saindo do Pacaembu localizado em um dos bairros mais nobres da cidade, para logo pegar o Elevado e apreciar um outro visual da cidade e uma outra forma de vida. Nas curvas que o ele faz aparece lá no fundo o ex-edifício do Banespa com a bandeira do Estado de São Paulo no alto, e mais para frente o Edifício Copam, entre outros. O que foi muito curioso, para mim, foi ouvir comentários durante a corrida de corredores surpresos com o visual dos prédios e a arquitetura. Esses prédios sempre estiveram lá e cada um deles tem alguma história legal, só que muitas pessoas não curtem ou não se interessam muito pela própria cidade. Então eu gostaria de convidar os paulistanos a conhecer a sua cidade, visitar monumentos, bibliotecas, teatros, praças, galerias… porque SP tem de tudo, mas de que serve morar em uma cidade que tem de tudo se a gente não aproveita esse tudo que a cidade nos brinda?
Esse convite pode parecer um pouco cara de pau porque eu não sou brasileira, mas acho que é justamente por isso que eu vejo tudo com um olhar mais curioso, e assim vou descobrindo coisas muito legais da cidade.
Agora espero poder fazer uma outra corrida de 9km que passa pelo centro em agosto, ah! e por ir concentrada em curtir a paisagem da cidade esqueci a minha dor no joelho que deu as caras no km 7, mas a ignorei e continuei correndo, terminando meus primeiros 10km no percurso que eu queria.
Paula.
Cada IRON uma história!
Pelo nosso psicólogo Rafa Dutra.
Nunca nadei 3,8km, nem pedalei 180km, muito menos corri uma maratona. No entanto, esse foi o meu terceiro IRON! O que faz com que, mesmo com as minhas provinhas de apenas de 10k, eu me sinta a vontade para falar sobre uma prova da grandeza de um IRONMAN com seus 226km de distância!
Desde 2010 faço a preparação psicológica de atletas amadores que se desafiam nessa que é uma das provas de maior respeito no mundo esportivo! Em 2012, pela primeira vez, estávamos em uma equipe com 10 atletas que precisaram ser divididos em dois grupos e que mais uma vez deram um show de disciplina, dedicação, foco e amor ao esporte (ingredientes que com certeza faltarão em muitos atletas que estarão em Londres 2012).
Dez atletas se colocaram nesse desafio desde 2011 quando conseguiram fazer a inscrição para o IRONMAN BRASIL 2012, o que por si só já gera muita adrenalina, pois em questão de minutos as inscrições acabam.
Em janeiro fizemos nosso primeiro encontro para apresentar a proposta da preparação com a equipe multidisciplinar e os treinos começaram! Sempre digo e não canso de repetir que para mim a melhor frase que fala sobre o IRON é aquela que diz que “mais difícil que chegar na linha de chegada, é chegar na linha de largada”, e em janeiro começou a etapa mais difícil dessa brincadeira de gente grande com “mania de grandeza” (rs).
Tive o prazer de reencontrar atletas que acompanho desde 2010 e de conhecer novos ironmans que estavam debutando na prova ou fazendo o acompanhamento pela primeira vez com nossa equipe, e foi um trabalho que mais uma vez valeu a pena.
Dos dez que iniciaram o desafio, nove chegaram na linha de largada (e de chegada), um infelizmente ficou no caminho, por problemas de saúde de sua filhona, o Clodoaldo optou por abandonar a prova há um mês da competição, mesmo com todos dizendo que ele estava preparado para voar na prova e que precisaria apenas manter com alguns treininhos. Essa decisão fez meu respeito ser ainda maior por ele, e faz dele muito mais IRON que muitos “irons” que cruzaram o pórtico no dia 27 de maio de 2012.

Em turma grande sempre tem um que se perde na hora da foto, nessa faltou o Witney. Na esq. Otavio, Gustavo, Marchi, Rafa Durta de branco, Edu, Rafael, Léo, Silvio e Enzo.
Dos velhos da casa, Enzo foi para o seu sétimo IRON, prometendo a sua despedida tupiniquim e tendo que lidar com o fantasma dos problemas estomacais em suas últimas duas provas, buscando novas motivações na única prova que fez repetidas vezes até hoje. Edu Coimbra, ou simplesmente o Du, que mais uma vez deu um show de dedicação e organização e chegou com uma preparação física impecável para receber o beijo surpresa do pai momentos antes do sol nascer e cair nas águas de Jurerê Internacional.
Witney, que continua sendo o herói do Hiro, na Winnie e da Heidi, foi um herói se disponibilizando a fazer toda nossa preparação acompanhando os encontros apenas no viva-voz do telefone e mais uma vez mostrando o quanto ser metódico e disciplinado pode fazer diferença numa prova em que os detalhes são a grande diferença, e o Otávio, o grande e calmo Tatá, que do seu jeito “tranquilão” mais uma vez pôde aprender a superar seus limites com a cabeça e com a força de uma receita mágica que é a mistura de amor e saudade, o que fez com que com seu jeito despretensioso cravasse a melhor marca da Equipe do Amato no IM 2012.
Os estreantes também fizeram valer o título de IRONMAN! Silvio, estreando na nossa equipe, mas indo para o seu segundo IRON, pôde sentir a diferença de fazer dessa prova uma experiência de vida maior que o autodesafio, e aos poucos foi se revelando em nossos encontros mostrando um lado que a primeira impressão não demonstrava! Gustavo, ou apenas Gus, com seu jeito quieto e aparentemente mais sério foi o corajoso que deu o pontapé inicial no sentido de confiar no grupo e mostrar suas fragilidades, tendo umas das chegadas mais emocionantes com sua torcida organizada de familiares e amigos que com certeza ficará marcada para sempre.
Marchi, que ninguém sabe quem seria o Edson, trouxe todo seu espírito de menino aventureiro para nossa equipe, sem desrespeitar o IRON pode nos ensinar que a vida está aí para ser vivida, e que o IRON precisa ser divertido também. Nessa também embarcou o Rafa, marinheiro de primeira viagem no mundo do triathlon, saindo das primeiras passadas com tênis de skatista para fazer uma prova emocionante, nadando com sua roupa de surfista e pedalando sem velocímetro, nos ensinou que a medalha do IRON pode servir de “calço para a mesa”, mas que a experiência do IRON é algo do qual ele jamais vai se esquecer.
E por fim o Léo, um dos nossos maiores exemplos de superação e de lição de vida no sentido de que a transformação é possível, um dos atletas mais focados da equipe que estava respirando IRONMAN desde 2011 quando se encantou ao assistir a prova. Foi mais um ano em que pudemos aprender muito uns com os outros, e com essa prova, que a cada ano ganha novos adeptos.
Como já não era novidade para muitos de nós, esse ano a questão do tempo se fez muito presente em nossos encontros, e mais uma vez pudemos aprender com esse desafio que, embora com o passar dos anos possa ficar menor, jamais será pequeno!
Os treinos estavam feitos, a alimentação estava ok, a preparação psicológica foi muito boa, e todos estavam muito bem para colocar as estimativas no papel e ir lá para viver mais uma vez (ou pela primeira vez) a experiência de superar um IRON e bater suas metas.
No entanto essa prova teima em mostrar sua grandeza que escapa das nossas planilhas e das nossas expectativas, sejam os detalhes que saem do script, seja o calor e o solzão de rachar, seja o vento, seja alguma reação física adversa, seja lá o que for, quando foi dada a largada às 7 horas da manhã, ninguém sabia o que vinha pela frente pelas próximas 10,11, 12, 13 ou 14 horas de prova.
Mas no final o saldo sempre é positivo, o sorriso no rosto, talvez um pouco frustrado pela expectativa que se tinha, mas o sorriso de “eu consegui” e os olhos brilhando diante do desafio vencido é algo que não se pode perder em uma prova como essa.
Todos falam do quanto o IM está se comercializando e aos poucos perdendo um pouco de sua grandeza, alguns podem reduzi-lo a uma marca que querem colocar no corpo ou no currículo, outros a uma passagem para o Havaí, mas espero que nossa equipe continue vendo essa prova como uma grande experiência de vida e de superação, a prova viva de que podemos ir muito mais longe depois de achar que não aguentaríamos mais.
Parabéns aos 10 IRONS de 2012, cada um tem sua história para contar, embora sejam histórias “anônimas” no meio de outras 2.000 histórias, são histórias que mais uma vez tive a honra e o prazer de acompanhar dos bastidores!
Que venha o IRON 2013, ou que venham outras provas que mantenham acesa essa chama que tanto encanta aqueles que participam ou acompanham essa grande prova!
Forte Abraço!
Rafa Dutra