O descanso após a prova.

Aproveitando que dois grandes eventos aconteceram recentemente, Maratona de SP dia 19/6 e Ironman Brasil 29/5, escrevo algumas orientações para que você retorne aos treinos com disposição e risco reduzido de ter alguma lesão. Se você faz treinos longos, o texto serve para você também!

Usarei como exemplo a maratona, independente se o corredor tenha feito em 3 horas ou 5 horas, ele certamente bateu o pé no chão, executando o mesmo gesto motor, por volta de 40 mil vezes. Num ritmo que pode ter variado entre moderado a forte.

Para muitos, a dor muscular some totalmente depois de uns 4 dias, e muitos deles me perguntam se podem voltar a treinar depois disso, mas os parâmetros para avaliar o retorno aos treinos são vários, e não somente a dor muscular. Numa prova onde você repete por 40 mil vezes o mesmo movimento, não foram só os músculos que trabalharam, os ligamentos, tendões, ossos também foram exigidos ao extremo, pois as estruturas do corpo trabalham em cadeia e não isoladamente. Sem contar que seu músculo cardíaco (coração) trabalhou intensamente por horas a fio, e ele também precisa de descanso, enfim, se você sempre usou a dor muscular como parâmetro, comece a reparar em alguns sinais que seu corpo te dá e que você até hoje nem se deu conta, ou até mesmo colocou a culpa no trabalho, nas poucas horas de sono etc… Não que esses fatores não possam ocasionar essas sensações, mas se surgirem depois de um longão ou prova, avalie tudo.

  • Pequenas dores isoladas: Depois de um treino longo ou prova, se alguma dorzinha aparecer no treino seguinte, pode ser que você tenha descansado pouco entre eles; Se você não quiser ficar parado, faça outra atividade em ritmo leve;
  • Treino comum com batimentos elevados: Você já sabe como seu corpo reage a determinados tipos de treino, por isso se sentir os batimentos mais acelerados que o seu normal, encerre o treino naquele dia e descanse mais;
  • Você completou uma maratona e alguns dias depois treinou 10km com certa dificuldade: Sinal que está praticamente recuperado, mas precisa retornar com treinos menores, talvez intervalados bem curtos. É uma conta lógica, se há alguns dias atrás você estava apto a fazer 42km, como é que hoje você só consegue 10km? Se você fizer treinos curtos e velozes (= poucos passos) e só depois de algumas semanas voltar a fazer treinos longos, vai conseguir sem problemas;
  • Você tem duas provas muito próximas, por isso acha que precisa treinar: Talvez o descanso entre elas seja mais benéfico do que qualquer treino. Mais uma vez entra a lógica na planilha, se entre as provas não der tempo de fazer um treino mais intenso do que a primeira prova, então é melhor descansar.

Depois de qualquer prova costumo descansar de acordo com o esforço que a prova me exigiu. Prova muito longa = muito descanso. Costumo orientar meus clientes a ficar pelo menos de 10 a 15 dias sem correr após um esforço físico como uma maratona. Afinal de contas, você se dedicou, se esforçou, abriu mão de algumas regalias à mesa, por isso, depois de conquistado o objetivo é hora de você ter essas regalias!!! Então descanse e aproveite, somos atletas amadores!

Gosto de lembrar que as orientações são apenas percepções, e que certamente variam de pessoa para pessoa. Use as dicas acima para argumentar com seu treinador, ele certamente te conhece mais do que eu.

Qualquer dúvida me escreva!


Parabéns maratonistas!!

Este texto é para todos os heróis que correram a maratona de SP em 2011.

Parabéns a todos vocês!

Minha saudação se deve principalmente pelo fato de que a maioria dos que estavam lá para correr os 42km já largaram sabendo que ao meio dia ainda lhes faltaria muito para chegar, e só isso já seria digno de admiração.

Correr 42km já é desgastante e desafiador, será que largar as 8:30 da manhã não é abusar um pouco? Tudo bem que estávamos às portas do inverno, mas o Brasil é um país tropical, a largada tem que ser no máximo as 7 horas, com o sol ainda tirando remela dos olhos. Digo isso porque assistir àquilo foi realmente um show de horror e tortura. Ver os corredores no km 39, onde a cabeça e a motivação da linha de chegada deveriam fazer com que todos aumentassem o ritmo empolgados com o desafio quase concluído, não adiantava, o desgaste da prova aliado ao calor e a desidratação que acarreta, fez com que uma prova mágica como a maratona se tornasse uma calamidade induzida. Estava lá para incentivar as pessoas, mas sentia mais pena do que vontade de aplaudir, minhas palavras de incentivo eram ignoradas pela dor de corredores que tinham dificuldade até para caminhar naquele momento. Via pessoas determinadas e guerreiras, que ao mesmo tempo estavam mal humoradas, desiludidas e lamentando que aqueles últimos 3km eram os mais longos de suas vidas.

Quem assistiu a prova a 200m da linha de chegada deve ter visto pessoas comemorando e correndo pelo êxtase, euforia e adrenalina do momento final, onde a mente comanda tudo, mas assistir dos quilômetros anteriores foi diferente.

As 13:30 eu ainda aguardava um dos meus alunos passar pelo km 39 debaixo de um sol escaldante até para os que assistiam parados, e torturante para os que já haviam corrido por mais de 5 horas a fio com o corpo superaquecido e desidratado.

Já corri várias maratonas, e todas me ensinaram muitas lições, mas assistir a uma me ensinou muitas outras não menos importantes para a vida.

Por isso se você é uma das 3 mil pessoas que concluíram a maratona de SP de 2011, eu admiro você!!!


ME TORNEI UM IRONMAN!

Veja como foi, aos olhos do Otavio, seu primeiro Ironman.

ME TORNEI UM IRONMAN!

Por Otavio Lazzuri O. Bonicio

Dia 29 de maio de 2011. Para chegar nesse dia, muitos outros se passaram dias bons e dias ruins.

Há pouco mais de um ano, depois de assistir os amigos, resolvi que iria encarar o desafio e fazer o Ironman Brasil de 2011. Conversei com a família, namorada, amigos e todos me deram apoio, mesmo eu sabendo direitinho o que passava na cabeça de cada um deles: “pra que vai fazer isso? Deve estar louco!”. Confesso que até para mim pareceu mesmo ser uma loucura!

Tudo começou com um grande sonho, que aos poucos foi se tornando realidade. Fiz uma boa base para isso. Como disse: vi de perto e participei de muitos treinos da turma que fez em 2010 e fui assistir a prova, o que me ensinou muito. Cerquei-me de pessoas competentes (técnico, psicólogo e nutricionista). Procurei adquirir os melhores materiais que estavam ao meu alcance. Fazer os exames médicos necessários, para que nenhum imprevisto desastroso me atrapalhasse.

Feito isso, os treinos efetivos tiveram início em janeiro. Eram treinos de mais velocidade e menos volume, que foram aumentando o volume até abril, quando chegamos aos treinos de 200km de bike + 35km de corrida, onde o objetivo era ganhar bagagem de tempo, independente da velocidade, sempre divididos no sábado e domingo.

Pode parecer muito, mas tenham certeza, quando se está diante de um desafio como IRONMAN, sempre achamos que estamos treinando pouco. Os treinos eram sempre divertidos e bem humorados, apesar de às vezes muito duros. Só não consegui completar a subida da Serra de Campos, parei em Sto. Antonio do Pinhal. A equipe do Enzo, e o próprio, me acolheram muito bem, como um novato, passando todo o conhecimento e apoio necessário.

Pré prova: Os dias que antecederam a prova foram de ansiedade, porém devidamente controlada com os trabalhos do Rafa Dutra (nosso psicólogo). A dieta não foi nada agradável, a Vanessa judiou, tínhamos que consumir ou gastar todo o glicogênio muscular, para isso dieta com 90% de proteína e treinos sem comida, só na água. De quinta pra frente o contrário muito carbo!!! Mas deu tudo super certo.

Fui para Floripa na quinta feira, fim de tarde. Fui sozinho, mas estava muito bem acompanhado (meu PAI). Meus tios e minha avó já me esperavam com uma bela surpresa que minha namorada mandou fazer.



 

Desembalei a bike, tudo regulado!!!

Sexta feira foi dia de encontrar os amigos: Enzo, Witney, Evandro, Edu Virtual… Dar uma passada na Expo, dar um rolê com a magrela, jogar conversa fora com os colegas que só encontramos nas provas… E de noite o bom jantar de massas, como foi meu primeiro, não tinha parâmetros, mas tirando o frio, foi ótimo.

Sábado de manhã, um belo café e rumo ao aeroporto pegar Carol, Mãe, Rafa e Gustavo, todos muito bem acomodados no super Celta sem direção.

Almoço em casa, e os preparativos de verdade começam: tudo arrumado nas sacolas de Run e Bike, bora para o Bike Check-in e entrega das sacolas. Deixamos as coisas lá, sai com um sentimento de estar pelado sem a bike do lado. A ansiedade aumentava… Última reunião com o Rafa, foi sensacional escutei coisas sobre mim que me deixaram ainda mais forte. Sabia que além do meu esforço pessoal, teria uma proteção mais que divina, que faria com que eu não parasse nunca. A reunião durou mais do que o previsto, cerca de duas horas. A Vanessa estava lá para fazer a última medição do percentual de gordura.

De noite um jantar com direito a festival de massas com a família reunida, Evandro e sua mãe. Já em casa os últimos preparativos – batatas com sal e bisnaguinhas com geléia, tudo embalado em papel alumínio, duas caramanholas com endurox + destrose + hipercalórico, separados 15 saches de gel GU para bike e corrida + cápsulas de sal e potássio.

Milagrosamente, encostei na cama e desmaiei.

 

Dia D: Acordei as 4-15 em ponto, dei um beijo na Carol sem acordar (eu acho), saltei da cama, tomei meu café reforçado, me vesti e fui esperar o Enzo que passaria em casa. Ainda pegamos o Edu e fomos para a Iron City.

Rostos transformados, alegria e ansiedade misturadas com adrenalina. Encontramos com o pessoal, que estava reforçado do Liminha, Douglas e Givaldo.

Fomos para a pintura, estava frio, mas a tremedeira era outra coisa rsrsrs, emoção pura.



 

Entramos na transição, fui colocar a caramanhola e os géis na bike, dar a última calibrada nos pneus, checar mais uma vez as sacolas. Faltando mais de 45 minutos, todos nos reunimos no “vestiário” para colocar a roupa de borracha. Fiquei impressionado com a vibração daquele lugar. Era pouco mais de 6hs da manhã, fazia muito frio, todos que estavam ali iriam encarar um Ironman (3.8km de natação, 180km de ciclismo e 42,2km de corrida) e todos estavam absurdamente felizes, pilhados, adrenados, sei lá, não consigo achar o termo correto que descreva aquilo.

Saímos da transição rumo à praia, faltando 30 minutos. Procurava por todos os cantos o “meu pessoal” e nada. Caracas, cadê eles? Queria pelo menos um olhar antes da largada. 15 minutos… já na praia, indo para o gate de largada que se fecha faltando 10 minutos, eis que me deparo com faixas enormes com o meu nome e mensagens de incentivo. A emoção extrapola e se manifesta através de lágrimas de felicidade.

Pronto, tudo devidamente feito. Agora é curtir essa voltinha por Floripa. Primeiro vamos conhecer o mar…

NATAÇÃO:

  Como nada é fácil para um Ironman, o mar parecia mais complicado do que nos dias anteriores, mas ao som do tiro de largada parece que tudo ficou mais fácil, a água não estava tão gelada, as águas vivas não queimavam, a corrente ajudava. Achei que seria um verdadeiro combate do UFC durante a primeira metade, mas consegui me encaixar bem.

Perto da primeira bóia, o mar estava bem ondulado, mas não senti corrente contra. Já na segunda metade o mar estava puxando bastante para a direita e as ondas deixavam tudo muito mexido. O ato de nadar já não fluía mais normalmente, tinha que prestar atenção pra não fugir da rota e não beber água. Nos vídeos pude acompanhar muita gente se deixando levar pela corrente e indo parar nas pedras. Gafe dos surfistas e caiaqueiros!

Sai da água e vi que meu relógio estava travado, deve ter batido em alguém. Mas o relógio do pórtico marcava 1-09. Dentro do meu planejado entre 1-10 e 1-20.

Fiz uma transição bem calma, pois ficaria mais de 6hs até voltar ali.

BIKE:

Sai muito bem para pedalar. O dia estava realmente lindo, clima perfeito. Sai mais fraco para meu corpo se adaptar, respeitei 15 mim sem ingerir nada e procurei me aquecer, pois minhas pernas estavam frias.

Antes que pudesse me aquecer, no km 07 tive um furo. Que legal!! Primeiro Iron e primeira vez que vou trocar um pneu tubular. Foi difícil soltar a cola, o árbitro não podia me ajudar. Até com os dentes tentei descolar o desgraçado. Achei um pedaço de pau e consegui… troca feita chega o mecânico, que só deu a última calibrada e disse: “espero não te ver mais!”. Achei estranho, mas seria bom mesmo!

Pensei: ok! Estou na prova de novo. Mas o fato de ter que deixar um objetivo pra trás não ia me fazer bem. E fugindo ao que tinha aprendido com o Rafa, fui atrás do meu tempo, sem me reprogramar. Queria passar os 90km em 3hs, nada ousado, totalmente possível e lá fui. Fiz força e cheguei nos 90km com 3-01, incluindo os 14` perdidos na troca do pneu. Fiquei feliz demais. Vi o pessoal em um trevo na estrada, recarreguei as energias. Era muito fácil de eu achar eles… as faixas eram muito bonitas, chamou atenção da prova toda!

Quando achei que seria possível manter o mesmo ritmo e fechar pra 5-45, fiz o retorno e tomei um “soco” no peito. Era o vento, mas não um vento qualquer… ele vinha de todos os lados e com força. Decidi baixar a cabeça, ficar aero e pedalar com eficiência, pois do contrário poderia comprometer minha corrida.

Foi assim até o fim, fui procurando os amigos que iam à frente, e com isso meu tempo passava.

Alimentei-me muito bem durante a bike: foram 4 batatas médias com sal, dividias ao meio (8 porções), mais 8 bisnaguinhas com geléia, dois doces de abóbora e 5 géis GU + 01 caramanhola com shake de hipercalóricos. Comia a cada meia hora e a cada 15 minutos me hidratava.

Cheguei à transição, mais uma vez fiz tudo com calma e sai pra correr.

CORRIDA:

 

Quando coloquei os pés no chão, disse pra mim mesmo: agora eu não paro nunca mais! Na natação não podemos contra as intempéries do mar, na bike estamos sujeitos a quebras mecânicas, tombos, etc… Mas na corrida sou eu comigo mesmo. EU sou a máquina e não vou quebrar!

Sai pra correr bem. Levei 04 saches de Gu, 01 doce de abóbora e cápsulas de sal + potássio. Ritmo bom no início e foi assim até o fim. Andei somente na subida de Canasvieiras.

Na bike perdi muitas posições, pelo pneu e pelo pedal mesmo, mas na corrida passei muita, mais muita gente mesmo. Isso me fazia sentir que estava bem e dava força pra continuar correndo. Quando passava perto da Iron City, via o pessoal com as faixas, pára pra dar um beijinho e continuava firme.

A meia maratona saiu boa, me sentia leve, pernas soltas, dentro do ritmo de treino. Na segunda volta peguei um argentino que já iria finalizar a prova e fiz quase os 10,5km inteiros com ele, tinha um bom pace. Nos últimos 10,5km foi só alegria já escurecia e eu só pensava na chegada. Olhei para o relógio pra ver que horas eram, pois até então eu estava só com as parciais, não tinha feito as contas. Vi que a maratona sairia sub 4h e que chegaria antes das 11hs e 30m de prova, se mantivesse o pace.

Foi o que aconteceu, 11h 25minutos e 21 segundos depois de largar, cheguei no funil onde tinha muita, mais muita gente mesmo!!! Achei a Carol e minha mãe e fomos os três de mãos dadas até a chegada. Eu juro que não acreditava que estava ali, que tinha chegado até a linha final tão bem. Foi uma explosão de emoção e sentimento de dever cumprido que me deixou pasmo, meio bobo, sem saber o que fazer, mas com direito  a cruzar a linha com a Carol no colo!!! rsrsrs



O dia foi perfeito: acordei triatleta, vi o sol nascer à direita, passar por cima da cabeça, se por à esquerda, a noite chegou, a prova terminou e fui dormir um IRONMAN!

AGRADECIMENTOS:

Gostaria de agradecer muito a todos que me ajudaram nessa jornada, à família e amigos que apóiam e entendem a ausência, aos colegas de trabalho que sempre me ajudaram com os horários malucos. Aos meus amigos de treino, pela força que sempre me deram. Vanessa nutricionista. Rafa Dutra nosso mentor psicológico. Em especial ao Enzo, pois quando fiz a inscrição no ano passado eu disse: agora se vira pra me fazer chegar, e ele fez!

Quero agradecer muito à minha mãe e meu pai, que sempre me apoiaram em tudo!

Carol, minha Irongirlfriend, pois não é fácil agüentar os horários malucos, jantares estranhos para uma sexta ou um sábado. As longas horas de ausência, finais de semana sem praia ou chácara. Acompanhar nas provas, tomar chuva e frio no Rio, calor em Santos, ir pra Floripa e voltar às 6h da matina da segunda!

Muito obrigado a todos!

Para finalizar: VALE A PENA! NÃO SEI COMO EXPLICAR… É DIFÍCIL, MAS NÓS TORNAMOS FÁCIL! QUE VENHA 2012!


Pré maratona, o que fazer!

há uma ou duas semanas de uma maratona Você já não tem mais tempo para ficar mais resistente, mas ainda tem tempo de estragar sua prova.

Digo isso porque ainda é muito comum ver pessoas que não sabem apenas esperar pela prova e na reta final estragam a preparação, chegando no dia do evento parcialmente recuperados dos últimos treinos, e quem já fez uma maratona sabe que é muito importante estar 100% no dia do evento porque você vai precisar de tudo o que tiver, e encontrará muitos que já não terão mais o que fazer, caminhando sofridamente pelo caminho.

Faltando uma ou até duas semanas é importante não gastar sua energia com treinos que não agregarão nada a seu condicionamento, por isso descanse e treine de vez em quando!

Faltando duas semanas, não faça mais treinos longos, um ou dois treinos de velocidade ou ritmo são mais indicados. Na semana da prova, faça um ou no máximo dois treinos de até 30 minutos, contando com o aquecimento, pode ser na velocidade que você pretende correr a prova. Deixe pelo menos a sexta e o sábado para descanso completo, se você for daqueles mais audaciosos e sua mente permitir, descanse na quinta também.

Aquele pratão de macarrão que seu colega disse que vai comer no sábado, antecipe-o para sexta, assim você acumula o carboidrato no tempo ideal que o corpo precisa para ser absorvido, 48h, no sábado coma a quantidade que você está acostumado a comer num dia qualquer e assim terá tempo de eliminar antes da prova. (Para orientações mais específicas sobre alimentação consulte um(a) nutricionista.)

Beba muita água no sábado, confira se no seu short cabem os sachês de gel que você pretende levar, passe vaselina nas partes que podem te incomodar, pois numa maratona tudo se acentua, escolha um par de meias confortáveis, de preferência os mesmos que você usou nos treinos longos, o mesmo serve para os tênis. Siga a estratégia que você e seu treinador traçaram, se você não tem um treinador sugiro que comece a prova num ritmo bem confortável até passar pela marca de 10km, e só a partir daí entre no seu ritmo de maratona, e qualquer outra dúvida pode me escrever que eu respondo.

Aproveite o trajeto que te dará o título de maratonista, mas já que só o título não vale muita coisa, alie a ele as lembranças do percurso, as pessoas, a paisagem, a torcida, o silêncio de vez em quando, seus pensamentos, as sensações ao vencer cada km… são elas que vão te acompanhar para sempre e isso é o que vale a pena num desafio tão grande quanto uma maratona.

Boa prova.

Enzo Amato.


Inscrições encerradas.

Se esgotaram em menos de 15 minutos as 2 mil vagas para o Ironman Brasil 2012, isso mesmo, 27/05/2012, falta um ano!!!

Parece que o triathlon no Brasil veio para ficar, e não é qualquer distância, estamos falando do Ironman, que engloba 3,8km de natação, 180km de ciclismo e 42km de corrida num único dia.

O triathlon é muito novo se comparado a outros esportes, tem menos de 40 anos, faz parte dos jogos olímpicos desde Sydney 2000 (1,5, 40, 10) e a distância Ironman (3,8, 180, 42) existe há apenas 33 anos.

É de se adimirar que para uma distância extenuante como a de um Ironman reúna tantos participantes. A etapa de Florianópolis é a única na América do Sul dentre as 24 realizadas ao redor do mundo, também com inscrições disputadíssimas. Em 2007 quando fiz meu primeiro Ironman o limite era de 1200 atletas e pude fazer minha inscrição faltando 6 meses para o evento, metade dos participantes eram estrangeiros, em 2011 as inscrições duraram 3 dias para 1800 atletas sendo que mais de 1000 eram brasileiros, já para 2012 a organização agendou a abertura das inscrições e em menos de 15 minutos 2000 vagas se esgotaram, é muito provável que a maioria esmagadora seja de brasileiros, consolidando o evento e o esporte aqui no Brasil.

Se traçarmos um paralelo com a maratona, corrida de 42km, em 2010 apenas 2700 atletas completaram a maior maratona do país, a de SP, sendo que ainda temos pouquíssimas provas desta distância no Brasil, enquanto que nos Estados Unidos ou Europa existem muito mais provas, e pelo menos em 6 delas mais de 35 mil pessoas participam. É verdade que a prática da corrida vem crescendo no país e as pessoas que hoje fazem distâncias menores, um dia chegarão a maratona, mas não se compara com o sucesso do Ironman que já é realidade em tão pouco tempo.

Eu e mais alguns alunos conseguimos nos inscrever para 2012, nem terminamos de contar as histórias de 2011 e já começamos as do próximo ano.

 


Missão dada é missão cumprida!

Ironman Brasil 2011, como foi a 1ª vez para o Witney.

Por Witney Moriyama Jr.

Estou muito feliz por ter me tornado no dia 29 de maio de 2011 as 19:02h em Floripa, SC, um Ironman, com tempo de 12 horas cravadas, exatamente como a meta havia sido estabelecida.

Agradeço a todos que fizeram parte disto, meu treinador Enzo Amato, o psicólogo Rafa Dutra, a nutricionista Vanessa Pimentel, meus colegas de treinos, Eduardo Coimbra, Clodoaldo, Otavio, Marcio Bernardo, Eduardo Prunonosa e Evandro, minha esposa Rosana, que sempre me apoiou, ajudou e teve muita paciência e compreensão, meus filhos que sempre me motivaram, meus pais, irmãs e parentes, e também todos aqueles amigos que me incentivaram e torceram por mim, em especial meus grandes amigos Haroldo Arcuri que me estimulou a iniciar no Triathlon e ao Sergio Dias da Silva que me incentivou a correr, ambos foram parceirões de muitos treinos e provas.

Após uma semana de dura dieta de depleção de glicogênio, passando um pouco de fome, dores musculares e com mal humor, completei a viajem de carro, chegando em Floripa com a família na quinta feira.

Casa alugada e confortável, ficamos bem instalados e fui ainda na quinta-feira pegar meu KIT e dar uma passada na EXPO.

Ainda na quinta-feira tive a oportunidade de me encontrar com o Enzo, Otavio e o Pitton que havia levado minha Bike para Floripa.

Na sexta feira eu andei um pouco com a Bike para testar e estava tudo Ok, sem precisar de nenhum ajuste. Peguei meu check–list que havia preparado, juntamente com o “mapa da prova” e iniciei a arrumação detalhada de todas as sacolas para a prova, revisando todos os detalhes.

Seguindo as orientações do treinador, fiquei estes 3 dias que antecederam a prova, descansando, sem treinar, seguindo a dieta da Vanessa carregada em carboidratos e me concentrando seguindo orientações do Rafa.

Sábado antes de ir dormir, com tudo pronto, eu fiquei conversando bastante tempo com o Rafa, estava bastante ansioso e pouca vontade de dormir. Mas enfim fui para cama as 23:30h e acordei as 03:30h no primeiro toque do despertador. Iniciei de forma concentrada meu dia, tomando meu hormônio logo cedo, consegui ir ao banheiro e fiquei garantido na prova. Fiz a barba para sair bem nas fotos, me troquei, peguei as caramanholas, lanches e a sacola da natação e as 4:45hs sai de casa.

Cheguei na transição para marcação dos atletas as 05:00h, entreguei minha sacola de “special needs”, coloquei as caramanholas na bike, chequei a pressão dos pneus, zerei o velocímetro e fui para o vestiário me trocar. Tudo estava muito bem organizado, com um bom atendimento dos staffs e orientado pelo treinador, agradeci a todos eles durante toda a prova.

Sai do vestiário as 06:20, ainda estava escuro lá fora e a temperatura de 12ºC, encontrei toda família e amigos. Neste momento já começaram os abraços da família de boa sorte e os momentos de choros de emoção que foram vários durante todas as 12hs de prova.

Witney, Edu, Otavio, Enzo, Clodoaldo e Marcio.

Tivemos que andar um pouco na areia da praia até a área de largada dos atletas que fechava as 06:50hs; abraços de boa sorte nos amigos, algumas lágrimas nos olhos de emoção, dediquei os últimos 10 minutos para concentração….olhei para o céu, me concentrei na respiração, e 2 minutos antes da largada o sol nasceu parece que de forma combinada com a organização da prova.

Exatamente as 7h foi dada a largada, muita gente na água e estava difícil achar espaço livre para nadar, tinha sempre alguém bloqueando, sem falar nas cotoveladas e trombadas. A água estava muito boa, limpa e “quentinha”, pelo menos pra mim parece que estava…rs, vi gente reclamando que estava fria…rs.

Mais de 1800 atletas ao mar as 7 da manhã.

Na ultima etapa da natação, a maré estava puxando bem e as ondas estavam bem agitadas e pouco antes de terminar o nado, ainda dentro da água ia nadando e pensando na seqüência que iria fazer na transição para a bike.

Sai da água em 1h e 7 minutos, bem posicionado e na frente de muita gente, sai gritando de alegria, cumprimentei e beijei todos da família e corri para a transição. Fiz uma transição bem detalhada e com clama para não esquecer nenhum detalhe importante, pois seria uma etapa muito longa de 180 km.

Antes de sair com a bike, abracei e beijei todos da família novamente, acho que para garantir uma “boa sorte” e para comemorar mais uma etapa realizada.

A primeira volta da Bike foi um pouco mais fácil, não estava ventando muito e minha média estava em 31,2Km/h. Consegui me alimentar exatamente a cada meia hora nas quantidades certas e acho que me hidratei demais, pois tive que parar duas vezes para ir ao banheiro. Na segunda volta estava ventando muito e minha média de velocidade baixou muito. O cansaço de pedalar começou e para piorar, na última cápsula de sal que tomei, junto com o “Power” da Vanessa, me estragou o estômago, comecei a sentir enjôos e vontade de vomitar. Nos últimos 20 km da bike, e de mal com o selim, eu já estava pedindo para acabar logo a bike e começar a corrida.

Graças a Deus, minha maior preocupação com a prova acabou quando conclui a etapa da bike, pois mesmo sentindo desconforto na segunda volta, não aconteceu nem de furar um pneu…

Entreguei a bike para o pessoal da organização da prova que iria guardá-la…é show de bola isto né?…..e fui para a transição, peguei minha sacola com as coisas de corrida, me abasteci com géis de carboidrato, docinho de abóbora, coloquei o tênis e sai para correr.

Novamente na saída eu comemorei muito, abracei e beijei a família toda e fui correr meus 42 Km de maratona. Logo no início, vi meu nome escrito por duas vezes na rua e sabia que alguém da família tinha feito isto, muito legal, deu mais ânimo para correr…

Nos primeiros quilômetros de maratona, meu ritmo de corrida estava em torno de 6:15 minutos por quilômetro, eu tentei aumentar um pouco a velocidade depois do quinto quilômetro mas não consegui…..foi neste momento que eu lembrei das dicas e principalmente do Edu que dizia…faça a prova com sabedoria e não tente lutar contra a natureza, mas faça parte dela….curta a prova!

Outro fator que me ajudou muito foi ter corrido a maratona toda com um amigo que conheci na prova, Marcos, coronel do exército que me disse que queria correr junto porquê ele nunca tinha corrido uma maratona antes e estava preocupado em manter o ritmo. Fomos juntos durante a maratona toda…

Companhia durante a maratona, Coronel e Witney.

E eu também não estava muito bem do estômago e fui me alimentando com cuidado, pois mesmo enjoado, precisava comer senão não iria conseguir fazer a maratona. A pepsi que foi dada durante a prova me ajudou bastante e parece que fez bem ao meu estômago. Consegui comer bolacha e bolo oferecidos durante a maratona, tomar um gel de carboidrato e comer um docinho de abóbora.

Na maratona foi a hora que o tamanho desta prova mais pesou mesmo, teve vários momentos em que eu tive vontade de parar…..as vezes eu me perguntava: o que que eu estou fazendo aqui? Então eu mesmo me respondia……estou realizando um sonho……….e lembrava da confiança que o Rafa dizia, de todos os treinos que realizamos e do que eu já fora capaz de fazer.

Na última volta da maratona, já estava totalmente escuro, tive que manter uma alta concentração para não parar e continuar correndo no meu ritmo. Teve alguns momentos que olhava para o relógio e pensava em apertar um pouco o ritmo para terminar a prova com tempo abaixo das 12 h, mas não me arrisquei quebrar e por tudo a perder, então mantive o ritmo constante e cheguei ao final no mesmo pace.

Toda minha família estava esperando para entrar junto comigo no pórtico de chegada.

Entramos todos de mãos dadas, foi uma festa…………

Quando passei pelo pórtico, olhei para o relógio da prova que marcava 19:02h, então, olhei para o céu, mandei um forte abraço para meu irmão e agradeci a Deus…….

Missão dada é missão cumprida!

Com certeza, vou me inscrever para o Ironman Brasil 2012 procurando melhorar meus tempos e levar disto tudo um grande aprendizado na vida para que eu possa ser uma pessoa cada vez melhor………..

Família reunida e orgulhosa de ter o papai Ironman.


Ironman Brasil 2011, por Enzo Amato parte 2.

Parte 2, o dia da prova! (a parte 1 está logo abaixo deste texto)

Por Enzo Amato

Acordei as 3:50 da manhã assim que o despertador tocou, logo fui separar a comida que ia levar na prova, vesti a roupa, me agasalhei e tomei o café da manhã.

Estávamos em 5 pessoas lá em casa, pai, mãe, irmã namorada e eu, todos prontos e dentro do carro as 4:45, passei na casa do Otavio, meu pai cedeu o lugar para ele e se “acomodou” no porta malas, mais adiante o Edu também nos esperava para pegar carona, já avisado que teria que ir no porta malas, éramos só alegria e não nos importávamos com nada, só queríamos chegar.

Lá pelas 5 já estávamos na frente da transição, nos encontramos com os outros do grupo e o local começava a ficar movimentado. Entregamos a sacola de special needs que pegaríamos durante o percurso, deixei lá como garantia, pois havia me programado a ir direto já saindo com tudo o que precisava para comer no percurso da bike.

Entramos na área destinada aos atletas, primeiro passo, a pintura dos números, com o staff sempre bem humorado, mesmo sendo 5 da manhã de domingo num trabalho voluntário, depois fui verificar a bicicleta, tirei a capa, conferi os pneus, deixei a caramanhola de malto, fui para a área das sacolas, deixei lá as batatas cozidas que comeria durante o ciclismo, conferi tudo e fui para o vestiário colocar a roupa de borracha, tivemos tempo suficiente para fazer tudo com calma e não esquecer de nada, ao sair da área de transição nos encontramos outra vez com os familiares e caminhamos juntos pela praia ainda escura, até o local da largada que ficava a 600m dali.

Transição e parte da tenda de sacolas e vestiário a esquerda

Há 15min da largada, dia clareando e todos prontos para a festa.

Último abraço em todos que nos acompanharam até ali. O grupo entrou na área de largada ainda junto, é difícil reconhecer uns aos outros nessa hora, pois todos estão de preto e touca vermelha, mesmo assim consegui desejar boa prova a todos, sabia que a partir daquela hora eles teriam que lidar com as adversidades da prova sozinhos, era hora de aplicar tudo o que havíamos aprendido e praticado com o Rafa a Vanessa e comigo. A partir dali eu agia na minha prova e torcia para que a deles transcorresse o mais próximo do planejado.

7 horas em ponto é dada a largada, uma explosão de adrenalina toma conta e a energia de todos é contagiante, o ritmo se assemelha mais a uma prova de 100 metros do que uma de 226km que temos pela frente. Braços e pernas num mar de espuma, costumo largar na frente e mesmo assim levo alguns minutos para nadar livremente buscando espaços, mal se vê a primeira boia de 6 metros de altura que está a quase 1km de distância, sigo o fluxo e tento me orientar pelo sol que deu um show minutos antes da largada. O mar estava bastante agitado, mas isso não me preocupava, fiz a primeira volta corri na areia e antes de entrar novamente reparei que a maré levava os atletas para a esquerda, fiz o possível para ficar à direita e nadar sozinho, consegui e fiz uma volta muito boa, antes de sair percebi que o mar estava mais agitado ainda e que os mais lentos sofreriam mais, saí do mar e passei em baixo do relógio com 1h01, inclusive ouvi o locutor dizer que a Fernanda Keller havia acabado de passar, na hora fiquei orgulhoso e segui em frente, o staff me ajudou com a roupa de borracha, corri até a sacola, fui pro vestiário me arrumar para os 180km de ciclismo, carreguei os bolsos com doce de abóbora e batata cozida com sal, uma rápida passada no banheiro e lá estava eu na magrela, a família grita, bate fotos e passa a energia positiva para aguentar mais uma parte da prova. Comecei a me alimentar a partir dos 20 minutos de ciclismo e mantive a rotina de comer a cada 30min e beber a cada 15min. Logo no km30 pude ver o Edu logo atrás num retorno, isso me deixou muito contente, pois ele tem um pedal muito forte e não estava economizando, segui procurando o pessoal e mais a frente vi o Marcio que estava muito bem, sempre gritava palavras de incentivo, pouco depois o Otavio me viu antes que eu o visse e também gritou, só me deu tempo de retribuir e continuar pedalando. Na subida do km45, mais ou menos, finalmente o Edu me passou, pude conversar com ele por um bom tempo, em resumo ele me disse que estava dentro da média planejada e que se sentia bem, disse que estava feliz em vê-lo me passar logo no início e para ele aproveitar esse dia. Continuei meu ciclismo, pois também estava dentro da minha média de velocidade, passei pela metade do percurso com 2h45min atento para receber novamente os cumprimentos dos familiares e me encher de energia para a próxima volta, Paula, Flávia, mãe e pai todos gritando com sorriso no rosto, a prova estava perfeita, a partir do km 140 comecei a sentir um desconforto no estômago, minha velocidade começou a diminuir, até aí pensava que era pelo forte vento, mas quando vi o Clodoaldo me passar com facilidade sem que eu conseguisse acompanhá-lo, comecei a desconfiar que algo estivesse errado, reprogramei as metas de tempo e continuei fazendo o meu melhor, comi, bebi e segui firme até o fim dos 180km com esperança de que ficar em pé me faria sentir melhor, transição feita com calma, sai para correr renovado, segurei um pouco o ritmo nos primeiros quilômetros e comecei a me sentir melhor, fui muito bem até o km 15, encontrando o pessoal, incentivando, sendo incentivado, mas a partir dai comecei a diminuir o ritmo, tudo o que eu comia me fazia sentir mal, por outro lado sabia que não podia ficar sem comida. Passei perto dos familiares e mesmo a energia contagiante de todos não me fazia correr mais rápido, tirei o top e vesti uma camiseta para ver se me sentiria mais confortável, mas continuei na mesma, tentei mais uma estratégia, caminhar até o mal estar passar, e nada, caminhei bastante e quando algum conhecido passava eu voltava a correr, mas apenas por alguns minutos. Quando passei novamente pela torcida, já no km 30, a Paula me deu um agasalho e a partir dai resolvi parar definitivamente de comer, disse a ela que faria o resto do percurso caminhando, mas para me esperar no corredor de chegada, pois eu não desistiria. Numa das tentativas de me manter correndo, consegui seguir adiante sem precisar parar e a cada km conseguia correr um pouco mais rápido e acabei correndo os últimos 10km sem precisar parar, cheguei ao último km bem antes do que a última previsão e estava receoso de não encontrar a família para cruzar o pórtico comigo, na reta final muitas pessoas te saúdam, mais do que o normal, e não importa a hora que é ou a colocação que você chega, parece que todos imaginam o quão difícil é chegar naquele último km e não medem esforços para te cumprimentar e gritar que você é um Ironman, esperei o ano inteiro e treinei bastante para aguentar chegar ali e mesmo reprogramando os tempos e objetivos ao longo da prova, vivi aquele dia intensamente como havia programado, felizmente a Paula e a Flávia estavam atentas, me viram e me acompanharam até o pórtico de chegada 11h38 depois do tiro de largada , por mais que eu tenha levado 1 hora a mais do que eu pretendia, isso não me fez menos Ironman. Passei pela quinta vez aquele pórtico sorrindo, cansado, orgulhoso e pronto para abraçar e parabenizar meus amigos.

Após a prova combinamos de nos encontrar novamente na chegada para assistir ao último colocado e em seguida cantar parabéns, apagar 35 velinhas, comer bolo e tomar vinho, pois a meia noite começava o dia 30 de Maio, mais conhecido como, meu aniversário.

Começava meu aniversário.


Ironman Brasil 2011, por Enzo Amato parte 1.

Deixarei registrado o relato e as impressões de cada um dos membros da equipe que participou do Ironman Brasil 2011, começo pela minha.

Parte 1, os dias anteriores.

Por Enzo Amato

Depois de 11 horas de viagem de carro de São Caetano do Sul, na grande SP, até Floripa, comecei a respirar e viver o clima da prova desde quinta a tarde. O sol e a temperatura amena prometiam uma bela festa.

Kit na mão, feliz e contente.

Logo na quinta fui pegar meu kit e visitar a feira. Não me surpreendi, encontrei camisetas oficiais a preços exorbitantes, nenhum souvenir como chaveiros ou adesivos, e fotos a preço de ouro. Mas enfim, não sou contra as pessoas trabalharem para ganhar dinheiro. Saí de mãos abanando e fui me encontrar com o Otavio, Witney e Evandro, depois de um breve bate papo, vi que todos estavam bem e fui para casa descansar.

Na sexta ao longo de todo o dia vejo muita gente treinando na rua, não sei se faz parte da insegurança, pois não consigo entender o motivo de um treino há apenas dois dias de uma prova que dura, pelo menos, 9 horas para os amadores, mas enfim descanso completamente vários dias antes da prova e oriento meus atletas para fazerem o mesmo.

Paula e eu com a Lagoa ao fundo e muito sol.

Tive tempo para fazer turismo na ilha, conhecer outras praias e almoçar um belo peixe grelhado de frente para o mar. Me sentia muito confiante e preparado para o desafio e via o mesmo nos atletas/amigos que treinei. A noite fomos para o jantar de massas, que apesar do maior número de atletas estava melhor organizado que nos anos anteriores, onde formavam-se filas enormes para servir e havia dificuldade de encontrar lugares para sentar. Salada, dois tipos de macarrão com 3 tipos de molho, filé de frango e frutas faziam parte do buffet, que era a vontade. As mesas são grandes e pessoas de diferentes grupos acabam dividindo a mesma mesa, se conhecendo e o assunto não pode ser outro a não ser, Ironman. A final de contas, onde mais você consegue reunir no mesmo local, pessoas desconhecidas que fazem uma prova dessa. Continuávamos respirando e vivendo os momentos que esperamos o ano todo.

Deixando a bike e sacolas na transição

No sábado organizei os últimos detalhes das sacolas das transições e da bicicleta que seriam entregues a tarde. Como cada um do grupo tinha que entregar as sacolas e bike em horários diferentes, e eu era um dos últimos, todos já estavam prontos quando cheguei. O staff voluntário como sempre muito atencioso e educado, conferiram meu equipamento, as sacolas, número, me acompanharam até o cavalete onde minha bike dormiria, a cobri com uma capa de plástico para proteger do clima, mais a frente um espaço coberto com várias araras onde as sacolas com equipamento de ciclismo ficava a esquerda e a de corrida a direita, logo em seguida o vestiário, alguns banheiros e a saída. Não havia mais nada a ser feito, apenas esperar mais algumas horas para a largada, mas antes juntamos a galera na casa do Witney para nosso último bate papo com nosso psicólogo, o Rafa, acabamos ficando lá por duas horas num encontro muito produtivo e motivacional, não faltaram lágrimas e emoção, depois disso nossa nutricionista, a Vanessa, ainda mensurou pela última vez o percentual de gordura de cada um. Seguimos cada um para suas casas para jantar, descansar e esperar o grande dia… (Continua no texto acima, parte 2)