Arquivos Mensais:maio 2011
Agora falta muito pouco!!!
A equipe toda já está em Floripa e o ambiente é espetacular, o bairro todo respirando Ironman, pessoas bonitas fazendo uma festa incrível. O clima ótimo, calor durante o dia com céu azul e frio a noite por causa do vento.
Hoje, dia 27, foi o jantar de massas, muito bem organizado, sem filas e com muitos lugares disponíveis para sentar. No ano passado esses pontos deixaram a desejar, a comida muito boa como sempre. Mas depois eu conto com mais calma e mais detalhes, a intenção deste post é fazer com que as pessoas e leitores que sempre nos acompanharam, mas que por qualquer motivo não puderam estar aqui em Floripa, acompanhem os atletas pelo site do evento durante a prova.
Abaixo deixo os números dos atletas que durante o transcorrer da prova vão gritar palavras de incentivo uns aos outros e lembrar que muita gente torce por eles.
Nome Número
Clodoaldo 188
Edu Coimbra 521
Edu Virtual 479
Enzo 782
Evandro 288
Leo 1058
Marcio 472
Otavio 438
Witney 170
Grande abraço a todos.
Falta pouco.
Faltando apenas alguns dias para o Ironman Brasil 2011 todos os integrantes da equipe já estão ansiosos faz tempo, mas principalmente muito auto-confiantes com o trabalho físico, nutricional e psicológico realizado ao longo dos últimos 4 meses e meio.
Como atleta também estou ansioso para que o dia chegue logo e como treinador dessa equipe que se tornou um grupo de amigos, estou muito orgulhoso pelo esforço, dedicação e companheirismo que pude observar e presenciar durante a preparação.
Conquistamos muito mais do que preparo para concluir uma prova gigantesca e desafiadora, o aprendizado, a amizade, o companheirismo, a troca de experiências, a raiva, os desafios que o ciclo da vida nos impõe sem marcar hora, são provas de que é preciso muito mais do que vontade para ser um Ironman. Como treinador já os vejo como Ironman, e como amigo, agradeço pelo aprendizado que tive com todos vocês.
Só nos falta participar da festa no domingo. Os familiares e amigos acompanharam a rotina de treinos tentando imaginar ou acreditar no que fazíamos, mas neste final de semana eles também farão parte desta celebração e isso ajuda a tornar essa prova tão mágica quanto desafiadora.
Vejo vocês em Floripa!
Caros leitores, podem esperar por boas histórias e causos a partir da semana que vem.
Abraço a todos.
Perda de peso durante a corrida.
Num dos treinos mais longos de corrida dentro da preparação para o Ironman Brasil 2011 pesei os corredores imediatamente antes e depois do treino, foram 35km, confortavelmente feitos em 3h30min, num dia de temperatura agradável, veja os resultados:
Nome Antes Depois Perda Percentual
Clodoaldo 56,9 55,5 1,4kg 2.4%
Edu Coimbra 73,2 70,7 2,5kg 3.4%
Enzo 53,8 51,7 2,1kg 3.9%
Marcio 78,8 76,3 2,5kg 3.1%
Witney 76,2 74,1 2,1kg 2.7%
É importante observar que o percentual de peso perdido esteve entre 2.4% e 3.9% sem contar a quantidade de líquidos ingerido durante a atividade. Quanto maior a perda, pior, os batimentos se elevam e dão a impressão de que o exercício fica mais difícil, e maior também é o risco de lesões.
É muito difícil repor, durante uma prova ou treino longo, a mesma quantidade de líquido perdido, a perda sempre é maior, por isso tão importante quanto se hidratar durante o evento é ter a mesma atenção no dia anterior.
Você pode fazer esse cálculo e saber se tem se hidratado corretamente durante seus treinos. Pese-se antes e subtraia pelo peso pós treino, juntamente com a quantidade de líquidos que você ingeriu durante a atividade (500ml equivale a 0,5kg). O resultado é o total de peso em quilos, e a partir dele você calcula a porcentagem.
Até 2% de perda de peso corporal, apenas água é sufuciente para a reposição, a partir daí uma bebida isotônica é bem vinda, porém se a perda chegar a 6% você precisará de orientação de um nutricionista para que isso não ocorra novamente, pois é um sério sinal de desidratação que compromete a funcionalidade dos órgãos e a execução do exercício.
Dicas “psicológicas” para o IRONMAN BRASIL 2011
Por Rafa Dutra*
Em abril não escrevi o texto para esta coluna do Blog do Amato, e como maio é especial para aqueles que se preparam nos últimos meses para esse grande desafio, essa coluna terá dois posts no mês do IRON.
O primeiro foi “Qual ansiedade é a sua?”, e espero que tenha os ajudado a aprender mais sobre esse tema e a trabalhar melhor a ansiedade para a prova, e esse segundo post é o relato de uma atividade que realizei com o grupo que estou preparando para a prova.
No dia 05/05 pedi para que cada um dos seis integrantes do grupo levasse dicas para o aspecto emocional da prova, seja experiências de ter feito o IM, outras provas ou coisas que leram e aprenderam para deixar a “cabeça boa” na hora da prova. E o que escrevo abaixo é o relato das dicas que eles deram, comentadas por mim:
- Confiança no treino realizado:
Saber que está preparado para os 226km de prova, que se preparou bem e que seu corpo conseguirá realizar a prova dentro do ritmo em que você treinou.
- Lembrar dos Treinos:
Uma planilha de treino para o IRONMAN é uma seqüência de desafios e conquistas, sair dos 70km para os 200km de bike, os treinos diferentes, os longões, os bons tempos nos treinos de velocidade, etc. Se preparar para a prova foi vencer semanalmente novos desafios que as planilhas apresentavam, lembrar disso e usar isso como elemento motivador e gerador de autoconfiança é fundamental.
- Disposição para replanejar:
Cada atleta fez uma programação, um planejamento (alguns mais ou menos detalhados) para a prova, a expectativa de tempo em cada modalidade, na transição, o ritmo para nadar, pedalar e correr, no entanto, embora deva-se buscar seguir esse planejado, a prova é muito longa e uma infinidade de adversidades podem acontecer, por isso é importantíssimo o atleta estar disponível a replanejar suas metas no meio da prova para ao invés de se desmotivar diante das adversidades conseguir recuperar a motivação e seguir buscando se superar.
- Curtir a Prova X Foco no Resultado:
Ter uma expectativa de resultado é importante! Compromisso e seriedade SIM, obrigação com o resultado NÃO. A obrigação fica para os atletas profissionais e patrocinados, os amadores fazem essa prova porque são apaixonados pelo triathlon e pelo desafio, fizeram um enorme investimento para essa prova (de tempo, financeiro, de sacrifícios, etc) e levam a prova com seriedade e compromisso, mas sem focar tanto no resultado e sim em curtir o GRANDE DIA pelo qual se prepararam por meses.
- Programação Mental para a prova
Fazer uma “programação mental” do que pretende viver/fazer na prova, vivenciar a prova antes dela acontecer, imaginando o que pretende fazer, e organizando todos os detalhes possíveis (alimentação, ritmo, transições, hidratação, etc) para evitar precisar tomar decisões na hora da prova, ter planejado tudo antes, deixar para na hora da prova tomar decisões apenas em relação aos imprevistos, isso se eles acontecerem (a chance de acontecer é grande).
- Palavras Motivadoras:
Pensar antes da prova em palavras que servirão como “motivadoras” na hora da dor, do cansaço, do desânimo e do momento em que se pergunta: O que estou fazendo aqui? Um de nossos atletas possui três palavras que ele repete para si mesmo diversas vezes: Eu posso! Eu consigo! Eu sou forte!
- Se divertir durante a prova:
Uma prova de mais de 10h é muito longa, muitas coisas acontecem, assim como muitas coisas aconteceram nos treinos de preparação. Prestar atenção nas coisas divertidas, leves e engraçadas que cercam esses momentos é indispensável, é possível se divertir com seriedade, levar o bom humor para a prova sem fazê-la de uma forma descompromissada ajuda, e por isso a diversão é ingrediente indispensável.
- Pensar em pessoas significativas:
Serão diversos momentos em que dará vontade de desistir de tudo, seja de dor, de cansaço, de pensar que ainda falta muito, etc. Uma prova dessa possui diversos momentos ruins, e lembrar e pensar em pessoas significativas que servem como motivadoras para seguir em frente e se superar é muito importante. Vale a pena parar e dar um beijo no filho, um abraço na esposa, fazer uma piadinha para o pai e deixar a mãe tranqüila (não estou cansado!rs), são minutos “perdidos” no tempo geral da prova (talvez dois ou três) mas que renovam e o acompanham por km e km!
- Lembrar do porquê está realizando essa prova:
Todos possuem um motivo para realizar um desafio desse tamanho, ainda mais como atleta amador, deixar esse(s) motivo(s) na ponta da língua e recorrer a eles durante a prova ajuda bastante.
- Lembrar do porque gosta de fazer o IRONMAN:
A sensação de EU SOU UM IRONMAN continua ao longo de todo o ano, mas são naquelas horas em que você está efetivamente vivenciando o momento do IRON, e pensar no que existe em todo esse universo que você gosta e que fez você escolher se lançar nesse desafio também é bastante motivador.
- Fazer um checklist para a prova (bem detalhado):
Conferir diversas vezes o checklist da prova é muito importante, assim evita esquecer algo, ou deixar alguma coisa no momento errado da prova, é uma prova de MUITOS detalhes, organizá-los previamente de cabeça “fresca” faz diferença, assim na prova é só seguir o programado tranquilamente, sem o estresse de ter esquecido algo ou ter feito ou deixado de fazer determinada coisa na hora certa!
- Desconcentrar do esforço e da dor no final (ou durante):
Essa prova exige muito esforço, o cansaço é muito intenso e as dores com certeza vão fazer parte da prova, em maior ou menor intensidade, por muito ou pouco tempo, e nesse momento difícil é importante não se concentrar nisso, procurar desfocar, pensar em outras coisas, prestar atenção no que acontece em volta, usar elementos motivadores, etc. Mas não ficar prestando atenção na dor e no cansaço, pois parece que quanto mais atenção damos as dores, mais elas doem, quanto mais atenção damos ao cansaço, mais ele nos pega!
- Cuidado com a comparação:
Existem diferentes atletas, cada um fez uma preparação diferente, cada um é mais forte em uma modalidade ou outra, e uma prova como o Ironman não permite “brincadeirinhas de competir” com outros atletas durante a prova, o preço pode ser muito alto. O foco tem que ser sempre interno, é você com você mesmo, a única comparação feita deve ser a comparação do que você está realizando na prova com o que você treinou, existem muitos atletas melhores do que você, existem atletas que nadam, pedalam ou correm melhor, e atletas que tomam decisões erradas e forçam em alguns momentos e depois “quebram” lá na frente, por isso, a sua competição é com você mesmo, em conseguir manter-se dentro daquilo que treinou, nem mais, nem menos, estar bem e forçar com 5 horas de prova, pode custar caro 3 ou 4 horas depois!
- Lidar bem com as ultrapassagens:
A lógica é a mesma do item interior, algumas pessoas preferem sair mais forte (seja nadando, pedalando ou correndo), outras são realmente melhores e possuem condição de fazer determinadas modalidades em ritmos mais fortes do que o seu, as pessoas vão te ultrapassar, e não importa quem seja, continue focado em você, no IRON VOCÊ é o seu ÚNICO adversário!
- Encarar a prova de uma forma progressiva:
Não usar a lógica do “FALTA” tanto, mas sim o do “JÁ FOI” tanto. Quando você faz a volta na bike e pensa falta 90km a sensação é uma, quando você faz a mesma volta e pensa já foram 90km a sensação é outra, puxe sempre as distâncias percorridas para te motivarem, e não as distâncias a percorrer, pois essas podem desmotivar bastante!
- Utilizar a alimentação como marcação do tempo:
Comer bem é determinante de uma boa prova, e utilizar a alimentação e a hidratação como marcadores de tempo também ajuda bastante, assim você não esquece de comer e se hidratar corretamente e ainda vai marcando a passagem do tempo.
- Buscar as pulseiras:
A prova é dividida em etapas, faça cada pulseira conquistada ser um “troféu”, a prova não acaba ali, mas busque as pulseiras, uma a uma, e vibre a conquista delas, é sinal de que você avançou mais um passo, esqueça o percurso total, foque-se na próxima pulseira a conquistar!
- Celebrar com as pessoas:
O Ironman pode ser um enorme sofrimento ou uma enorme festa, faça o seu ser uma festa, ainda que recheada de dor, cansaço e uma certa dose de sofrimento. Celebre com as pessoas que estão ao seu lado, cada um tem uma história, cada um tem suas motivações, o IM não é o mesmo para ninguém, mas todos ali são pessoas comuns como você que estão celebrando a saúde, o esporte, a superação e a paixão pelo triathlon , celebre com eles, o IRON só existe por conta de pessoas como você e eles que escolheram passar um domingo juntos fazendo uma prova de 226km!
- Comemorar cada etapa e cada meta vencida durante a prova:
Não guarde a comemoração para o final da maratona, divida a prova em várias etapas e celebre cada uma delas, a primeira volta no mar, a saída da natação, uma transição bem feita, os primeiros 90km na bike, o final da bike, mais uma boa transição, cada pulseira conquistada na maratona, além dos pequenos desafios como uma subida, uma boa média, etc. Comemore durante toda a prova, não guarde tudo para o final, e quando chegar no final, não deixe de fazer uma grande festa!
Gostaram das sugestões do Edu, Marcio, Enzo, Witney, Clodoaldo e Otavio? Espero que sim! Agora a minha grande dica é: foque 100% no PROCESSO e deixe o resultado (tempo) de lado, o resultado será conseqüência de uma prova bem realizada, não pense muito nele durante a prova, pense em como deixar cada um dos 226km percorridos da melhor maneira possível, no seu ritmo, com uma boa técnica, e principalmente com muita alegria e prazer, não existe o km mais importante, todos os 225km 995m são importantes!
Como bem disse o Otavio, estar nessa prova é estar em outro mundo, um mundo onde poucos já fizeram parte, você estará vivendo esse mundo, aproveite e dedique sua energia em aproveitar cada minuto de sua prova!
Espero que tenham gostado das dicas, e que elas possam ajudá-los a fazer um ótimo IM, e se você tem uma boa dica que não foi contemplada nesse post, faça a gentileza de compartilhar conosco, todos agradecem e ganham com isso!
E apenas uma ressalva, embora esteja falando sobre o IM, essas dicas servem para qualquer prova, seja os 5km ou o Ultraman! Meu próximo post será apenas pós-prova, estou certo de que voltarei de Floripa com ótimas recordações e que acompanharei seis provas muito boas!
Minha palavra final antes da prova? Divirtam-se!
*Rafa Dutra é psicólogo e tem como áreas de atuação a clínica, a educação e o esporte. É parceiro da Assessoria Esportiva Enzo Amato e faz a preparação psicológica da equipe “Blog do Amato” para o IRONMAN BRASIL 2011, é parte da equipe de psicólogos do “Espaço da Psicologia”, psicólogo da seleção brasileira de handebol juvenil, dos tenistas da WBT Team Competition e faz parte da atual diretoria da ABRAPESP – Associação Brasileira de Psicologia do Esporte.
Qual ansiedade é a sua?
Por Rafa Dutra*
A ansiedade é fiel companheira do modo de vida atual, muitas pessoas se autodenominam ansiosas, dizem que fazem isso ou aquilo devido à ansiedade, e muitas vezes a ansiedade é colocada como vilã, uma sensação que prejudica nosso cotidiano, seja no esporte, seja no trabalho, na família ou nos relacionamentos de forma geral.
No último encontro que tive com a equipe que está se preparando para o IRONMAN BRASIL 2011, um dos atletas disse: ”Rafa, aquela sensaçãozinha de ansiedade está aumentando, sempre que eu entro no site, vejo a contagem regressiva e percebo que a prova está chegando, a ansiedade aumenta”.
E eu pergunto a vocês leitores: Isso é ruim? Claro que não!
A palavra ansiedade vem do latim, significa ânsia e tem como significado aflição, angústia e desejo ardente. Ela pode chegar ao extremo de ser negativa e desencadear uma patologia, como os transtornos de pânico, fóbico-ansiosos, ansiedade generalizada e outros, o que sem dúvida alguma prejudica demais a vida da pessoa que precisa de um acompanhamento especializado e multidisciplinar para cuidar dessa questão.**
No entanto, quando pensamos a ansiedade de uma forma mais branda, ela ainda assim pode prejudicar; não a esse ponto de desencadear uma patologia, mas de comprometer o desempenho em determinada situação, prejudicar o processo de tomada de decisão e de concentração, desencadear sintomas físicos que prejudicam nossos afazeres, etc.
Quando falamos em ansiedade, falamos em ansiedade-traço (a pessoa que apresenta a ansiedade como traço de personalidade) e ansiedade-estado (a pessoa que vivencia determinada situação que gera um aumento de ansiedade). Além disso, dizemos que a ansiedade pode se manifestar de duas formas: ansiedade cognitiva (manifestada por sintomas psicológicos: preocupação, desconcentração, apreensão, entre outros) e ansiedade somática (manifestada por sintomas físicos: taquicardia, alteração na pressão arterial, sudorese, problemas gastrointestinais, tensão muscular, entre outros).
Mas como saber se o nível de ansiedade que estamos vivenciando é positivo ou negativo?
É mais simples do que parece, a ansiedade está atrelada ao futuro, quando sabemos que vamos enfrentar determinada situação e ficamos ansiosos por não saber qual será nosso desempenho. Isso todos sabem, o que muitos não sabem, ou nunca pararam para pensar é que existe uma correlação entre ansiedade e autoconfiança. Se a ansiedade está maior do que a autoconfiança, podemos caracterizá-la como uma ansiedade negativa, agora se a autoconfiança está maior, podemos afirmar que esta é uma ansiedade positiva!
Afinal, se estou ansioso diante de um evento futuro e minha autoconfiança está baixa eu penso que não conseguirei superar tal desafio, já se minha autoconfiança está alta, acredito que conseguirei ir bem quando a hora chegar!
Dessa forma, a melhor maneira de “diminuir” a ansiedade não é necessariamente trabalhando em cima da ansiedade e seus sintomas, mas principalmente trabalhando para aumentar a autoconfiança. E se a ansiedade está atrelada ao futuro, a autoconfiança está atrelada ao passado, aos treinos realizados, aos desafios vencidos, a história de conquistas e superações de cada atleta.
Com certeza todos ficarão ansiosos (até eu estou! rs…), daqui a pouco entramos em contagem regressiva de apenas um dígito (9,8,7,6,5,4,3,2,1 e o IRONMAN) e essa ansiedade faz parte e é indispensável para que os atletas tentem atingir seus níveis ótimos de ativação, mas vale se perguntar: Qual é a minha ansiedade? Ela está me ajudando ou me atrapalhando? E sem dúvida alguma, fugir um pouco do futuro e focar no passado, trabalhar para aumentar sua autoconfiança.
Quem vai fazer o IRONMAN no próximo dia 29, independente de ser o primeiro ou o décimo, já superou a etapa mais difícil, a preparação, e é justamente essa preparação bem feita e toda a trajetória de conquistas e realizações no esporte que os deixarão bastante autoconfiantes e prontos para fazer a ansiedade estar a favor.
Por fim, não se preocupem com o frio na barriga, sem ele essa prova não teria o menor sentido!
*Rafa Dutra é psicólogo e tem como áreas de atuação a clínica, a educação e o esporte. É parceiro da Assessoria Esportiva Enzo Amato e faz a preparação psicológica da equipe “Blog do Amato” para o IRONMAN BRASIL 2011, é parte da equipe de psicólogos do “Espaço da Psicologia”, psicólogo da seleção brasileira de handebol juvenil, dos tenistas da WBT Team Competition e faz parte da atual diretoria da ABRAPESP – Associação Brasileira de Psicologia do Esporte.
** Informações retiradas do capítulo “IDATE, Ansiedade e Esporte”, de Daniela Ferreira Durante da Silva e Renata Miranda Ianni; do livro “Instrumentos de Avaliação Psicologia em Psicologia do Esporte”, organizado por Luciana Ferreira Angelo e Katia Rubio, da Editora Casa do Psicólogo.
Sonhando para o sucesso
Você tem sonhos regulares? Cuida deles como cuida de sua saúde? Saiba que pessoas sonhadoras são melhores sucedidas que as que não ligam muito para eles.
Os nossos sonhos são as lentes pelas quais enxergamos o futuro. É mantendo o foco nele que construímos a nossa vida. O prêmio dos sonhadores é, quase sempre, o sucesso e já os que não sonham, é invariavelmente a dura realidade de uma vida cheia de atropelos.
Os sonhos nos ajudam a construir e manter o foco nos objetivos aos quais, sem eles, dificilmente chegaremos ao triunfo e conquistaremos aquilo que tanto desejamos. Saiba que não basta sonhar e cruzar os braços a espera de milagres. Para transformá-los em realidade, precisamos trabalhar duro continuamente, de forma inteligente, direcionada e disciplinada. Caso contrário, os sonhos fugirão por entre os dedos assim como água ou areia.
Dê passos concretos, e aja com persistência em direção àquilo que mais deseja. Tenha em mente que os sonhos servem para dizer-lhe para onde devemos ir, já as metas nos mostra como chegaremos lá. O ilustre Zig Ziglar ressalta: “Seja disciplinado em fazer as coisas que você tem de fazê-las quando você precisa fazê-las, e um dia verá o quanto você será capaz de fazer as coisas que você quer fazer quando você deseja fazê-las!”
Não fique a vida toda esperando que o sonho caia do céu. É preciso decidirmos o que mais desejamos da vida e concentrarmos todas as nossas energias para obtê-la. Se é de sonhos que estamos falando, não há razão para almejarmos coisas pequenas. Não tenha medo de ousar e pensar grande para ser grande. Sonhadores ilustres não se contentam com a mediocridade. Eles nunca sonham pela metade e jamais deixam de focarem metas ousadas.
Mas se você não materializou ainda o seu sonho, não se preocupe tanto, nem o abandone tão facilmente, pois pode ser apenas um teste para saber se está pronto para obtê-lo. Tenha muita fé, mantenha a sua mente concentrada nele, busque novos caminhos e logo constatará que, como em um passe de mágica, ele iluminará sua vida. A sabedoria popular ensina que “A preocupação olha em volta, a tristeza olha para trás, a fé olha para cima”.
Lembre-se sempre, do que dizia Chico Xavier: “embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.
Texto de Evaldo Costa
Fonte: HSM Online
Homen de ferro e coração derretido.
Esta crônica foi escrita pelo amigo Edu Coimbra alguns dias depois de ter concluído seu primeiro Ironman ano passado.
Por: José Eduardo Osias Coimbra
No dia 26 de Maio de 2010, a Angela, o Lucca e a Laura partiram para o sul do País rumo ao sonho do Papai, eu, Zé Eduardo, um atleta amador de 42 anos que iniciou no esporte aos 3 anos de idade. Durante todo o trajeto pensava na prova, no desafio, no sonho da linha de chegada. Em alguns momentos partia do banco traseiro do carro um gritinho: “Papai, você está me ouvindo? Estou falando com você!” Graaaande mancada, mais uma bronca.
Chegando em Floripa a ansiedade aumentou, a cidade respirava esporte com 36 países representados, havia mais bikes nas ruas do que carros… Fiquei morrendo de vontade de colocar minha roupa e sair para treinar, sabia que se fizesse um “quebra gelo”, um trotezinho meia boca, eu já me acalmaria. Mas não! Lembrei do meu técnico que me disse várias vezes: “Edu, o descanso é total nos três dias que antecedem a prova, você tem que acumular energia, não se impressione com o treinamento dos outros competidores etc, etc, etc”. Foi difícil, mas consegui ficar parado todos esses dias comendo basicamente macarrão, atum, queijo fresco, e geléia.
Chegou o grande dia. Consegui dormir até às 3 horas da matina, levantei e fui logo fazer a barba… queria sair bonito nas fotos, preparei minha alimentação pré-prova e mais alguns detalhes finais, e às 5 horas em ponto fui ao encontro do meu técnico e colegas. A cidade já estava muito movimentada, faróis de carros nos dois sentidos, agitação total.
Quando o local da largada foi se aproximando, meu coração ficou mais agitado. Iniciamos todo o ritual de troca de roupa e conferência dos últimos detalhes. Os alto-falantes anunciavam a contagem regressiva para a largada… fomos para a praia. Ainda estava escuro. Hino nacional e o anúncio da diretora da prova: “Senhores atletas, dentro de instantes será dada a largada do IRONMAN BRASIL 2010 e, conforme nosso contato com a natureza o Sol acaba de nascer no horizonte bem à nossa frente” Não me contive e fui às lágrimas, não acreditando que aquilo estava acontecendo. Pensei comigo: “Já vi esse filme por repetidas vezes, só que dessa eu estou fazendo parte” Nos abraçamos, amigos e treinador, e choramos. Rezei! Pedi proteção, força, sabedoria e inteligência na condução da minha prova.
Largada dada!!!!! Muita trombada, coices, tapas, etc. A impressão que dava era a de que não havia mar para tanta gente, os primeiros 20 minutos foram de paciência em buscar uma posição mais adequada e ritmo. Meu objetivo era terminar os 3800 metros de natação em 1h:20min. Tive bastante calma, economizei energia e quando sai da água e olhei para o relógio… 1h:09min. Pensei comigo: “Maravilha!!!!! Vamos para a bike! Transição feita, agora são 180km de pedal”.
Em cima da magrela passei 6 horas, pensei em tudo e todos. Ritmo encaixado, frequência cardíaca baixa, começo a cantar, isso mesmo, a cantar literalmente revendo todos os episódios que antecederam a prova. Logo na primeira grande subida comecei a chorar lembrando das pessoas, dos treinos, das grandes subidas pelas quais passei na fase de treinamento, e continuei cantando, chorando e subindo, subindo, subindo sem me cansar… Minhas pernas estavam muito fortes. No final da primeira volta de 90km mais emoção, logo na entrada da cidade estavam lá a Angela, o Lucca e a Laura acenando e gritando: “vai Papai, força!!!! ” Que emoção!!! Meus Pais, Tios, Primos, Irmão, Cunhada, sobrinho e amigos também.
Iniciei a segunda volta de 90km, sem dores e com o espírito renovado pois havia encontrado todos os meus familiares. Hora da concentração e de executar o planejamento que inicialmente previa uma bike um pouco mais forte na segunda metade, já que a primeira tinha como objetivo me dar mais confiança e conhecimento do percurso com seus perigos. Entretanto, nesse momento, mudei minha estratégia, resolvi manter a mesma cadência da primeira volta e terminar o pedal em 6 horas, ou 30km/h de média. Eu precisava economizar energia, nunca havia feito uma maratona após 180km de bike e 3,8km de natação, e fiquei com a convicção de que minha decisão me traria boas surpresas.
Outra transição, troca de roupas e vamos para a maratona, 42km! Lembrei do meu treinador: “Edu, comece devagar, ensinando seu corpo a se acostumar com a troca de modalidade”. E assim foi, 1km, 2km… 6km e eu já estava totalmente adaptado a corrida, não sentia dores, cansaço e meu ritmo estava encaixado de forma surpreendente. Minha confiança aumentava a cada metro e a amplitude das minhas passadas também. Minha velocidade aumentou, comecei a ultrapassar outros competidores, alguns já estavam sofrendo, andando e flexionando o tronco na direção dos joelhos já evidenciando algum cansaço. E eu seguia firme, naquela batidinha, me sentindo cada vez mais forte, tão forte, tão forte, que quando terminei a primeira volta de 21km aconteceu um dos momentos mais emocionantes da prova para mim, depois de beijar a minha Mãe, eu parei, abracei meu Pai demoradamente e chorando disse-lhe, entre outras coisas, ao pé do ouvido: ” PAI… ACABOU, EU SOU UM IRONMAN! “. Mesmo faltando mais duas voltas de 10,5km eu já tinha a certeza que o desafio estava vencido, tamanha era minha confiança, força, fé em Deus e principalmente alegria. Quando deixei a bike eu estava na colocação 959 ( havia exatos 1626 participantes), fiz a corrida e terminei a prova na posição 717. Ultrapassei 242 atletas só na maratona! Muito bacana!
Na última volta de 10,5km a emoção foi plena, chorei quase ela todinha, cumprimentei e agradeci ao público, a gentileza dos voluntários que trabalharam na organização do evento e segui rumo ao pórtico derradeiro.
Já era noite, clarão adiante, faltam 500m: “Cadê a Angela, o Lucca e a Laura, minhas vistas estavam embaçadas, o sacrifício maior foi deles, cadê, cadê, cadê?” Foi então que apareceu na minha frente meu filho Lucca gritando: “Papai, Papai, Papai!!!!” Noooooossssa! Entramos todos juntos na arena e nos abraçamos de joelhos após a linha final. Indescritível a emoção!
O Ironman me fez uma grande revelação, que na verdade acho que já estava no meu coração. Essa prova não foi feita para que os competidores busquem inconsequentemente seus tempos e metas como único fim, ela deve ser contemplada e degustada na mesma proporção em que é bela e mágica, não merecendo ser agredida com a dor e o sofrimento dos atletas.
Fundamentalmente estive lá com este propósito, celebrando a minha saúde e a oportunidade divina de tê-la, a minha paixão pelo esporte e o meu amor pela minha família e amigos. Esse Ironman, de forma muito intensa me possibilitou tudo isso e muito mais. NÓS VENCEMOS! E foi com esse espírito que terminei a prova. As pessoas olhavam para mim com a impressão de que eu ainda não havia passado sequer pela linha de largada.
Fechei meu primeiro Ironman em 11h42min, mas isso pouco me importa, aprendi que o mais importante é o atleta nutrir-se da energia que ele carrega, realizando e concluindo a prova de forma FELIZ.
José Eduardo Osias Coimbra
Onde está seu Everest?
Foram meses de treino e dedicação, e faltando praticamente um mês para meu quinto Ironman, ainda não consigo responder à pergunta que já me fizeram algumas vezes.
Por que fazer um Ironman?
Depois da conquista do Pólo Norte em 1909 e do Pólo Sul em 1911, o Everest tornou-se o desafio mais cobiçado entre os exploradores terrestres. Chegar ao topo, declarou Gunther O. Dyrenfurth, um influente alpinista e cronista das primeiras expedições ao Himalaia, era “uma questão de empenho humano universal, uma causa da qual não há como fugir, sejam quais forem as perdas que exija”.
Os primeiros a tentar o Everest tinham que percorrer, a pé, árduos 640km do platô tibetano para alcançar apenas o sopé da montanha. Naquela época, 1924, apenas o governo tibetano abria suas fronteiras aos estrangeiros, ao contrário do Nepal. O conhecimento dos efeitos mortais de altitudes extremas era mínimo e os equipamentos patéticos para a realidade atual.
Durante um ciclo de palestras nos Estados Unidos, George Mallory foi questionado por um jornalista, por que motivo queria escalar o Everest. A resposta ”porque está lá” é famosa até hoje.
Em junho de 1924 George Mallory e Andrew Irvine deixaram o acampamento base em direção ao topo, subiam com extrema dificuldade, a neblina encobriu a parte superior da pirâmide, impedindo que os companheiros de expedição, mais abaixo na montanha, acompanhassem o progresso dos dois alpinistas, eles não voltaram à barraca naquela noite e nunca mais foram vistos. Desde então a dúvida, se chegaram ao cume ou não, persiste até hoje.
Dia 29 de Maio de 1953, o neozelandês Edmund Hillary e o nepalês Tenzing Norgay conquistaram oficialmente o monte Everest (8848m).
Dia 29 de Maio de 2011, quase dois mil atletas se colocarão a prova num desafio extremo, mesmo para pessoas muito bem treinadas.
A resposta “porque está lá” já é motivo suficiente para os que gostam de se desafiar, mas que para isso também precisam de uma dose de ousadia, meses de comprometimento, dedicação, preparo e força de vontade. No vocabulário dessas pessoas, palavras como, desafio, absurdo, loucura, extremo, vontade, saúde, gratidão, conquista, vida, amor, vigor, disposição, esporte, família…são constantes, tendenciosas e até inspiradoras. Talvez todas elas não consigam responder à pergunta, porque fazer um Ironman, mas mesmo que a resposta não convença, certamente ela faz parte da jornada.
Se o seu Everest é um Ironman ou uma prova de 5km prepare-se com dedicação e prazer e aproveite a jornada, não só a conquista, pois todo o processo faz parte dela.
Parte do texto foi extraída do livro “No ar rarefeito” de Jon Krakauer.