Em março finalizamos a primeira etapa da preparação psicológica com a equipe “Blog do Amato” que irá fazer o IRONMAN 2011 e agora começaremos a trabalhar diferentes temas importantes do preparo mental da equipe para a prova. Nessa primeira etapa dois objetivos eram importantes: conhecer cada um dos atletas e auxiliar no processo de formação do grupo.
Muitos podem se questionar: “formação do grupo?”. Pois é, embora seja uma modalidade individual em que na prova e em grande parte dos treinos o atleta está sozinho, pertencer a um grupo faz toda diferença.
A título de curiosidade, um dos primeiros trabalhos publicados na história da Psicologia do Esporte foi em 1895 nos Estados Unidos, em que Triplett verificou que o rendimento de ciclistas que treinavam em grupo era maior que o rendimento dos ciclistas que treinavam sozinhos.
Para aqueles que já fazem parte do universo da corrida e do triatlhon sabem que os treinos em grupo são comuns, mas uma coisa é treinar em “grupo” (com outros atletas) e outra é se sentir fazendo parte de um grupo.
Nessas primeiras semanas de trabalho foi possível perceber a evolução da relação entre os atletas da nossa equipe, e isso é indispensável, criar o vínculo, a confiança, a competição e os desafios sadios, e principalmente a troca. Uma frase já bem conhecida no mundo do esporte (e também no mundo corporativo) é: “o todo é maior do que a soma das partes”.
Eu não diria que o todo É maior, mas sim que ele PODE SER maior, e um grande desafio tanto para os psicólogos do esporte quanto para os treinadores que coordenam suas equipes é tentar fazer com que o todo efetivamente seja maior que a soma das partes, que na soma das diferenças de personalidade, estilos, desempenhos e objetivos se crie um espaço potencializador do que cada um tem de bom para que todos possam crescer enquanto atleta e enquanto grupo.
Além da questão da identidade que o grupo traz (é comum ver atletas com o nome de sua equipe gravado em suas camisetas desfilando por aí), a motivação, a disciplina, o compromisso com outras pessoas, os desafios que acontecem dentro do próprio grupo e o fato de fazer o que gosta na companhia de pessoas que gostamos faz com que a prática da atividade física seja ainda mais intensa e prazerosa, o que aumenta não apenas o desempenho das pessoas, mas principalmente o prazer em executar tal atividade.
Isso não serve apenas para os atletas profissionais ou atletas que levam a atividade física de forma mais séria do que apenas um hobby (como é o caso dessa equipe que estou trabalhando), mas também para aquelas pessoas que estão pensando em começar a caminhar, correr suas primeiras provas de 5 km, fazer suas primeiras travessias ou os primeiros biatlhons.
Lembrando que quando falamos em grupo, não falamos em 10 pessoas, muitas vezes apenas um parceiro de treino já faz uma enorme diferença. Pode parecer estranho, mas o fato de ter um grupo ou alguém para treinar com a gente faz muita diferença na condição psicológica dos atletas. É claro que isso não é uma regra, existem pessoas que optam por treinar sozinhos, e isso faz bem para elas, mas assim como Triplett verificou há 116 anos, fazer atividade física com outras pessoas deixam as coisas ainda melhores!
Forte Abraço,
Rafa Dutra