98% são amadores no Ironman Brasil, veja outros números.

É muito interessante observar que as mulheres ainda são pouco mais de 11% do total de atletas, as categorias entre 30 e 49 anos tem muito mais atletas que as outras, tanto no feminino quanto no masculino. As futuras gerações também marcam presença, mas se você conhece um senhor ou senhora que faz Ironman, admire-o, aprenda com ele e dê-lhe os parabéns, pois veja como eles são raros.

Os profissionais não chegam a 2% do total de participantes, ou seja, mais de 98% está alí por um desafio pessoal e não para ganhar a prova.

Coletei os números do site da prova dia 27/03/2011, totalizando 1853 atletas, sendo 208 mulheres e 1645 homens. Somos 1319 brasileiros e faltando apenas 62 dias para a prova, tenho certeza que todos estão a todo gás na preparação para fazer um grande espetáculo e celebrar toda a dedicação dos últimos meses para se tornar um Ironman, ou Ironwoman, dia 29/5 em Floripa.

 
 
1
M 15 17
F 18 24
11
16
M 18 24
F 25 29
16
131
M 25 29
F 30 34
37
341
M 30 34
F 35 39
37
380
M 35 39
F 40 44
38
347
M 40 44
F 45 49
24
236
M 45 49
F 50 54
17
109
M 50 54
F 55 59
8
35
M 55 59
F 60 64
3
19
M 60 64
F 65 69
1
10
M 65 69
 
 
2
M 70 74
 
 
1
M 75 79
FE
16 
 17
ME


Treinar em grupo para uma modalidade individual?

Em março finalizamos a primeira etapa da preparação psicológica com a equipe “Blog do Amato” que irá fazer o IRONMAN 2011 e agora começaremos a trabalhar diferentes temas importantes do preparo mental da equipe para a prova. Nessa primeira etapa dois objetivos eram importantes: conhecer cada um dos atletas e auxiliar no processo de formação do grupo.

Muitos podem se questionar: “formação do grupo?”. Pois é, embora seja uma modalidade individual em que na prova e em grande parte dos treinos o atleta está sozinho, pertencer a um grupo faz toda diferença.

A título de curiosidade, um dos primeiros trabalhos publicados na história da Psicologia do Esporte foi em 1895 nos Estados Unidos, em que Triplett verificou que o rendimento de ciclistas que treinavam em grupo era maior que o rendimento dos ciclistas que treinavam sozinhos.

Para aqueles que já fazem parte do universo da corrida e do triatlhon sabem que os treinos em grupo são comuns, mas uma coisa é treinar em “grupo” (com outros atletas) e outra é se sentir fazendo parte de um grupo.

Nessas primeiras semanas de trabalho foi possível perceber a evolução da relação entre os atletas da nossa equipe, e isso é indispensável, criar o vínculo, a confiança, a competição e os desafios sadios, e principalmente a troca. Uma frase já bem conhecida no mundo do esporte (e também no mundo corporativo) é:o todo é maior do que a soma das partes”. 

Eu não diria que o todo É maior, mas sim que ele PODE SER maior, e um grande desafio tanto para os psicólogos do esporte quanto para os treinadores que coordenam suas equipes é tentar fazer com que o todo efetivamente seja maior que a soma das partes, que na soma das diferenças de personalidade, estilos, desempenhos e objetivos se crie um espaço potencializador do que cada um tem de bom para que todos possam crescer enquanto atleta e enquanto grupo.

Além da questão da identidade que o grupo traz (é comum ver atletas com o nome de sua equipe gravado em suas camisetas desfilando por aí), a motivação, a disciplina, o compromisso com outras pessoas, os desafios que acontecem dentro do próprio grupo e o fato de fazer o que gosta na companhia de pessoas que gostamos faz com que a prática da atividade física seja ainda mais intensa e prazerosa, o que aumenta não apenas o desempenho das pessoas, mas principalmente o prazer em executar tal atividade.

Isso não serve apenas para os atletas profissionais ou atletas que levam a atividade física de forma mais séria do que apenas um hobby (como é o caso dessa equipe que estou trabalhando), mas também para aquelas pessoas que estão pensando em começar a caminhar, correr suas primeiras provas de 5 km, fazer suas primeiras travessias ou os primeiros biatlhons.

Lembrando que quando falamos em grupo, não falamos em 10 pessoas, muitas vezes apenas um parceiro de treino já faz uma enorme diferença. Pode parecer estranho, mas o fato de ter um grupo ou alguém para treinar com a gente faz muita diferença na condição psicológica dos atletas. É claro que isso não é uma regra, existem pessoas que optam por treinar sozinhos, e isso faz bem para elas, mas assim como Triplett verificou há 116 anos, fazer atividade física com outras pessoas deixam as coisas ainda melhores!

Forte Abraço,

Rafa Dutra


5h30 bike e 31km corrida. 19 e 20/3.

Mais um fim de semana se passou, faltam 70 dias para o Ironman e o grupo já está adaptado a pedalar 150km e correr 30km. Temos tempo de sobra para fazer alguns treinos de 180km na bicicleta e um de 35km de corrida.

Os treinos deste final de semana me deixaram muito contente e todos estão cada vez mais confiantes que podem fazer uma boa prova.

Sábado o grupo era de 9 ciclistas, saímos preparados e carregados para só retornar depois de 5 horas de treino, saímos de São Caetano, pegamos o rodoanel depois Imigrantes onde uma chuva forte nos surpreendeu, molhando a pista e emporcalhando as magrelas e as roupas. Acabamos fazendo 5h30 para compensar o tempo das 2 trocas de pneus e algumas paradas para reunir o grupo, já que temos ritmos diferentes. Totalizamos por volta de 154km.

Domingo éramos 6, todos estavamos preparados psicológicamente para encarar 3 horas de corrida em ritmo confortável para correr em média 30km. Saímos de São Caetano, passamos por Santo André, paramos num parque em São Bernardo para reabastecer as garrafinhas d’água e voltamos. Completamos 31km mantendo sempre o mesmo ritmo e jogando conversa fora.

Mais um fim de semana se passou, estamos mais resistentes e agora é hora de descansar, o corpo precisa se recuperar e acumular energia para que o próximo treino seja melhor que o anterior.


160 a 180km de bike, o que comemos!

Esta semana o grupo que vai para o Ironman fez o primeiro treino realmente longo, pedalamos 160km e acabamos levando praticamente 6 horas para isso, pois tivemos alguns pneus furados no caminho o que nos atrasou um pouco.

Se nós ficássemos 6 horas deitados no sofá, equivalente a assistir 3 filmes, sentiríamos fome em algum momento, ou até mais de um, imagina pedalar esse tempo todo.

Um dos nossos colegas, o Witney, marinheiro de primeira viagem no Ironman, levou pouquíssima comida e tentou segurar o quanto pode sem pedir nada, o grupo só percebeu que ele havia levado alimento insuficiente quando não conseguia mais nos acompanhar, mesmo com o grupo reduzindo o ritmo ele sobrava, já estava “pregado de fome”.

O que mais me chamou a atenção, e são esses detalhes que tornam nosso grupo unido e forte, foi o diálogo entre Eduardo e Witney, depois de terminado o treino, cada um em suas casas, o Edu escreveu um verdadeiro passo a passo via email. Fiz questão de colocar na íntegra, pois além da crítica construtiva para o Witney, mostra o grau de dedicação, organização, conhecimento do próprio corpo e cuidado com o colega, além de dicas muito úteis para qualquer atleta.

Edu escreve:
Grande Witney!

Belo treino hoje! Nossa confiança vai aumentando dia-a-dia.

Bom, vamos lá… Abaixo minha “dieta” para treinos e provas longas:

1- massa

2- malto

3- isotônico

4- água

5- salmoura – 5g de sal

6- dois lanches de pão de forma com queijo brando e geléia cortados em 4 e embrulhados no alumínio, quadradinho por quadradinho.

7- duas ou três bananas

8- quatro bananinhas passa

9- para treinos de 160km ou mais: 3 batatas pequenas cozidas apenas “al dente” partidas ao meio, bem salgadas e também embrulhadas no alumínio.

Ufa, parece pouco? Não! Volto sem nada como hoje. Lembre-se que você vai começar uma maratona, tem que estar alimentado. Na bike a frequência cardíaca média é menor o que facilita a digestão dos alimentos, é na bike que você vai garatir boa parte  da quantidade de alimentos para a maratona. Mesmo que nos treinos nós não corramos após a bike, não importa! O importante é ensinarmos nosso corpo a armazenar e metabolizar parte dos insumos necessários para a corrida ainda na magrela.

Semana que vem vou conferir seus suprimentos!!!!!!!! Rs rs rs rs rs rs.

Tô enviando cópia desse e-mail para o Coach, se eu falei alguma besteira gostaria que ele me corrigisse.

Forte abraço!
 
Witney escreve:
 – Edu, como vai?Blz?

Aonde e como levar tudo isto no dia da prova?
 
Edu escreve:
“Facimmmm” “facimmmmm”
No dia da prova teremos o “Special needs “, postos avançados de suprimentos. Serão dois: um no meio da distância da Bike e outro no meio da distância da corrida. Ficou fácil… te explicamos depois.
Nos nossos treinos o malabarismo é maior. Vamos lá:
-Uma garrafinha de massa no suporte do quadro
-Uma garrafinha de malto no suporte do lado direito do selim
-Uma garrafinha de água no suporte esquerdo do selim
-Salmoura na garrafinha do guidom
-Um isotônico (gatorade) no bolso central da camisa junto com as quatro bananinhas passa ( essas entram primeiro no bolso e a garrafinha vem por cima )
-Duas ou três bananas no bolso direito da camisa
-Oito quadradinhos de sanduba no bolso esquerdo ( fica meio apertado, mas dá)
-Um sanduba inteiro pra comer meia hora antes de subir na bike.
-Quando o treino for maior do que 160km, temos que arrumar lugar para duas batatas médias, costumo levá-las junto com as duas bananas no bolso direito.
Viu como é que deu???????
Agora é com você, converse com a Vanessa, veja o que você tem que tirar por não ter se adaptado, veja o que vc precisa colocar ( algo que te agrade mais: bolacha, saquinho de carbohidrato, barra de cereais, etc )
Ah, outra dica: se vc deixar pra fazer tudo isso na manhã do treino, sinto te dizer merrrrmão, mas vc vai ficar para trás… Prepare tudo na sexta-feira, todas as garrafinhas cheias na geladeira junto com os sandubas já cortadinhos e embrulhadinhos no alumínio. Demoro próximo de 1,5h nessa peleja.
Mais dicas é só perguntar.

Lembro que a dieta de cada um do grupo é supervisionada por nossa nutricionista, a Vanessa, e que cada atleta tem a sua preferência no cardápio.

O Witney depois do treino de sábado, comeu, bebeu e descansou. No domingo fez as 2h30min de corrida que estava prevista, no ritmo certo, sem problemas e confiante para seu primeiro Ironman dia 29/5.


160km bike, 24km corrida. 12 e 13/3.

O fim de semana dos dias 12 e 13/3 foi o primeiro onde os atletas puderam enxergar a luz no fim do túnel. Até agora nossos treinos eram longos, se comparados ao que considerávamos normal, e agora há exatamente 2 meses e meio da prova fizemos 2 treinos que nos animaram muito e nos encheram de confiança, comprovando o esforço e dedicação de todos até agora.

Sábado pedalamos no Rodoanel, Imigrantes e interligação com garoa constante, pista molhada, roupa e bike irreconhecíveis de tanta sujeira. Nossa equipe criou um código de conduta, sem que precisasse ser dito, mas que sempre acontece, quando o pneu de alguém fura todos esperam o reparo. Nesse dia estávamos num grupo de 8 pessoas e 4 pneus furaram. Quando isso acontece o corpo esfria e perdemos cerca de 10 a 15 minutos para voltar a pedalar, temos que aquecer novamente, a sensação não é tão boa, mas é algo que pode acontecer no dia da prova. O fato de parar por alguns minutos não prejudica o treino longo, e nessas situaçãoes, fortalece o grupo, pois todos sabem que podem contar uns com os outros.

Domingo estava previsto uma corrida entre 2 horas e 2h15 num ritmo mais confortável do que o pretendido no dia da prova. A princípio pensei que seria um treino sofrido, pois não estávamos adaptados à distância que fizemos no sábado, mas mesmo assim terminamos o treino muito bem e confiantes, no mesmo ritmo que começamos e dentro do previsto.

Parabéns a todos.


Não economiza não!!!

É comum entre as pessoas que praticam triathlon, achar que devem ir devagar na natação e no ciclismo para terminar bem uma prova.

Dentre as 3 modalidades do triathlon, uma pode ser muito desafiadora para uns e nem um pouco para outros, mesmo assim meu discurso é o mesmo. A não ser que seja seu primeiro triathlon digo para todos que conheço para que façam cada modalidade no seu limite, muito próximo das sensações e ritmos que você testou nos treinos. Não adianta ir mais devagar na natação ou na bike achando que isso fará você correr mais rápido ou chegar mais longe, você conseguirá correr dentro dos limites ou distâncias que correu nos treinos e assim funciona para as 3 modalidades. Digo para que durante os treinos guiem-se pela percepção de esforço que cada um suporta em cada modalidade e que façam o mesmo durante a prova princial.

No meu primeiro Ironman fiz uma preparação completamente equivocada, que não tenho vergonha de dizer porque hoje sei exatamente o que estou fazendo. Meus treinos de bike não passavam de 100km, por vários motivos além da falta de experiência nesse tipo de prova, dá pra imaginar que durante o ciclismo de 180km, paguei todos os pecados logo após os 100km, em qualquer descida eu parava de pedalar e deixava a bike me levar, fiz a segunda metade do ciclismo 50min mais lento que a primeira, completamente esgotado querendo que tudo aquilo acabasse. Com esse cenário você imaginaria que toda a matarona que ainda estava por vir seria uma tortura, mas não, larguei a bike quase chorando e cheio de dores e começei a correr como se nada tivesse acontecido, segui meu ritmo e fui muito bem por quase 30km, nessa hora quebrei novamente por motivos (óbvios hoje) de treinamento incorreto, mas ficou claro que eu fiz na prova o que vinha fazendo nos treinos em cada modalidade.

O que quero deixar claro é que se você é um bom nadador ou bom ciclista, não adianta ir devagar nessas modalidades pensando que isso vai te levar mais longe na corrida. Faça seu melhor em cada um, lógico, sabendo que está numa prova de triathlon e não numa só de natação ou só de ciclismo. Você só não sairá para correr inteiro se tiver alguma lesão.

Muita coisa só a experiência vai te ensinar.

– Não economiza não!!! – essa frase que usamos até hoje, é de um amigo, Liminha, que também já fez Ironman, e que caiu como uma luva para esse texto.


Números de Fevereiro, faltando 89 dias.

 No fim de Fevereiro estávamos a 89 dias do Ironman e a cada semana percebo o pessoal cada vez melhor fisicamente, aos poucos, com os treinos longos, eles ganharão confiança e certamente eles e eu faremos uma bela prova. O que acho interessante é que todos nós estamos resistentes e com um volume pequeno de treino, se observarmos por exemplo o total de kms na corrida chegaremos a uma média de 30km por semana.

Depois de um mês de treinos, os números do mês de Fevereiro de alguns atletas do grupo ficaram assim, em quilômetros.

                     Natação    Bike     Corrida

Enzo            12.2           595        100

Marcio        24.5           505        89

Otavio         8.5             652        106.5

Clodoaldo  28             640        120

Ainda faltam 3 meses para o Ironman e esse volume vai aumentar um pouco, mas não tanto quanto ao que estamos acostumados a ouvir de corredores, e mesmo assim completaremos uma maratona depois de nadar 3.8km e pedalar 180km.

Aguarde pelos números de Março.